Oficial explica acordos feitos pela PM em Belo
Horizonte
O chefe do Estado Maior do Comando de Policiamento
da Capital, tenente-coronel Rogério Andrade, negou que a Polícia
Militar (PM) receba vantagens ou qualquer tipo de favor de
empresários para dar proteção especial a postos de gasolina e outros
estabelecimentos comerciais, como farmácias, padarias e
supermercados.
O oficial esteve, nesta segunda-feira (26/05/08) na
Assembléia Legislativa de Minas Gerais, onde participou de reunião
da Comissão de Segurança Pública, com o objetivo de esclarecer aos
parlamentares o funcionamento da Operação São Cristóvão, em Belo
Horizonte.
O autor do requerimento que deu origem ao encontro,
deputado Sargento Rodrigues (PDT), quis saber mais detalhes sobre o
projeto, que mantém uma base da Polícia Militar em postos de
gasolina da Capital.
Segundo ele, não estão claros os critérios usados
pela instituição e a legalidade da iniciativa. "Precisamos saber até
que ponto o interesse público está sendo levado em conta. A
sociedade clama por segurança. É natural que qualquer cidadão queira
também fazer um acordo com a PM para tê-la mais próximo de sua
casa", exemplificou.
O tenente-coronel Rogério Andrade explicou que a
Operação São Cristóvão não visa a atender ao segmento específico dos
postos de gasolina. Segundo ele, é um plano muito maior que abrange
também a proteção de taxistas, ônibus e até da comunidade. "Depois
de um criterioso estudo prévio, 36 postos de Belo Horizonte
receberam um ponto de apoio da PM, que oferece infra-estrutura
mínima para o policial trabalhar. Nesses locais, podem ser
registradas as ocorrências, evitando o deslocamento de viaturas a
locais mais distantes, mantendo-as mais tempo no bairro", explicou.
O militar disse que os resultados foram positivos
e, desde o início da operação, já houve redução de 10,8% de
ocorrências envolvendo taxistas; 7,1% com postos de gasolina e 46%
com coletivos. "É um modelo racional e descentralizador, que mantém
a polícia mais perto da população, e não a serviço de um
estabelecimento comercial apenas. Não há qualquer tipo de repasse
financeiro. Os pontos de apoio têm sido úteis até para a Polícia
Rodoviária Estadual", acrescentou.
Drogarias - Com fotos
tiradas por sua assessoria, o deputado Sargento Rodrigues questionou
ainda a presença da PM no Carrefour da Pampulha e em lojas da
Drogaria Araújo, onde existem até marcações de vagas privativas para
viaturas policiais, e em frente ao Uni-BH. "É uma situação
preocupante, pois outros empresários podem querer, com toda a razão,
tratamento semelhante", afirmou.
O oficial explicou que não existe nenhum acordou ou
convênio com a Araújo e que as vagas foram demarcadas por iniciativa
da própria rede de farmácias. "Há segmentos como padarias, farmácias
e mercearias que são alvos recorrentes de assaltos, o que nos
preocupa. Por isso, já fizemos algumas reuniões com empresários do
setor em busca de soluções. Em relação ao Uni-BH, o atual posto é
provisório e já está de mudança para outro local mais adequado. Foi
apenas uma questão de locação", informou.
Para o deputado Sargento Rodrigues, a farmácia não
deveria usar a logomarca da Polícia Militar, e a presença da
instituição dentro do Carrefour é contrária ao interesse público,
pois não atende a comunidade.
TCEMG - O secretário-geral
do Tribunal de Contas (TCEMG), Marconi Augusto Braga, disse que o
órgão está à disposição para ajudar na verificação da regularidade
das operações. "O trabalho do TCEMG envolve o controle, que inclui
orientação, fiscalização e punição", explicou.
Presenças - Deputado
Sargento Rodrigues (PDT), presidente da comissão.
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