Funcionários da MGS reclamam das condições de trabalho

A criação de uma ouvidoria para os trabalhadores da MGS foi prometida pelo assessor jurídico Helter Verçosa Morato, q...

21/05/2008 - 00:00
 

Funcionários da MGS reclamam das condições de trabalho

A criação de uma ouvidoria para os trabalhadores da MGS foi prometida pelo assessor jurídico Helter Verçosa Morato, que representou a empresa durante audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (21/5/08). A promessa surgiu depois que a ouvidoria foi sugerida nos encaminhamentos dos deputados Lafayette de Andrada (PSDB), que presidiu a reunião, e Carlin Moura (PCdoB), que solicitou a audiência.

Inicialmente convocada para debater a decisão da diretoria da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) de não substituir funcionários da limpeza nos casos de férias, faltas e licenças, a audiência serviu também para a acolhida de uma série de denúncias relativas às condições de trabalho dos funcionários da MGS, que é uma empresa pública de direito privado, vinculada à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão. Centenas de pessoas lotaram o local da reunião.

Além de relatarem precárias condições de trabalho naquela unidade de saúde, os funcionários da MGS apresentaram várias reclamações. Entre elas, denúncias de demissões arbitrárias, assédio moral, péssimas condições no local onde ficam os funcionários do quadro de apoio operacional, contratações sem processo seletivo e a falta de plano de carreira.

Uma das principais reclamações é a demissão sem justa causa. Durante o debate, uma funcionária disse ter sido desligada da empresa sem motivo e sem ter passado pela comissão de avaliação de dispensa, o que deveria ter ocorrido, segundo o deputado Carlin Moura. Outro caso citado foi o de outra funcionária que, ameaçada de demissão, afirmou que só sairia se o cargo estivesse sendo extinto. "Estou até hoje empregada lá", afirmou.

De acordo com um dos representantes do Sindicato dos Trabalhadores da MGS, Marcelo Godolin, muitos funcionários trabalham em desvio de função. O garçom Felipe Fernando Oliveira relatou que se recusou a desviar de função e que só não foi demitido porque demonstrou conhecer seus direitos. Ele também denunciou que existem muitos casos de assédio sexual e de discriminação por conta da orientação sexual.

O sindicato ainda não é reconhecido, mas, segundo o promotor do Ministério Público do Trabalho, Arlélio Lage, mesmo sendo uma associação de funcionários, eles têm todo o direito de reivindicar seus direitos. O promotor participou apenas do início da reunião e se disse surpreso com as denúncias. "Isso não chegou até nós. É a primeira vez que tenho contato com esse tipo de denúncia sobre a empresa", falou. Lage salientou a necessidade de denúncia de qualquer caso contra o bem-estar do trabalhador e afirmou que vai investigar a situação e apresentar relato aos deputados.

Visita aos locais de trabalho e comissão para intermediar diálogo com empresa

O deputado Carlin Moura afirmou que, além de solicitar o envio das notas taquigráficas da reunião para o Ministério Público do Trabalho e para a diretoria da MGS, também pedirá a realização de uma visita aos locais apontados pelos funcionários, como o espaço físico onde ficam as pessoas esperando para serem realocadas, o chamado Quadro de Apoio Operacional, que, segundo depoimentos, não apresenta condições para abrigar os funcionários.

"As relações de trabalho precisam ser aperfeiçoadas sempre. Temos muito ainda a fazer, mas é certo que o governo tem se esforçado para aprimorar a legislação trabalhista no Estado", disse o deputado Lafayette de Andrada. Carlin Moura questionou a atuação do governo no caso. "Que avanços são esses se não se avança na melhoria das condições dos trabalhadores? Se eles não são o centro do projeto político do Estado, não há avanço", protestou.

O diretor de planejamento, gestão e finanças da Fhemig, Ricardo Luiz Barbosa Guimarães, se disse surpreso com as denúncias, pois foi chamado para debater a denúncia sobre a falta de substituições de funcionários. "A Fhemig tem um programa de humanização em que todos os interessados, seja servidor, terceirizado, e até parente de pacientes podem participar", falou. Helter Morato, da MGS, afirmou que a empresa tem interesse em investigar os casos relatados. Chamou a atenção, entre os vários depoimentos, o de duas mulheres que, apesar de contratadas para fazer serviços gerais, atuam como auxiliares de laboratório, inclusive sem receber salário adicional.

O funcionários também afirmaram ser alvo de discriminação nas empresas onde trabalham. Lotado na Copasa, um trabalhador relatou que "um cachorro no pátio da Copasa vale mais que um funcionário da MGS". Eles alegam que servidores públicos afirmam que empregados da MGS tomam o lugar que poderia ser de um concursado. Também reclamam que recebem salários menores para desempenhar as mesmas funções de servidores estaduais. O garçom Felipe Oliveira pediu clareza no balanço da empresa. "Nunca vi um balanço geral da empresa, e peço que a MGS passe por uma fiscalização", cobrou.

Presenças - Deputadas Rosângela Reis (PV), presidente; Elisa Costa (PT), vice-presidente; e deputados Lafayette de Andrada (PSDB) e Carlin Moura (PCdoB). Também participaram da reunião a gerente de logística da Fhemig, Cecília Loregian; o assessor jurídico da MGS, Jefferson Calixto de Oliveira; e os vigias da MGS Maria das Graças da Silva Lourenço e Renato André dos Reis.

 

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