Polícias negam irregularidades em convênios com prefeituras

De acordo com representantes das polícias Civil e Militar de Minas Gerais, os convênios existentes entre as corporaçõ...

20/05/2008 - 00:00
 

Polícias negam irregularidades em convênios com prefeituras

De acordo com representantes das polícias Civil e Militar de Minas Gerais, os convênios existentes entre as corporações e as prefeituras do Estado, para cessão de servidores e repasse de verbas, estão todos dentro dos princípios legais e não se pode dizer que haja prejuízo ou sobrecarga para os municípios. O assunto foi tema de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa desta terça-feira (20/05/08). O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), e deputado João Leite (PSDB) solicitaram a reunião após terem recebido reclamações de prefeitos.

Outra denúncia levada à comissão é de que funcionários cedidos pelas prefeituras estariam utilizando armas e carteiras de policial, indevidamente, no desempenho de suas funções. Segundo o major Alexandre Felizardo Ribeiro, que falou em nome do comandante-geral da Polícia Militar, não chegou ao comando nenhum caso de uso irregular de armas ou carteiras.

O Representante da Polícia Civil, Nelson Constantino Silva Filho, disse que os casos, se houver, devem ser levados à Corregedoria, pois configuram crime. "Se a pessoa não tem porte de arma, isso é crime, de acordo com o Estatuto do Desarmamento, não há dúvida", afirmou.

Ainda de acordo com Nelson Constantino, os servidores das prefeituras são cedidos, na maioria das vezes, para serviços administrativos e de limpeza, além de trabalharem na emissão de carteiras de identidade. Segundo ele, a figura do carcereiro ad hoc, função exercida por funcionários dos municípios, muito comum nas cadeias e penitenciárias do interior, está praticamente extinta, depois que o Executivo autorizou a contratação de mil novos agentes penitenciários.

O major Alexandre Felizardo Ribeiro confirmou que hoje 65% dos municípios têm convênios com a Polícia Militar. Ele afirmou, no entanto, que os convênios são instrumentos jurídicos, feitos de acordo com o interesse público e a Lei de Responsabilidade Fiscal, que já foram objeto de consulta ao Tribunal de Contas de Minas Gerais. O major leu para os deputados trecho de parecer favorável do conselheiro Antônio Carlos Andrada, para demonstrar que não há prejuízo para as prefeituras. "Os entes são livres para pactuar. Não se pode dizer que haja abuso ou sobrecarga", afirmou.

Deputado defende fundo estadual de segurança

Após ouvir as explicações dos representantes das polícias, o deputado Durval Ângelo defendeu a criação, em Minas, de um fundo estadual de segurança pública, que permitisse a destinação de um percentual fixo para investimento nessa área. Na opinião dele, outra saída, para não onerar ainda mais os municípios, seria aplicar na segurança um modelo de gestão semelhante ao SUS. "O ideal seria termos uma gestão compartilhada, para substituir a figura desses convênios", concluiu.

O deputado Ronaldo Magalhães (PSDB), que foi prefeito de Itabira, confirmou que a cessão de funcionários, instalações físicas e de veículos é normal, mas disse que isso vem diminuindo nos últimos anos, uma vez que o Estado hoje está mais bem equipado do que há algumas décadas.

Sobre as denúncias de uso indevido de armas, o presidente da comissão, deputado Durval Ângelo, defendeu que qualquer servidor de prefeitura que seja pego usando arma deve ser afastado imediatamente da função, assim como o delegado ou policial que ceder o equipamento a outra pessoa que não tenha permissão para uso de armamento.

Fhemig - Na segunda fase da reunião, os deputados ouviram funcionários contratados da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) ameaçados de demissão. Eles reivindicam o mesmo tratamento dado aos contratados da Secretaria da Educação, recentemente incorporados aos quadros do Estado por meio da Lei Complementar 100, de 2007.

Eles vieram pedir ajuda da comissão, mas foram informados pelo deputado Durval Ângelo que a superintendência da Fhemig está sendo pressionada pelo Ministério Público a demitir porque a Constituição Federal determina que o ingresso no serviço público se dê apenas por concurso público. "Queremos ajudar, mas não quero vender ilusão para os funcionários", afirmou. Segundo Durval, o Ministério Público já entrou com ação contra a efetivação da Educação, e 125 defensores públicos contratados foram demitidos na últimas semana.

Requerimentos - Foram aprovados oito requerimentos, três deles para realização de audiências públicas. O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) pede audiência em Pouso Alegre, para debater questões relativas às perícias realizadas pelo INSS na cidade; o deputado Durval Ângelo solicita audiência conjunta com a Comissão de Saúde, para discutir a situação das pessoas portadoras de hipertensão arterial pulmonar. Outra reunião deverá ser realizada, a requerimento do mesmo deputado, para esclarecer a situação do ex-superintendente-geral da Fhemig, Francisco de Assis Machado. Ele estaria sendo alvo de mais de 300 processos na Justiça, por causa de atos assinados durante sua gestão no órgão.

Outros requerimentos aprovados foram:

* dois do deputado Carlin Moura (PCdoB), para que a comissão encaminhe pedido de providências sobre o desaparecimento de José Wilson Marcelino, no município de Ipabinha; e sobre denúncia encaminhada pelo Promotor de Justiça Nívio Leandro Previato, a respeito do trabalho da Polícia Civil em Santa Rita de Caldas;

* do deputado Luiz Tadeu Leite (PMDB), para que sejam encaminhadas ao Ministério Público as notas taquigráficas da reunião realizada em 15 de maio deste ano, para apuração de denúncias contra a Fumec. O mesmo deputado pede envio de ofício ao Procurador-geral de Justiça encaminhando denúncias contra o promotor Rodrigo Otávio e Silva, de Belo Horizonte;

* do deputado Durval Ângelo, solicitando visita da comissão ao Centro Educacional de Internação Provisória (Ceip) do bairro Dom Bosco, em Belo Horizonte, para averiguar denúncias de maus tratos, superlotação e submissão dos internos a condições insalubres e desumanas.

Presenças - deputados Durval Ângelo (PT), presidente; João Leite (PSDB); e Ronaldo Magalhães (PSDB)

 

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