Rota Imperial da Estrada Real une Minas e Espírito Santo

Um debate na Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta terça-feira (20/5/08) contribuiu para divulgar uma idéia qu...

20/05/2008 - 00:03
 

Rota Imperial da Estrada Real une Minas e Espírito Santo

Um debate na Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta terça-feira (20/5/08) contribuiu para divulgar uma idéia que tem unido mineiros e capixabas: a concretização da Rota Imperial da Estrada Real - a Estrada São Pedro D'Alcântara. Construída no século 19 para ligar Minas ao Espírito Santo, a estrada pode ser alavanca para o desenvolvimento turístico dos dois Estados. Na reunião da Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo, com 11 convidados, governos, empresários, especialistas e políticos destacaram a oportunidade da idéia, mas também o desafio que é concretizar a inclusão da Rota Imperial no Circuito Estrada Real.

Percurso - Segundo dados da Assembléia Legislativa do Espírito Santo, a Rota Imperial teria cerca de 140 km, abrangendo oito municípios na região das montanhas capixabas e da imigração alemã, italiana, suíça, austríaca e polonesa: Santa Leopoldina, Viana, Domingos Martins, Venda Nova do Imigrante, Conceição do Castelo, Muniz Freire, Ibitirama e Iúna. Com 1,6 mil km, o Circuito Estrada Real, mesclando natureza, cultura e arte, é um dos principais projetos turísticos do Governo de Minas, sendo coordenado hoje pelo Instituto Estrada Real, com o apoio da Fiemg, a federação das indústrias. A Estrada Real é o grande símbolo do ciclo do ouro do século 18. Já a Rota Imperial, apontada como "irmã caçula" daquela, foi construída no século 19.

Autora do requerimento da reunião, a deputada Cecília Ferramenta (PT) sugeriu que seja criada a Frente Parlamentar Interestadual da Estrada Real, a fim de reforçar a sustentação política do projeto. Essa frente iria incorporar também Rio de Janeiro e São Paulo, que integram o circuito. "A integração do Espírito Santo à Estrada Real é uma proposta ousada e, a princípio, nos parece benéfica para ambos os Estados", destacou, no requerimento.

A parlamentar pediu o debate desta terça (20) por sugestão da vice-presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo, Luzia Toledo, defensora da Rota Imperial e presente ao encontro. Do Espírito Santo vieram também o secretário de Estado de Turismo, Marcus Antônio Vicente, e o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) João Eurípedes Franklin Leal, que expôs levantamento histórico, com dados documentais e cartográficos, que comprovam a ligação entre Minas e Espírito Santo no século 19.

Em entrevista à imprensa, o diretor-geral do Instituto Estrada Real, Baques Vladimir Carvalho Sanna, lembrou que agora é preciso percorrer um caminho para concretizar a Rota Imperial da Estrada Real. Esse percurso inclui troca de informações e de estudos entre governos, negociações empresariais e acertos técnicos. Ele prevê que o novo roteiro turístico esteja viabilizado no segundo semestre de 2008. O presidente do Conselho do Instituto Estrada Real, professor Eberhard Hans Aichinger, também em entrevista, destacou o comprometimento dos diversos atores envolvidos e avaliou a necessidade de se "trabalhar em campo" para que a Rota Imperial efetivamente aconteça.

Nova reunião - O debate iniciado nesta terça na ALMG vai prosseguir em agosto, na Assembléia capixaba. Por sugestão do presidente, deputado Vanderlei Miranda (PMDB), acatada pela deputada Luzia Toledo, as comissões de Turismo das duas Assembléias vão se reunir novamente. Na avaliação de Miranda, o encontro desta terça (20) foi "histórico". A deputada capixaba reforçou a importância do evento: "Nosso filho está nascendo e fico feliz, pois está nascendo em Minas", disse, referindo-se à Rota Imperial.

Instituto Estrada Real e Secretaria de Turismo apontam desafios para concretizar idéia

Os representantes do Instituto Estrada Real e da Secretaria de Turismo de Minas enfatizaram os desafios na tarefa de concretizar a Rota Imperial. O professor Eberhard Aichinger, designado pela Fiemg consultor do projeto, enumerou ações para o resgate da Estrada São Pedro D'Alcântara: a pesquisa cartográfica; o georeferenciamento em bases atuais; a identificação dos municípios integrantes da rota; os bens naturais e culturais protegidos. O programa de ação precisará abranger demarcação da estrada; sinalização rodoviária; criação de núcleos temáticos regionais, como o da imigração; e implementação da rede da cadeia produtiva do caminho no turismo.

Tanto Aichinger quanto a superintendente de Fomento e Desenvolvimento do Turismo da Secretaria, Jussara Rocha, enfatizaram que é essencial viabilizar parcerias com o segmento produtivo e empresarial, entre outros, e envolver os atores locais. "É preciso que as comunidades tenham o sentimento de pertencer à rota e se integrem ao destino turístico", disse ela. O professor destacou outras tarefas: levantamento da infra-estrutura turística; articulação dos gestores públicos municipais e locais; envolvimento das lideranças políticas, empresariais, comunitárias, do trade turístico e produtores culturais.

Mauro Werkema, assessor especial da Secretaria, também enfatizou a necessidade de focar as parcerias locais, visando à qualificação de produtos e destinos ao longo da Rota Imperial. O consultor do projeto Patrimônio Mundial da Estrada Real, Américo Antunes, reforçou o entendimento de que o desafio é transformar a rota do século 19 em roteiro turístico potencial.

Entusiasmo capixaba - O secretário de Turismo do Espírito Santo, Marcus Antônio Vicente, destacou as belezas da Rota Imperial, com ênfase no agroturismo das montanhas capixabas e nas cidades de Domingos Martins e Venda Nova do Imigrante. Disse que parceiros como a Findes, federação das indústrias, e o Sebrae estão, a exemplo do Executivo estadual, empenhados em viabilizar o novo destino turístico.

O Espírito Santo também estava representado na reunião por Eriberto Simões, gerente de Marketing da Findes; por Rui Dias, diretor do Sebrae; e por Márcio Zouain, da Escola do Legislativo da Assembléia capixaba.

Professor expõe levantamento histórico

Convidados e parlamentares ouviram, no início da reunião, o professor João Eurípedes Franklin Leal, da UFRJ, que mostrou levantamento histórico que comprovaria a vinculação do Espírito Santo com as minas de ouro de Mariana e Ouro Preto. O estudo teve como base documentos constantes do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, e material cartográfico do Arquivo Público do Espírito Santo.

De acordo com o professor Franklin Leal, o Espírito Santo no século 18 era considerado área de proteção das minas de ouro - "a barreira natural das Minas Gerais", conforme consta dos documentos de época, e não havia permissão para ligações entre os estados. No início do século 19, em 1814, na época do Governo Real chefiado por Dom João VI, foi iniciada a construção de uma estrada ligando Vitória a Mariana e Ouro Preto. Documento oficial de 28 de agosto de 1816 fala explicitamente da conclusão da Estrada Real no governo de Francisco Alberto Rubim - que, em seguida, recebeu o nome de Estrada Real São Pedro D'Alcântara. O trajeto, mais ou menos coincidente com a atual BR-262, servia para o comércio entre as duas regiões.

Ainda segundo o professor, a estrada percorria área no Vale do Rio Castelo, onde se desenvolveu, em dado momento, a exploração do ouro nos séculos 18 e 19. Também foi usada por mineiros que, devido à decadência da exploração agrícola e do ouro em Minas, migraram para o Sul do Espírito Santo, dando origem à maioria de seus municípios.

Presenças - Deputado Vanderlei Miranda (PMDB), presidente; e deputada Cecília Ferramenta (PT). Também participou da reunião o vice-presidente da Fiemg, Olavo Machado Júnior.

 

 

 

 

 

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