Fiscalização nas operações por cartões de crédito é cobrada na ALMG

Os deputados da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais cobraram...

20/05/2008 - 00:00
 

Fiscalização nas operações por cartões de crédito é cobrada na ALMG

Os deputados da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais cobraram de representantes do Banco Central mais rigidez na fiscalização das operações com cartão de crédito e débito no Estado. A solicitação foi feita durante a reunião desta terça-feira (20/5/08), que debateu a política das operadoras de cartões junto aos estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, bem como o reajuste da taxa de administração cobrada pelas referidas empresas. A audiência, realizada a requerimento do deputado Délio Malheiros (PV), presidente da comissão, recebeu também representantes da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), do Procon Assembléia e do site Mercado Mineiro.

Segundo o parlamentar, a utilização dos cartões no Brasil é crescente e abrange todas as classes sociais, o que faz com que as reclamações referentes a cancelamento, juros altos e falta de informação sobre cobrança de taxas sejam cada vez maiores. Diante desse cenário, ele acredita que é necessário que o Banco Central intervenha no processo, para que todos os envolvidos sejam beneficiados. "O lojista paga caro pelas taxas de administração e o consumidor paga anuidade e juros. Então, o que se conclui é que somente as operadoras de cartão ganham com este tipo de transação financeira", alerta.

O coordenador do Procon Assembléia, Marcelo Barbosa, fez coro às palavras de Malheiros e disse que o consumidor tem sido onerado por esse impasse entre operadoras e lojistas. Ele afirmou que o resultado disso é a média de 40 cancelamentos de cartões de créditos feitos por dia, somente no Procon. Mais que isso, de acordo com o diretor-executivo do site Mercado Mineiro, Feliciano Lopes de Abreu, a variação da anuidade dos cartões chega a 884% e as taxas de juros no parcelamento pelo cartão variam de 3 a 16%. "O processo tem inviabilizado a compra pelo cartão, principalmente nas classes sociais que mais necessitam do crédito", salientou.

Lojistas - O diretor do CDL, Fábio Barbosa, também concorda que a fiscalização deve ser mais eficiente, uma vez que as taxas de administração cobradas pelas operadoras de cartão podem chegar a 10% do valor total da venda. Para ele, as operadoras têm se tornado sócias no lucro dos comerciantes, uma vez que as taxas superam os valores pagos em termos de impostos. "A relação é desigual e unilateral. Destinamos 5% do nosso faturamento para os impostos e 10% para as taxas de manutenção que viabilizam as vendas por cartão", afirmou.

Banco Central quer estudos antes de propor ações

O representante do Banco Central, José Antônio Marciano, anunciou que foi firmado um convênio com os ministérios da Justiça e da Fazenda para que seja produzido um diagnóstico da realidade das operações de cartão no Brasil. Segundo ele, há necessidade de intervenção pública e a intenção, com base nesses estudos, é propor ações que tornem as relações de mercado mais adequadas e que o impacto seja positivo para todos os envolvidos. "O BC está consciente que há indicativos de falhas nesse mercado que vem crescendo muito no Brasil. Nossa intenção é aumentar o comércio eletrônico em relação ao papel, mas somente quando o sistema operar adequadamente", prometeu. Ele apresentou ainda dados que apontam um aumento significativo no uso dos cartões em detrimento dos cheques e, questionado pelo deputado Délio Malheiros sobre quando o diagnóstico será posto em prática, Marciano afirmou não ser possível assumir um compromisso quanto ao prazo.

Defesa das operadoras - O vice-presidente da Abecs, Anastácio Ramos, afirmou que o aumento das taxas de administração apontada pela CDL atinge apenas 0,5% dos estabelecimentos credenciados e que o reajuste é uma adequação aos novos serviços oferecidos. Segundo ele, os comerciantes não são obrigados a pagar mais, mas terão que arcar com os custos da cesta de produtos que for contratada. "Quem adquirir mais opções, paga mais", disse. Em sua participação, ele apresentou diversas ações feitas pela indústria de cartões quanto a tecnologia, segurança e infra-estrutura e justificou que os custos de administração se dão pela alta complexidade do mercado em termos mundiais. "A perspectiva é que o número de cartões, até 2012, atinja 133 bilhões de unidades. Portanto, é necessária uma infra-estrutura enorme e complexa para que as transações sejam viabilizadas com agilidade e segurança", completou.

Sobre os questionamentos do presidente da comissão e do representante do Procon Assembléia sobre o envio de cartões sem solicitação e preços diferenciados para vendas em dinheiro, a consultora Jurídica da Abecs, Nair Assis, afirmou que a entidade é contrária a essas ações e estabelece punições para tais atos, que variam da advertência ao cancelamento do credenciamento dos lojistas infratores.

Ao final da reunião, o deputado Délio Malheiros, disse que está sendo elaborada uma cartilha pela comissão em parceira com o Procon, que pretende informar o consumidor sobre o melhor uso do cartão de crédito. "Será um instrumento para orientar o consumidor, enquanto o Banco Central não atua efetivamente na fiscalização desse mercado", finalizou.

Presenças - Deputados Délio Malheiros (PV), presidente, Antônio Júlio (PMDB).

 

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