Assembléias vão pedir ao Senado maior autonomia para legislar

Com o objetivo de ampliar as competências dos parlamentares estaduais, as Assembléias Legislativas vão apresentar ao ...

16/05/2008 - 00:02
 

Assembléias vão pedir ao Senado maior autonomia para legislar

Com o objetivo de ampliar as competências dos parlamentares estaduais, as Assembléias Legislativas vão apresentar ao Senado Federal quatro Propostas de Emenda à Constituição (PEC). A iniciativa é um dos principais pontos da carta resultante do 4º encontro do Colegiado dos Presidentes das Assembléias Legislativas, que termina neste domingo (18/5/08), em Curitiba. Representando a Assembléia Legislativa de Minas Gerais, participaram do encontro o presidente Alberto Pinto Coelho (PP), que também é presidente do Colegiado; o 1º-vice-presidente, deputado Doutor Viana (DEM); o 2º-secretário, deputado Tiago Ulisses (PV); Gil Pereira (PP) e Sebastião Helvécio (PDT).

De acordo com o documento aprovado, o objetivo das quatro PECs é o de reafirmar o pacto federativo inscrito no artigo 1º da Constituição brasileira, atribuindo poderes diretamente aos Estados nos quais legislam as Assembléias.

"Os Legislativos estaduais são, de fato e de direito, os legítimos representantes do povo, e devem ter todas as condições de exercer efetivamente a delegação que lhes é dada nas urnas. Tais emendas visam ampliar as competências legislativas dos Estados, permitindo que melhores soluções possam ser adotadas pela atuação daqueles que verdadeiramente conhecem os problemas que precisam ser enfrentados.", informa o texto.

"O Brasil é o país da diversidade, a ponto de se dizer que são muitos os 'Brasis'. É preciso que a Constituição Federal passe a refletir esse fato, que se põe à vista de todos e exige legislação que se amolde às peculiaridades de cada Estado federado", argumentou o presidente do Colegiado e da Assembléia mineira, deputado Alberto Coelho Pinto Coelho.

Reforma tributária - Os parlamentares reunidos em Curitiba decidiram também se posicionar em relação à proposta de reforma tributária enviada pelo Governo Federal ao Congresso. O intuito é impedir que os Estados sofram perdas de recursos repassados pela União. "Se aprovadas, as mudanças propostas pela União representarão a perda efetiva de recursos pelas populações das unidades da federação. Com isso, as Assembléias Legislativas não podem concordar", informa a carta.

As PECs discutidas e votadas no 4º Encontro do Colegiado são as seguintes:

* PEC 1: Dá aos Estados a possibilidade de legislar concorrentemente com a União sobre direito processual, direito agrário, trânsito e transporte, diretrizes e bases da educação, licitação e contratação para a administração pública estadual e propaganda comercial.

* PEC 2: Permitindo que os Estados e o Distrito Federal editem leis complementares para definir o percentual de recursos mínimos que serão aplicados anualmente em ações e serviços públicos de saúde. Essas proposições serão reavaliadas pelo menos a cada cinco anos, levando em consideração critérios relativos ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) regional e o conjunto de demandas sociais.

* PEC 3 A União passaria a reconhecer a legitimidade da representação judicial e da consultoria jurídica das Assembléias Legislativas por meio da sua Procuradoria-Geral ou órgão equivalente, que tenham em seus quadros procuradores organizados em carreira e que tenham sido admitidos através de concurso público de provas e títulos. O objetivo é deixar claro que os Legislativos poderão impetrar com ações de defesa do próprio parlamento ou ainda com ações jurídicas distintas. Atualmente, esse papel é reservado apenas à Procuradoria-Geral do Estado.

* PEC 4: Trata da questão fundiária dos ex-territórios - terras que foram fundadas como territórios antes de se tornarem Estados, como Rondônia, Roraima e Amapá. Os governantes dessas regiões enfrentam dificuldades para regularizar diversas porções de terras (ainda sob domínio federal), já que a autonomia que ganharam como Estado não se consolidou na questão fundiária. Nesse caso, a PEC deixa claro que o conteúdo de tal dispositivo se aplica aos Estados constituídos a partir da transformação de territórios federais, e que a União providenciará a transferência dessas áreas ao patrimônio desses Estados.

A seguir a íntegra da Carta de Curitiba:

"Os presidentes das Assembléias Legislativas do Brasil, reunidos no Paraná, vêm a público para reiterar a importância da representação popular na existência de uma verdadeira federação. Os legislativos estaduais são, de fato e de direito, os legítimos representantes do povo e em seu nome devem ter todas as condições de exercer efetivamente a delegação que lhes é dada nas urnas. Somente com o respeito à diversidade de Estados e regiões é que será possível fazer valer o compromisso constitucional de se construir uma nação mais justa.

Os presidentes de Assembléias Legislativas de todo o país vêm debatendo e trabalhando em uma pauta de interesse público e comum de todos os Estados brasileiros e do Distrito Federal. No centro dos trabalhos está a decisão, tomada em Curitiba pelo colegiado, de que as Assembléias Legislativas apresentem ao Senado da República quatro Propostas de Emendas à Constituição Federal. Tais emendas visam ampliar as competências legislativas dos Estados, permitindo que melhores soluções possam ser adotadas pela atuação daqueles que verdadeiramente conhecem os problemas que precisam ser enfrentados. O objetivo das quatro PECs, portanto, é o de reafirmar o pacto federativo inscrito no artigo 1º da Constituição brasileira, atribuindo poderes diretamente aos Estados nos quais legislam as Assembléias.

O Brasil é diverso e heterogêneo. Esta diversidade é uma de nossas grandes riquezas e não pode ser abandonada em favor de um centralismo anacrônico e que fere a própria Constituição. Assim, a Constituição Federal deve passar a refletir essa diversidade. É o que pretendem os deputados estaduais de todo o país, representantes legítimos que são das populações de todas as unidades da federação.

Além disso, os presidentes de Assembléias Legislativas reunidos em Curitiba decidiram, também, se posicionar em favor dos Estados na proposta de reforma tributária enviada pelo Governo Federal ao Congresso. Na prática, isso significará a tomada de uma forte ação política e administrativa em sentido contrário aos pontos da proposta que pretendem reduzir ainda mais os recursos destinados aos Estados e a autonomia dos mesmos em definir sua política tributária. Se aprovadas, as mudanças propostas pela União representarão a perda efetiva de recursos pelas populações das unidades da federação. Com isso, as Assembléias Legislativas não podem concordar."

Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, aos 16 de maio de 2008.

 

 

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