Comissão busca solução para reabrir Santa Casa de Corinto

Equipamentos enferrujando, teias de aranha, vegetação tomando conta do entorno. A Santa Casa de Misericórdia de Corin...

15/05/2008 - 00:00
 

Comissão busca solução para reabrir Santa Casa de Corinto

Equipamentos enferrujando, teias de aranha, vegetação tomando conta do entorno. A Santa Casa de Misericórdia de Corinto, na Região Central do Estado, chegou a fazer uma média de 110 atendimentos por mês, com 50 funcionários, seis médicos e 100 leitos disponíveis. Porém, há um ano, a Regional de Saúde de Sete Lagoas interrompeu os trabalhos com a alegação principal de falta de médicos plantonistas. Outros motivos contribuíram para a situação, considerada caótica pela população. Nesta quinta-feira (15/5/08), a Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais realizou audiência pública para debater a precariedade dos atendimentos de saúde no município e, para isso, reuniu cerca de 200 pessoas da comunidade, além de lideranças locais e representantes da prefeitura, do Ministério Público, da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e do próprio hospital.

A audiência foi solicitada pelo deputado Célio Moreira (PSDB). Também compareceram os deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente da comissão, e Doutor Rinaldo (PSB). "A administração municipal disse que já gastou uma fortuna com a Santa Casa. Queremos entender essa situação", falou Moreira, afirmando que o importante era achar uma solução para o caso e reabrir o hospital. Ficou claro, como comentou o parlamentar, que existe uma briga política entre o conselho diretor da Santa Casa e a prefeita de Corinto, Janúzia Pereira Lelis, que não compareceu à reunião. Seu representante foi o secretário de Saúde, Eduardo Alves Rezende Bernardes, que está no cargo há somente dois meses.

Entidade filantrópica de direito privado, a Santa Casa é responsável pela manutenção do hospital. Os recursos são provenientes do Sistema Único de Saúde (SUS), de doações e de repasses da prefeitura, por meio de convênios. De 1996 a 2005, as atividades ficaram parcialmente inativas e em 2006 o bloco cirúrgico foi fechado. "Em janeiro de 2007, a prefeitura parou o repasse, de cerca de R$ 26 mil, sem nenhuma explicação", afirmou o provedor Adilson Ribeiro. A dívida da entidade chega a R$ 600 mil reais, sendo R$ 400 mil de débitos trabalhistas. "A maior devedora é a própria prefeitura. O valor chega a R$ 500 mil", disse Ribeiro, que afirmou ser a audiência a primeira oportunidade que estava tendo para explicar toda a situação ao povo da cidade.

Para o deputado Célio Moreira, a Santa Casa tem uma estrutura excelente, com condições de ser um micro-pólo de saúde, atendendo pacientes de Corinto e municípios vizinhos, como Augusto de Lima, Santo Hipólito e Monjolos. Atualmente, quem precisa de atendimento médico na cidade conta somente com uma unidade de pronto-atendimento. Os cinco núcleos do Programa de Saúde da Família, de acordo com depoimentos, estão com atendimento deficitário. Casos mais graves e até mesmo partos precisam ser atendidos em Curvelo, que fica a 45 quilômetros de Corinto.

Prefeitura diz que tem verba disponível para construir nova maternidade

Segundo o deputado Célio Moreira, a prefeita Janúzia Pereira Lelis, em audiência com o secretário de Saúde Marcus Pestana e vários outros prefeitos, afirmou que tinha R$ 900 mil para a construção de uma maternidade. "Se tem recurso, porque não aplica no hospital que já existe em vez de construir outro?" Ele comentou que a briga entre Santa Casa e prefeitura tem que acabar. "Estamos analisando o estatuto da entidade. Se necessário, vamos propor uma nova diretoria sem a presença de candidatos ou pré-candidatos", falou.

O deputado Carlos Mosconi deu testemunho de problema semelhante ocorrido em Poços de Caldas e que, com a união de esforços, foi sanado. "O hospital está fechado por conta de dívida? Não. Porque não tem funcionário? Não. Se a diretoria não se dá com a prefeitura, pega o chapéu e sai. Disputa política termina quando acaba eleição. O povo não pode sofrer mais com essa situação", argumentou. Doutor Rinaldo citou a ausência da prefeita. "É a primeira cidade aonde a comissão vai e o administrador municipal não aparece. Sei a dificuldade que é administrar a saúde neste País, mas é preciso união para resolver esse problema tão grave", disse.

O promotor de justiça da comarca desde março deste ano, Domingos Ventura, informou que em 2007 foi instaurado um inquérito civil. "Acordo entre as partes é fundamental, mas gostaria de pedir a ajuda dos deputados para agilizar a instauração de uma auditoria. Só com dados organizados em mãos podemos resolver esse caso", falou. Os deputados elaboraram um requerimento, que deverá ser votado na próxima reunião da comissão, para solicitar à Superintendência de Regulação da Secretaria de Saúde o encaminhamento dessa demanda.

Presente à audiência, o subsecretário de Vigilância em Saúde da SES, Luiz Felipe Almeida Caram Guimarães, lembrou a importância da atuação do Conselho Municipal de Saúde que, segundo Fátima Lopes da Silva, membro do Conselho Tutelar e do próprio Conselho de Saúde, está praticamente sem atividade. Caram informou que "o governo está disposto a repassar recursos financeiros à Santa Casa, desde que se consiga acordo entre diretoria e prefeitura". O presidente da Câmara Municipal, Augusto Geraldo Félix, chamou a população para se mobilizar. "Disseram que não teria público hoje, e estamos aqui com o auditório lotado". Ele, que foi o único representante da cidade a acompanhar os deputados ao hospital desativado, comentou também que a cidade está com mais de 60 pessoas com dengue.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente da comissão; Doutor Rinaldo (PSB) e Célio Moreira (PSDB).

 

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