Especialistas contribuem para PL que disciplina condomínios fechados

Empresários do mercado imobiliário, arquitetos e urbanistas debateram, nesta quarta-feira (14/5/08), com os deputados...

14/05/2008 - 00:04
 

Especialistas contribuem para PL que disciplina condomínios fechados

Empresários do mercado imobiliário, arquitetos e urbanistas debateram, nesta quarta-feira (14/5/08), com os deputados da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, o Projeto de Lei (PL) 1.880/07, que pretende disciplinar a instituição de loteamentos fechados e condomínios urbanísticos no Estado. A proposta, segundo seu autor, deputado Wander Borges (PSB), procura preencher um vácuo na legislação de uso do solo, até que lei federal regulamente a matéria.

"Essa modalidade vem sendo implantada a esmo em nossas cidades, sem os cuidados necessários, e criam problemas que depois os moradores levam ao poder público para que resolva. Isso gera despesas volumosas que a maior parte das municipalidades não consegue atender. É dever do empreendedor atender a todas as exigências de infra-estrutura antes de ter seu empreendimento autorizado", disse o autor.

Damião Campos Guimarães, do Instituto de Desenvolvimento Municipal, alertou que os empreendimentos imobiliários são dos mais impactantes sobre o ambiente, pois retiram a cobertura vegetal, eliminam a vida animal e impermeabilizam grande parte do solo, modificando o ciclo hídrico. Jader Nassif Gonçalves, da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas, também condena os condomínios irregulares, mas elogiou os bem estruturados que constroem até tanques de decantação das águas, antes de devolvê-las aos cursos d'água. Contrapôs que os condomínios também geram impactos na tributação e na geração de empregos.

"O loteador não é contraventor. Sua atividade merece regulamentação, como já se faz em Goiás, Mato Grosso e Paraná. A obrigação do rateio de despesas de manutenção das áreas comuns está perto de se tornar súmula do Judiciário, e temos que reconhecer que a comunidade beneficiária é mais capaz de gerir áreas comuns do que o poder público", disse ele.

José Carlos Manetta, também representante dos loteadores, disse que os grandes prédios de apartamentos funcionam em regime fechado. Nos condomínios, segundo ele, as pessoas se mobilizam mais, exercem sua cidadania, convivem mais. Segundo ele, quando um loteamento é aprovado, a rua passa a ser pública, com livre acesso de todos, o que prejudica a questão da segurança.

Arquiteta lamenta "privatização da cidade"

A arquiteta Jurema Marteleto Rugani, do IAB, considera inconcebível a "privatização da cidade". Para ela, a Lei Federal 6.766, de 1979, é descumprida em todos os seus quesitos. Discorda inteiramente da elaboração de uma legislação para beneficiar especificamente a classe social de mais alto poder aquisitivo. Maria Valeska Duarte Dummond, da Fundação João Pinheiro, apóia essa posição e provoca: "Se o poder público permite o fechamento de áreas urbanas, qual será sua reação quando as favelas também quiserem esse privilégio?"

Uma posição intermediária foi defendida pelo representante do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-MG), José Abílio Belo Pereira. "Não sou contra os condomínios fechados, mas acho que não devem ser concedidos indiscriminadamente. Também é preciso pensar nos espaços habitacionais para os trabalhadores e os prestadores de serviços que disputam empregos nesses condomínios", disse ele, citando exemplos mal-sucedidos de quarteirões fechados em São Paulo, onde os assaltos são mais frequentes.

O deputado Ademir Lucas (PSDB) defendeu a proposta de Wander Borges, que considera "uma contribuição não intervencionista na autonomia dos municípios". Lucas admite os condomínios e atesta sua força, como o Clube dos Caçadores, que a Prefeitura de Belo Horizonte tentou abrir ao público, sem êxito, e a própria tentativa do ex-governador do Distrito Federal, José Aparecido de Oliveira, que não conseguiu fazer uma marcha contornando o lago Paranoá, ocupado por mansões da classe alta.

Ao final da reunião, o deputado Ronaldo Magalhães (PSDB), que a presidia, mandou distribuir cópias do projeto de lei original e do parecer da Comissão de Constituição e Justiça aos convidados e pediu que encaminhassem por escrito suas sugestões de aperfeiçoamento do projeto.

Requerimento - O deputado Carlos Pimenta (PDT) apresentou requerimento para a realização de uma audiência pública para debater as dívidas municipais com o INSS. Para justificar, Pimenta disse que pelo menos dois dos prefeitos que foram presos na operação Pasárgada estavam defendendo interesses legítimos de seus municípios, e tiveram sua idoneidade arrasada. Ele quer a presença do deputado Mário Heringer, do superintendente do INSS, da direção da Associação Mineira dos Municípios e representantes do Ministério Público Federal, da Justiça Federal e da Receita Federal.

Presenças: Deputados Ronaldo Magalhães (PSDB), que presidiu; Ademir Lucas (PSDB), Padre João (PT), Wander Borges (PSB), Carlos Pimenta (PDT) e Getúlio Neiva (PMDB).

 

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