Felício Rocho recebe prazo para regularizar setor de
transplantes
A Secretaria Municipal de Saúde estabeleceu o prazo
de 60 dias para que o Hospital Felício Rocho atenda às determinações
apontadas pela auditoria realizada pelo órgão para retomar os
transplantes renais e de pâncreas na instituição. O anúncio foi
feito pela representante da secretaria, Alzira Jorge, durante a
audiência pública da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de
Minas Gerais, realizada na manhã desta quarta-feira (14/5/08), que
debateu a suspensão dos transplantes no hospital, desde junho do ano
passado. A reunião aconteceu a requerimento dos deputados Hely
Tarqüínio (PV), Neider Moreira (PPS) e Antônio Carlos Arantes
(PSC).
Segundo Alzira Jorge, a paralisação dos serviços se
deu pelo alto índice de óbitos registrados nos transplantes de rim e
pâncreas realizados pela instituição no início de 2007. Ela contou
que, em conformidade com a direção do Felício Rocho, as atividades
foram suspensas até que uma auditoria esclarecesse as razões para os
maus resultados registrados no período. A intervenção, finalizada em
fevereiro deste ano, apontou, então, para a necessidade de
reavaliação da situação dos pacientes, assim como dos protocolos e
prontuários médicos. "A regularização e retomada dos transplantes
está, agora, nas mãos do hospital. Nossa intenção é que isso
aconteça o mais rápido possível", disse.
O representante do MG Transplantes, Omar Cançado
Jr. também se disse empenhado em fazer com que a situação seja
regularizada, mas acredita que é fundamental que o quadro dos
pacientes seja reavaliado. "Há desperdício de órgãos no Estado e os
pacientes estão sendo prejudicados, mas é importante que o trabalho
seja feito adequadamente para que não se percam ainda mais vidas",
ponderou.
Hospital critica burocracia do poder
público
O médico e representante do Hospital Felício Rocho,
José Maria Grossi, disse que a própria instituição teve a maturidade
de assumir que era preciso suspender os trabalhos e reavaliar os
procedimentos de transplante, mas aponta que houve morosidade na
atuação da Secretaria Municipal. De acordo com ele, a auditoria
demorou mais de seis meses para enviar a lista de adequações ao
hospital, apesar da tentativa da instituição em agilizar o processo.
"Não tivemos apoio da secretaria no momento em que a procuramos. As
adequações são possíveis e serão feitas no prazo, mas a
responsabilidade pelo longo período de paralisação é da burocracia
dos órgãos competentes", reforçou. Em sua fala, Grossi questionou as
críticas feitas pela secretaria de que o índice de óbitos é alto,
assim como das falhas no processo de acompanhamento posterior ao
transplante. Segundo ele, as mortes registradas no Felício Rocho
estão bem abaixo das estatísticas norte-americanas e a satisfação
dos paciente pós-transplantados com a instituição é muito boa.
O presidente da Associação dos Transplantados de
Minas Gerais, Túlio Costa, também cobrou mais agilidade da
secretaria no que se refere à regularização do serviço. Ele reforçou
o problema do desperdício de órgãos para transplante e da falta de
credenciamento dos hospitais de Belo Horizonte para atendimento pelo
Sistema Único de Saúde (SUS). "Infelizmente o MG Transplantes tem
sido omisso ao problema e os pacientes estão pagando um preço alto
pela burocracia e pela falta de entendimento entre os hospitais e os
governos municipal e estadual", criticou.
Para o deputado Carlos Mosconi (PSDB), presidente
da Comissão de Saúde, a morosidade é uma inimiga do sistema de
saúde. Ele acredita que a solução existe e é possível, mas que nem
sempre a vontade dos gestores é suficiente para que o processo
ocorra de forma mais ágil. "A saúde no Brasil parece um cartório,
tamanha a burocracia no sistema. É preciso que o paciente seja
priorizado, ao contrário do que acontece hoje", alertou.
Ações necessárias - Os
deputados Neider Moreira, Hely Tarqüínio e Antônio Carlos Arantes,
que foram designados pela comissão para acompanhar as negociações,
chamaram atenção para a necessidade de uma maior sincronia entre
hospitais e poder público. Para eles, é preciso que o protocolo e
avaliação de pacientes seja o mesmo adotado pelo MG Transplantes, a
Secretaria Municipal de Saúde e o Felício Rocho. "Afinal, a
burocracia não pode ser mais importante que a vida", afirmou
Arantes.
O deputado Doutor Rinaldo (PSB) lembrou ainda que
há falta vontade política por parte do Governo Federal para que
regulamente a Emenda 29, que proporcionará mais recursos para a
saúde nos estados. "A questão é financeira. Não adianta resolver o
problema administrativo se não há recursos suficientes",
cobrou.
Requerimentos - Foram
aprovados dois requerimentos na reunião. O deputado Domingos Sávio
(PSDB) solicitou a realização de audiência pública na cidade de São
João Del Rei para discutir a revisão do Plano Diretor de
Regionalização (PDR), da Secretaria de Estado de Saúde, que
normatiza o planejamento descentralizado em macro e microrregiões do
Estado e para analisar a proposta apresentada pelo parlamentar de
que a macrorregião do Campos das Vertentes possa se tornar
microrregião, com sede bipolar, tendo como centros as cidades de
Barbacena e de São João Del Rei.
O outro requerimento, assinado pelo deputado Carlos
Mosconi, solicitou envio de correspondência recebida na comissão ao
Instituto de Previdência dos Servidores (Ipsemg), pedindo
esclarecimentos referentes à qualidade dos serviços prestados pelos
servidores daquele órgão, bem como a falta de medicamentos na
farmácia própria.
Presenças - Deputados
Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Hely Tarqüínio (PV), vice; Carlos
Pimenta (PDT); Doutor Rinaldo (PSB); Antônio Carlos Arantes (PSC); e
Neider Moreira (PPS).
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