Direitos Humanos debate desaparecimentos na Guerrilha do
Araguaia
A questão dos desaparecidos durante a Guerrilha do
Araguaia - uma ação do Partido Comunista do Brasil para resistir,
pelas armas, à ditadura militar - será debatida nesta segunda-feira
(12/05/08), a partir das 19 horas, no auditório da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais, a requerimento do deputado Carlin Moura
(PCdoB). Na ocasião, será lançado o livro "O Gigante da Guerrilha -
Osvaldão e a saga do Araguaia", uma biografia do líder guerrilheiro
Osvaldo Orlando da Costa, abatido em Xambioá pelas tropas do
Exército comandadas pelo coronel Sebastião Curió.
Segundo Carlin Moura, Osvaldão era mineiro de Passa
Quatro e se tornou líder da guerrilha sem ser liderança formal do
partido. "Reverenciar sua memória significa não só reconhecer o seu
papel heróico de líder na batalha, mas destacar que Minas sempre
forneceu combatentes contra o arbítrio e o totalitarismo", disse
ele.
A audiência da Comissão de Direitos Humanos vai
tratar do caso de cerca de 70 militantes do PCdoB que teriam
desaparecido durante o período 1968-72, quando ocorreu a guerrilha
do Araguaia. Teriam sido mortos 65 deles, entre combatentes e
camponeses que aderiram à causa. O debate sobre a guerrilha terá a
participação de familiares de Osvaldão, que pela primeira vez se
dispõem a comparecer a eventos comemorativos, segundo a assessoria
do deputado.
A biografia, preparada pelo escritor Bernardo
Joffily, revela que Osvaldão era um negro muito alto e forte, foi
campeão brasileiro de boxe pelo Botafogo e depois formou-se em
Engenharia na antiga Tchecoslováquia. No Araguaia, surgiu a lenda de
que tinha o corpo fechado, já que não foi ferido em vários combates
com o Exército Brasileiro. Ao ser morto, em 1972, numa grande
operação militar comandada pelo coronel Curió, teve seu corpo
amarrado ao trem de pouso de um helicóptero e foi levado para ser
mostrado nas diversas aldeias e povoados que apoiavam o movimento
guerrilheiro.
Participarão dos debates, além de Joffily, o
deputado Carlin Moura, a deputada federal Jô Moraes (PCdoB); a
sobrinha de Osvaldão, Maria Elisa da Costa; e a professora Sandra
Brisolla, que se formou com ele na Tchecoslováquia.
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