Comissão debate suspensão de transplantes de rins no Felício
Rocho
A suspensão dos transplantes de rins pelo Hospital
Felício Rocho e o impacto da medida na vida dos pacientes que
aguardam pela cirurgia serão debatidos em audiência pública da
Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta
quarta-feira (14/5/08). A reunião, que será realizada às 9h15, no
Plenarinho I, atende a requerimento dos deputados Hely Tarqüínio
(PV), Neider Moreira (PPS) e Antônio Carlos Arantes (PSC).
De acordo com informações do presidente da
Associação dos Transplantados, Túlio Sérgio Gambogi Costa, os
transplantes foram paralisados em julho do ano passado para
verificação da causa das mortes de quatro pacientes que sofreram
transplante duplo (rins e pâncreas). A Secretaria Municipal de Saúde
de Belo Horizonte realizou uma auditoria no hospital, que terminou
em 18 de dezembro. Ao final dos trabalhos, o auditor Jorge
Camponizzi concluiu que os óbitos não decorreram de imperícia ou
negligência do hospital ou dos cirurgiões e recomendou o retorno dos
transplantes o que, até o momento, não ocorreu.
Quatro hospitais de BH foram descredenciados para
realizar tranplantes
Em março, as associações dos transplantados
começaram a pressionar pela retomada dos transplantes e a Secretaria
de Saúde alegou que precisavam ser feitas adaptações, sem informar
quais seriam elas. Na mesma época, houve o descredenciamento dos
hospitais da capital, Felício Rocho, Santa Casa, Hospital das
Clínicas e São Francisco para qualquer tipo de transplante, o que
agravou ainda mais a situação. Segundo Túlio Costa, a Secretaria de
Saúde explicou que o descredenciamento foi determinado pelo
Ministério da Saúde em função de atraso na apresentação de
documentos. "Os pacientes que esperam pelo transplante não querem
ser operados em outro hospital", afirmou o presidente da Associação
dos Transplantados. "É uma cirurgia de alto risco e as pessoas
querem fazer a cirurgia com o médico de sua confiança",
acrescentou.
Túlio Costa disse que a fila de espera por
transplantes de rins em Minas Gerais é de cerca de 3.500 pacientes.
Aproximadamente 120 necessitam do transplante duplo. O deputado Hely
Tarqüínio, que também é médico, vê com preocupação as dificuldades
que os usuários do SUS vêm encontrando para a realização de
transplantes de rins. "Espero que, do debate, possam surgir
sugestões para melhorar o atual sistema", afirmou.
O deputado Antônio Carlos Arantes disse que
apresentou o requerimento para a realização da reunião após ter sido
procurado pela equipe médica do Hospital Felício Rocho. Segundo
eles, os profissionais da instituição alegam que dificuldades
burocráticas estariam impedindo a realização dos transplantes. "Eles
dizem que o hospital tem estrutura e uma equipe preparada para
atender às demandas por transplantes", afirmou o deputado, que
espera que a audiência sirva para esclarecer o assunto.
Segundo o deputado Neider Moreira, a audiência
servirá para esclarecer situação gerada entre a Comissão Municipal
de Nefrologia e o Setor de Transplantes de Rim e Pâncreas do
hospital. "Tais esclarecimentos visam a impedir que os pacientes
fiquem prejudicados diante da estrutura altamente qualificada do
hospital, enquanto o número de transplantes cai assustadoramente",
afirma.
Convidados - Além de Túlio
Costa, foram convidados para a reunião o secretário de Estado de
Saúde, Marcus Pestana; o secretário municipal de Saúde de Belo
Horizonte, Helvécio Miranda Magalhães Júnior; o diretor-geral da
Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos e Tecidos
de Minas Gerais do MG Transplantes, Charles Simão Filho; o cirurgião
da equipe de transplantes do Hospital Felício Rocho, José Maria
Grossi Figueiró; o presidente da Associação Nacional de Pacientes
Doadores e Transplantados Renais; José Menezes Lourenço; e o
transplantado Paulo Hipólito.
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