Comissão continuará a investigar denúncia de abusos em supermercados

A Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais vai continuar a invest...

08/05/2008 - 00:00
 

Comissão continuará a investigar denúncia de abusos em supermercados

A Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa de Minas Gerais vai continuar a investigar denúncia da cobrança de valores, pelos supermercados, para que fornecedores possam expor seus produtos nas gôndolas. Em audiência nesta quinta-feira (8/5/08), a Associação Mineira de Supermercados (Amis) disse desconhecer as negociações feitas pelas empresas individualmente, mas assegurou que elas ocorrem "nos trâmites legais". O presidente da comissão e autor do requerimento da reunião, deputado Délio Malheiros (PV), quer comprovar se é feita a cobrança, de que forma o dinheiro é contabilizado e se a concorrência fica prejudicada com essa prática. Em entrevista, informou que encaminhará as notas taquigráficas ao Ministério Público.

O deputado lembrou que essa especulação é antiga e que, a partir da audiência, poderão surgir casos concretos, com coleta de provas e remessa ao Ministério Público. "O condenável é se apurarmos que o estabelecimento está restringindo o número de fornecedores para expor os produtos à venda. Assim, estaria violada a concorrência. Além disso, se o supermercado cobra um valor do fornecedor, deve explicar a que título e contabilizá-lo. Mas não tivemos comprovação de que essa prática existe, portanto vamos continuar investigando", disse na entrevista. No início da reunião, foi exibida reportagem da Rádio Itatiaia com denúncias da cobrança de "luvas"; doação de dinheiro para inaugurações; patrocínio em material publicitário e de "desconto financeiro" sobre o valor do pedido que poderia variar de 1% a 5%.

O superintendente da Amis, Adilson Rodrigues, disse não saber se há cobrança de dinheiro, mas que há negociações para viabilizar, por exemplo, publicidade na forma de desconto em produtos. "Isso é normal e necessário, pois não é justo o supermercado colocar o produto do fornecedor no melhor lugar, a preço de custo, imprimir não sei quantos mil panfletos, levar de casa em casa e ainda bancar sozinho esse ônus. O consumidor é o maior beneficiário, pois o supermercado está, assim, baixando os preços", disse em entrevista. Na reunião, informou que a Amis não interfere na negociação supermercado/indústria, classificada como complexa. Enfatizou que o supermercado é sempre apontado como vilão e que há "muito folclore" sobre o tema.

Assessores da Amis e da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio) ratificaram as palavras de Adilson Rodrigues. A gerente jurídica da Amis, Andréa Gilbert de Lima, afirmou que há uma seleção natural dos fornecedores e que, nos Estados Unidos e na Europa, há negociação entre parceiros, com confirmação da legalidade da prática. Em resposta a Malheiros, informou que nunca foi consultada pelos associados sobre o assunto. O consultor jurídico Conrado di Mambro Oliveira, da Fecomércio, acrescentou que cada empresa tem liberdade e autonomia para contratar e negociar.

Veio também do diretor executivo do site Mercado Mineiro, Feliciano Lopes de Abreu, o relato de denúncias da cobrança de "luvas" e de pagamento informal, pelo fornecedor, a gerente do supermercado para colocar o produto em pontos da gôndola. Ele afirmou que há um ano e meio não faz pesquisa de preço no Super Nosso, em Belo Horizonte, porque o supermercado quis dinheiro para permitir a coleta das informações. A pesquisa de preços do site é feita em 11 supermercados da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

O presidente do Conselho Regional dos Representantes Comerciais do Estado de Minas Gerais (Coreminas), Maurício Ludgero Siqueira, afirmou que já recebeu questionamentos de alguns representantes sobre dificuldade nas negociações quando visitam, por exemplo, uma grande rede de supermercados que enumera uma lista de exigências a ser repassada à indústria. Já o deputado Ronaldo Magalhães (PSDB) comentou sobre concorrência e abertura do mercado.

Requerimentos aprovados sobre Copasa, agrotóxicos e Dpvat

* Do deputado Délio Malheiros (PV): solicitando do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) informações sobre a destinação de recursos do Dpvat, que devem ser aplicados em projetos de melhorias no trânsito; e audiência pública para discutir a conveniência da venda de ações da Copasa na Bolsa de Valores de São Paulo, com a participação da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, da Prefeitura de Belo Horizonte, da Copasa e da Codemig.

* Das comissões de Saúde, de Defesa do Consumidor e do Contribuinte e de Política Agropecuária e Agroindustrial para discutir, em audiência pública, o uso indevido de agrotóxicos em alimentos. O uso indiscriminado de agrotóxicos, atestado por análise de alimentos, também deverá ser objeto de audiência pública, solicitada em requerimento dos deputados Délio Malheiros (PV) e Vanderlei Jangrossi (PP).

Presenças - Participaram da reunião os deputados Délio Malheiros (PV), Ronaldo Magalhães (PSDB), Carlos Pimenta (PDT) e Carlos Mosconi (PSDB). Também participaram Giovani Peres e Carlos José Correa, das áreas de comunicação da Amis e da Fecomércio.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715