População critica serviço prestado pela Copasa em Congonhas

Seis anos após assumir o serviço de abastecimento de água e esgotamento sanitário de Congonhas, a Copasa enfrenta que...

07/05/2008 - 00:01
 

População critica serviço prestado pela Copasa em Congonhas

Seis anos após assumir o serviço de abastecimento de água e esgotamento sanitário de Congonhas, a Copasa enfrenta queixas generalizadas de moradores, da prefeitura e do Legislativo municipal. Para buscar uma solução para o conflito, a Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia Legislativa de Minas Gerais realizou, nesta quarta-feira (7/5/08), audiência pública com representantes do município e da empresa. As principais queixas contra a Copasa são de danos a moradias e ao pavimento, gerados por obras malfeitas, cobranças exorbitantes, sem critério claro, e cobrança pelo tratamento de esgoto, que ainda não é realizado.

O deputado Padre João (PT), responsável pelo requerimento que provocou a reunião, afirmou que vários moradores receberam contas superiores a R$ 1 mil, e que a cidade está totalmente esburacada. Ele cobrou uma intervenção do Governo do Estado para fazer com que a Copasa melhore a prestação de serviço, uma vez que o rompimento do contrato com a empresa seria muito difícil para o município. "Há seis anos, a Copasa pagou R$ 6 milhões pela concessão. Para romper o contrato hoje, o município teria que pagar R$ 30 milhões à empresa, sem contar o que teria de investir depois para garantir o fornecimento", afirmou o deputado.

O prefeito de Congonhas, Anderson Cabildo, exibiu dezenas de fotos de obras sanitárias malfeitas, que geraram buracos, entulho, danos ao calçamento e vazamentos. Ele reconheceu que a empresa já construiu cerca de 90 km de rede, mas afirmou que a cobrança do consumo, iniciada em novembro de 2007, vem sendo feita sem critérios, inclusive a consumidores que não têm hidrômetro instalado em casa. "A Copasa está cobrando tarifa de esgoto e não fez praticamente nada de saneamento até agora", afirmou. Ele também disse que as obras de revitalização da Ladeira do Bom Jesus, que leva ao Santuário de Bom Jesus do Matozinhos, com as obras de Aleijadinho, estão atrasadas por causa da Copasa. O presidente da Câmara Municipal, vereador João Lourenço Gonçalves, defendeu um serviço municipal de abastecimento.

As queixas dos dirigentes municipais foram reforçadas pelo coordenador do Procon municipal, Marco Aurélio da Silva, que disse ter sido cobrada pela Copasa uma conta de R$ 95 mil. "Depois ela foi revista e caiu para menos de R$ 100. Então eu pergunto se os hidrômetros estão aferidos corretamente", questionou Silva.

Consumo de água em Congonhas equivale ao de Lafaiete

Em entrevista à imprensa, o gerente de departamento Paulo Farnezi, que representou a Copasa na audiência pública, disse que o consumo de água tratada em Congonhas hoje é igual ao de Conselheiro Lafaiete, cidade três vezes maior. Ele atribuiu os altos valores de algumas contas de água ao fato de muitos moradores não terem bóias ou outros mecanismos de contenção de consumo em casa. Isso aconteceria pelo fato de a cidade, até 2002, não contar com água tratada e muitos moradores receberem fornecimento gratuito. Farnezi disse que, ciente desse fato, a empresa optou por cobrar apenas a tarifa mínima nos três primeiros meses, a partir de novembro de 2007.

O representante da Copasa também informou que a empresa já investiu R$ 29,5 milhões em Congonhas desde que assumiu a concessão, em julho de 2002. Isso porque se verificou a necessidade de substituição de 90% da rede de abastecimento existente. Por outro lado, só arrecadou R$ 1,2 milhão. Sobre a cobrança de esgoto, ele afirmou que ela é necessária para manter a rede de coleta, e que o acordo firmado com a prefeitura já previa que seria cobrada 50% da tarifa de esgoto até ser concluída a estação de tratamento.

Farnezi afirmou que 52% das moradias de Congonhas já estão com hidrômetro. As que não possuem, segundo ele, estariam pagando apenas tarifa mínima. Ele admitiu que, das obras malfeitas exibidas pelo prefeito, a maioria era decorrente de problemas causados pela Copasa. Ele afirmou que está sendo intensificada a fiscalização das empreiteiras contratadas. A terceirização dessas obras foi criticada pelo gerente de relações institucionais do Sindágua, José Geraldo Nascimento. "As empreiteiras é que estão prestando péssimo serviço. A própria Copasa reconheceu isso", afirmou. Já o presidente da União das Associações Comunitárias de Congonhas (Unaccon), Áureo Sérgio de Faria, lembrou que a entidade já recolheu 12 mil assinaturas, mais de 10% da população, em documento pedindo providências à Copasa, mas a empresa não atendeu os apelos.

Moradora teve casa danificada pela Copasa

Entre centenas de moradores de Congonhas que lotaram o Auditório da Assembléia, chamou atenção o caso de Sandra dos Santos Lobo, que teve a casa tão danificada por obra da Copasa, que ela acabou interditada. A família mudou-se para casa de aluguel, mas a empresa não vem cumprindo o compromisso de arcar com as despesas, e agora ela teme ser despejada. A Copasa, segundo ela, também vem exigindo que a família pague um perito, cujo serviço seria necessário para a execução de reforma que recuperasse a antiga moradia. "O perito deve cobrar uns R$ 5 mil. Não temos esse dinheiro, só se vendêssemos o carro. Mas o erro foi da Copasa, ela é que tem de pagar", afirmou Sandra.

Requerimentos - Como providências, foram aprovados dois requerimentos de autoria do deputado Padre João (PT). O primeiro pede que seja enviado ofício ao presidente da Copasa e ao governador solicitando que a empresa volte a cobrar a taxa mínima de todos os usuários em Congonhas até que a ligação dos hidrômetros seja universalizada no município. O deputado requereu também que Copasa e prefeitura de Congonhas procedam à adequação do contrato de concessão à Lei Federal 11.445, de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico. Segundo Padre João, essa lei prevê, entre outros pontos, a necessidade de um plano de saneamento para cada município.

Além do debate a respeito de Congonhas, a Comissão de Assuntos Municipais aprovou requerimento que dispensa a apreciação do Plenário. O deputado Weliton Prado (PT), presidente da comissão, pediu prazo regimental para entendimento a respeito do Projeto de Lei Complementar (PLC) 28/07, que cria a Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Presenças - Deputados Weliton Prado (PT), presidente; Ronaldo Magalhães, vice-presidente; e Padre João (PT); e deputada Elisa Costa (PT).

 

 

 

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