Governo tem diagnóstico para saneamento de 20 cidades do Rio Doce

Representantes de várias áreas do governo foram convidados para uma audiência pública da Cipe Rio Doce, realizada na ...

06/05/2008 - 00:00
 

Governo tem diagnóstico para saneamento de 20 cidades do Rio Doce

Representantes de várias áreas do governo foram convidados para uma audiência pública da Cipe Rio Doce, realizada na tarde desta terça-feira (6/5/08) no auditório da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, para informar sobre o andamento do Programa Rio Doce Limpo, sobre os financiamentos dos projetos de engenharia das estações de tratamento de esgotos e sobre os recursos disponíveis para o cadastramento do usuários das águas do Rio Doce e seus afluentes.

Cipe Rio Doce é a Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Rio Doce. Embora seja composta também por deputados estaduais do Espírito Santo, a reunião, presidida pela deputada Elisa Costa (PT), teve a presença apenas de deputados mineiros e representantes da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru), do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), da Secretaria de Planejamento de Gestão (Seplag) e do Comitê Hidrográfico da Bacia do Rio Doce.

Elisa Costa disse que o Rio Doce é o mais estudado de Minas, desde a década de 80, é o mais poluído e dos menos contemplados com investimentos. "É preciso arregimentar forças sociais e políticas para despoluí-lo e recuperar suas nascentes e mananciais", conclamou.

O superintendente da Sedru, Felippe Giovanni Campos di Latella, disse que os recursos de R$ 4 milhões negociados pela Cipe com a Seplag, para a elaboração de projetos de engenharia em várias cidades da bacia do Rio Doce foram contingenciados, mas foi possível salvar R$ 598 mil para a elaboração de diagnósticos em 26 cidades. Latella preveniu que seis dessas cidades não estão no Vale do Rio Doce. As 20 contempladas são, por ordem decrescente de população, Viçosa, João Monlevade, Manhuaçu, Guanhães, Santa Bárbara, Inhapim, Mutum, Itambacuri, Conselheiro Pena, Manhumirim, Malacacheta, Lajinha, Belo Oriente, Santana do Paraíso, São Domingos do Prata, Peçanha, Ipanema, Simonésia e Piranga. "O diagnóstico nos dá a estimativa de recursos a serem gastos nos sistemas de tratamento de cada uma dessas cidades. Santa Bárbara, por exemplo, tem 24 mil habitantes e serão dispendidos ali R$ 10 milhões", exemplificou Felippe Latella.

Deputados pedem prioridade para cidades pequenas

Dois deputados questionaram os critérios para escolha dessas cidades. Rosângela Reis (PV) pediu prioridade para os pequenos municípios das cabeceiras, para que as águas cheguem limpas nos maiores municípios. Carlin Moura (PCdoB) elogiou a capacidade de planejamento do vice-governador Antônio Anastasia, mas reclamou que o Estado planeja demais e investe pouco. "Precisamos evitar que os desastres ocorram e só então correr atrás do prejuízo. É preciso recuperar nascentes e mananciais e tratar os esgotos de cidades pequenas, como Nacip Raydan, Virgolândia e Peçanha, para evitar que o Ramalhete, o Tronqueiras e o Corrente, afluentes do Suaçuí, sequem completamente. O momento de tratá-los é agora. Também gostaríamos de verificar por que a estação de tratamento de esgotos de Virgolândia começou a ser construída há dez anos e nunca fica pronta", disse o deputado comunista.

Paulo Pardini, da Caixa Federal, defendeu a adoção do critério populacional para atendimento, começando pelas cidades acima de 20 mil habitantes. "O problema de poluição é maior nas comunidades maiores, e ficou decidido que o primeiro passo tinha que ser consistente. Os pequenos municípios, infelizmente, não têm capacidade de gestão de um sistema de tratamento de esgotos". Pardini deu testemunho sobre a mobilização técnica e política para conseguir R$ 4 milhões para o Orçamento de 2007, e lamentou que tenham sido contingenciados. "Hoje poderíamos ter 22 municípios mineiros já cumprindo o Programa Rio Doce Limpo", calculou.

Luíza de Marilac Camargos e Lilian Domingues, do Igam, disseram que o instituto deseja implantar a cobrança pelo uso da água e criar agências de bacia através dos seis comitês já existentes, alguns formados há quase dez anos. "Precisamos do Plano Diretor da bacia para alavancar recursos", disse Luíza. Lilian expôs detalhadamente as etapas burocráticas da licitação para a elaboração do Plano, vencida recentemente pelo consórcio Ecoplan Lume, que disporá de 15 meses para entregar o Plano Integrado de Recursos Hídricos.

Itabira construiu ETE no valor de R$ 30 milhões

O deputado Ronaldo Magalhães (PSDB) informou que a cidade de Itabira, durante sua gestão como prefeito, construiu uma estação de tratamento de esgotos ao custo de R$ 30 milhões, para tratar 90% dos dejetos do município. Magalhães apelou à Sedru para "liberar recursos para os projetos de engenharia, que são o ponto de partida para que se possa buscar verbas para execução".

Sebastião Figueiredo, consultor da Holus Consultoria, é veterano na questão hídrica. Elogiou o secretário de Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, por conseguir R$ 78 milhões para as atividades ambientais, e lamentou que, nos governos anteriores, grandes somas de dinheiro que vinham da Aneel como compensação por áreas inundadas tenham sido direcionadas para o caixa único do Estado. Rômulo Corgozinho, do Comitê do Rio Piracicaba, comemorou que sua cidade, São Domingos do Prata, esteja entre as contempladas pelo diagnóstico da Sedru. Elogiou a destinação de R$ 300 mil para o cadastramento de usuários das águas do Rio Doce e disse que as cachoeiras cumprem um grande papel na oxigenação natural dos rios.

Presenças - Deputada Elisa Costa (PT), que presidiu, e os deputados Ronaldo Magalhães (PSDB), Rosângela Reis (PV) e Carlin Moura (PCdoB). Compôs a mesa ainda o secretário de Meio Ambiente de Governador Valadares, Amauri Pires de Alvarenga, que representava o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715