Compra de sistema de balística sem licitação divide opiniões na FFO

A dispensa de licitação para aquisição de sistema de identificação balística e comparação automática para o Instituto...

30/04/2008 - 00:02
 

Compra de sistema de balística sem licitação divide opiniões na FFO

A dispensa de licitação para aquisição de sistema de identificação balística e comparação automática para o Instituto de Criminalística de Minas Gerais dividiu a opinião dos deputados que participaram da audiência pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (30/4/08). Solicitada pelo deputado Lafayette de Andrada (PSDB), a reunião teve o objetivo de buscar esclarecimentos sobre o processo de licitação realizado no dia 28 de dezembro de 2007, por meio de pregão eletrônico. As duas empresas que participavam do processo, Wantek (sistema Evofinder) e Safetech (Sistema Ibis) não compareceram ao pregão.

De acordo com o delegado de polícia Décio Araújo Filho, pregoeiro da Polícia Civil, o pregão foi automaticamente declarado "deserto" e, no mesmo dia, foi comprado o equipamento da empresa Wantek. Segundo ele, se a compra não fosse feita naquele dia, eles perderiam os recursos orçamentários liberados para isso. O pregoeiro não soube explicar por que as empresas não compareceram ao leilão. O equipamento da Wantek custa R$ 1,8 milhão e o da Safetech, US$ 1,6 milhão (cerca de R$ 2,7 milhões). "Em quatro horas vocês compraram um equipamento de R$ 2 milhões?", questionou o deputado Jayro Lessa (DEM). Décio Araújo Filho disse que a pesquisa sobre os equipamentos estava sendo feita há seis meses.

Perito defende vantagens técnicas do equipamento adquirido

Questionado pelo deputado Sargento Rodrigues (PDT) sobre o funcionamento do sistema adquirido, o engenheiro perito do Instituto de Criminalística, João Bosco Silvino Júnior, disse que foi a Goiânia e testou o equipamento e que este atende às necessidades do instituto. Para o perito, as principais diferenças entre os produtos das duas empresas estão relacionadas à captura da imagem. Segundo ele, a Polícia Civil avaliou vários produtos em três anos e chegou a testar os equipamentos antes da aquisição. As principais vantagens do sistema adquirido, na opinião do engenheiro, é a captura de imagem em ambiente de luminosidade controlada e de imagem da extensão do projétil. "Não encontramos motivos para não adquirir esse sistema. Ele não apresenta nenhuma falha e possui vantagens técnicas em relação ao outro equipamento", defendeu.

Cautela - O deputado Antônio Júlio (PMDB) discordou da compra sem licitação por se tratar de um equipamento de alta tecnologia. "Acho que seria preciso ter mais cuidado nesses casos", alertou. Como cautelas necessárias, ele citou a verificação se a empresa fornecedora tem capacidade para fornecer o produto e prestar assistência técnica. Além disso, de acordo com o deputado, a Safetech ficou prejudicada pelas exigências do edital de licitação. O pregoeiro Décio Araújo Filho, no entanto, disse que as especificações do edital não restringiam a participação de nenhuma das empresas. Ele acrescentou ainda que não houve impugnação do edital, nem recursos à licitação deserta. "A denúncia ao Ministério Público só foi apresentada depois da publicação do contrato", afirmou o pregoeiro.

Na opinião do deputado Lafayette de Andrada (PSDB) não há motivo para dúvidas, porque o Estado teria adquirido os equipamentos da empresa que tinha o menor preço e a tecnologia mais eficiente. "Se fosse o inverso é que seria um problema", argumentou. Ele também descartou a hipótese de direcionamento do edital da licitação. O deputado Zé Maia (PSDB), presidente da comissão, concordou e acrescentou que o pregão eletrônico é a modalidade mais transparente de licitação. "As pessoas precisam parar de fazer denúncias vagas e irresponsáveis", criticou.

O deputado Gustavo Valadares (DEM) discordou do presidente da comissão e disse que toda empresa tem o direito de questionar o processo de licitação e compra, a qualquer tempo. "É também papel dos deputados apurar essas denúncias e fiscalizar os atos do Executivo", respondeu.

Após a reunião, em entrevista à imprensa, o gerente-técnico da Safetech, Marcos Passagli, criticou a compra de um sistema muito sofisticado por pregão eletrônico. Ele explicou que a Safetech representa uma empresa canadense que tem equipamentos instalados em 40 países, enquanto os equipamentos da concorrente são usados na Rússia, na Suíça, na Alemanha e em Chipre.

Segundo Passagli, quando foram procurados para participar do pregão, foram informados de que essa modalidade de licitação e a compra em moeda brasileira impediria a participação da empresa. Ele disse ainda que a empresa possui um sistema, instalado na Bahia, mais moderno que o adquirido por Minas. "O equipamento foi colocado à disposição para visitas, mas a Polícia Técnica Científica não enviou um perito para avaliar o sistema", explicou.

Presenças - Deputados Zé Maia (PSDB), presidente; Jayro Lessa (DEM), vice; Antônio Júlio (PMDB); Lafayette de Andrada (PSDB); Sebastião Helvécio (PDT); Sargento Rodrigues (PDT); Inácio Franco (PV); Gustavo Valadares (DEM) e a deputada Elisa Costa (PT). Além dos convidados citados na matéria, participaram da reunião o diretor de Material e Patrimônio da Polícia Civil do Estado, delegado David Rezende; e o superintendente de Planejamento, Gestão e Finanças da Polícia Civil, Nelson Constantino Silva Filho.

 

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