Crescimento do neonazismo é debatido em audiência pública

Um alerta para o crescimento vertiginoso do movimento neonazista no mundo. Essa foi a tônica da audiência pública rea...

29/04/2008 - 00:00
 

Crescimento do neonazismo é debatido em audiência pública

Um alerta para o crescimento vertiginoso do movimento neonazista no mundo. Essa foi a tônica da audiência pública realizada na noite desta terça-feira (29/4/08) pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, para relembrar o holocausto praticado durante a Segunda Guerra Mundial. A professora Adriana Dias, mestre em antropologia social pela Unicamp, apresentou os principais pontos de uma pesquisa realizada por ela desde 2002. Segundo o estudo, esses grupos racistas, que ameaçam não só judeus, mas, também, negros e homossexuais, crescem mais do que a população: naquele ano, existiam cerca de 8 mil sites na internet, em inglês, espanhol e português, exaltando o neonazismo; atualmente são mais de 16 mil.

Apenas no Orkut, o mais acessado site de relacionamento da rede mundial, são mais de 200 comunidades em português, das quais participam aproximadamente 10 mil pessoas. A preocupação da professora é com a capacidade de disseminação de informações e de influência da internet. Segundo ela, dos sites encontrados, 67% são feitos exclusivamente para exaltar o ódio racial e a caça às pessoas que não se enquadram na exigência de "raça pura", defendida pelos adeptos do movimento.

Os cálculos são de que existam cerca de 450 mil neonazistas nos Estados Unidos, 240 mil na Espanha, 145 mil no Brasil e 50 mil em Portugal. No País, o maior número de pessoas que acessam essas páginas está em Santa Catarina: cerca de 45 mil. Logo após vem o Rio Grande do Sul, com 42 mil; São Paulo, 29 mil; Paraná, 18 mil; e Distrito Federal, 8 mil.

Para acabar com a expansão de grupos racistas, Adriana Dias sugere uma legislação específica para crimes raciais e a tomada de medidas educativas que estimulem o respeito às diferenças entre as pessoas. "É preciso impedir que o holocausto se repita", apelou.

Deputados reforçam necessidade de contenção do movimento

O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), lembrou que o holocausto vem se repetindo durante toda a história da humanidade, em atos de intolerância contra povos e etnias. Ele citou a atual luta do povo tibetano e outras perseguições como contra cristãos, bruxos e comunistas. "Temos que construir uma nova sociedade humana, onde a tolerância tem que estar presente", afirmou.

O deputado João Leite (PSDB) anunciou a homenagem que a Assembléia fará dia 15 de maio aos 60 anos da independência de Israel, dizendo que a noite vai contribuir para a reflexão de todo mundo sobre as atrocidades cometidas contra o povo judeu. Ele também falou sobre uma sugestão apresentada pelo presidente da Federação Israelita do Estado de Minas Gerais, Sílvio Musman, de se criar uma delegacia especializada em crimes raciais.

Durante a audiência, foi feito um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do Holocausto, pela democracia e contra a intolerância. Seis sobreviventes de campos de concentração acenderam velas que, segundo Durval Ângelo, representaram a necessidade de se iluminar um novo caminho para a humanidade. Também foi exibido um vídeo sobre o extermínio no gueto de Varsóvia, onde 300 mil judeus foram enviados para campos de concentração e outros 100 mil foram mortos.

Requerimentos - Durante a reunião foram aprovados requerimentos. Dois do deputado Durval Ângelo, para realizar audiência pública, para discutir a punição de 14 trabalhadores da Cemig que tiveram 15 dias de suspensão, por participarem de em campanha salarial; e outro solicitando ao presidente do Tribunal de Justiça providências com relação ao crescimento do número de processos Vara de Execuções Criminais de Ribeirão das Neves, que duplicou no último ano.

Outro requerimento com a assinatura também do deputado, da Deputada Ana Maria Resende (PSDB), e dos deputados Carlin Moura (PCdoB) e Luiz Tadeu Leite (PMDB), em que sugerem uma audiência pública em Montes Claros, para discutir com a comunidade e autoridades locais, sobre o incidente ocorrido em 24 de abril, quando estudantes foram reprimidos com violência por policiais militares durante uma manifestação pelo "meio-passe". Outro requerimento Carlin Moura solicita uma reunião para debater com o escritor Bernado Jofily a histórica "Guerrilha Araguaia", e lançar o livro "O Gigante da Guerrilha- Osvaldão e a saga do Araguaia".

Um último requerimento, de Durval Ângelo e João Leite, solicita que seja formulada manifestação de aplauso ao promotor de Justiça da Comarca de Contagem, Mário Antônio da Conceição.

Presenças - deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Luiz Tadeu Leite (PMDB), vice; João Leite (PSDB) e citados na matéria, além de representantes da União Israelita em Belo Horizonte.

 

 

 

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