Divinópolis discute alternativas para o desenvolvimento sustentável

A adoção de uma legislação que, ao mesmo tempo, promova a preservação do meio ambiente e dê garantias e segurança às ...

28/04/2008 - 00:03
 

Divinópolis discute alternativas para o desenvolvimento sustentável

A adoção de uma legislação que, ao mesmo tempo, promova a preservação do meio ambiente e dê garantias e segurança às indústrias e empresas responsáveis por investimentos na área de exploração da atividade mineral em Minas Gerais. Esta foi a principal reivindicação feita pelos representantes do setor industrial, da sociedade civil organizada e do poder público que participaram, nesta segunda-feira (28/4/08), em Divinópolis, da etapa de interiorização do Seminário Legislativo Minas de Minas. Estiveram presentes os deputados Domingos Sávio (PSDB), representando o presidente da ALMG, deputado Alberto Pinto Coelho (PP); Doutor Rinaldo (PSB) e Padre João (PT), além de representantes de 12 municípios da região.

A diretora interina de Apoio Técnico da Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Alto São Francisco, Aline Faria Souza, defendeu que é possível realizar a exploração mineral e, ao mesmo tempo, respeitar o meio ambiente e a legislação ambiental. "Nós sabemos que a exploração mineral vai acontecer, então procuramos exigir compensações ambientais das indústrias no momento de conceder o licenciamento ambiental, como a criação de áreas de preservação permanente e de viveiros de mudas", afirmou.

Aline Faria explicou que, no Centro-Oeste do Estado, especialmente nos municípios de Pains e Arcos, existe uma das principais reservas de calcário do País. "É na exploração dessas reservas que encontramos os grandes problemas ambientais da região", disse. Segundo ela, a área onde está localizada a reserva é cortada pelo Rio São Francisco, tem presença de Mata Atlântica e possui importantes sítios arqueológicos e espeleológicos. Aline Faria afirmou que existem 175 processos com pedido de exploração formalizados no órgão ambiental. Entretanto, ela explicou que esses processos muitas vezes são demorados, pois exigem a anuência de vários órgãos das esferas estadual e federal. "Seria fundamental a integração desse órgãos para uma maior celeridade nos processos", defendeu.

Agilidade - Maior agilidade nos processos de licenciamento ambiental também foi uma das reivindicações feitas pelo vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Edwaldo Almada de Abreu. Ele defendeu que seja feito pelo poder público um zoneamento do território, definindo as áreas que podem ser exploradas e as que são consideradas de proteção ambiental. "Para que as indústrias tenham segurança em investir, é fundamental que sejam estabelecidos os prazos e os locais que podem ser explorados", considerou.

Edwaldo Almada de Abreu ainda afirmou que a Fiemg é contrária a qualquer exploração mineral feita de maneira irregular e que cause danos a áreas de preservação permanente ou contamine os rios, por exemplo. Entretanto, ele lembrou que não existe mineração sem dano ambiental. "É preciso compreender que a mineração é uma atividade essencial no mundo de hoje", destacou. Para Edwaldo de Abreu, o Brasil e Minas Gerais perderiam muito se deixassem de explorar suas riquezas minerais. "Devemos lembrar que a mineração trouxe desenvolvimento econômico e industrial para Minas Gerais", considerou.

Especialista apresenta sugestões para desenvolvimento sustentável

A valoração da área ambiental a ser explorada, a elaboração de um plano de fechamento das minas e a exigência de contratação de seguro para as barragens são algumas das sugestões para uma exploração sustentável dos recursos minerais, feitas pelo membro do Conselho da Unidade Regional do Colegiado do Alto São Francisco, Francisco de Assis Braga. Para ele, a exigência pelo poder público desses itens pode contribuir para diminuir os danos ambientais causados pela atividade mineradora.

Francisco de Assis Braga explicou que, para a valoração da área ambiental, é necessário analisar a sua biodiversidade, a presença de mananciais e de cursos de água, a sua beleza e o seu potencial turístico. De acordo com ele, atualmente a legislação prevê que, para realizar a exploração mineral, as indústrias devem fazer uma compensação ambiental, que é calculada de acordo com o valor do empreendimento. "Essa não é a melhor maneira de se calcular o valor a ser destinado para a recuperação ambiental. O valor do empreendimento não tem nenhuma relação com o valor ambiental da área", afirmou.

Ele também defendeu que as empresas tenham um plano de fechamento das minas. Segundo Francisco de Assis Braga, é preciso que antes mesmo de iniciado o empreendimento já seja definido o que será feito com os empregados no momento de fechamento da mina e as formas de reabilitação das áreas degradadas, por exemplo. Ele ainda considerou ser necessário que as empresas contratem um seguro de barragens para que, no caso de acidentes, existam recursos para recuperar as áreas devastadas. "Aliar a exploração mineral e a preservação ambiental é o grande desafio de hoje", afirmou.

Divinópolis - Localizada no Centro-Oeste mineiro, Divinópolis e os municípios da região que possuem atividades ligadas à mineração possuem como principais produtos o gusa, as fundições, a extração de calcário e granito. A região é responsável por 30% da produção de gusa em Minas Gerais. Segundo o consultor técnico da ALMG Julio Bedê, a mineração representa 31% do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais, sendo que o Estado é responsável por 44% da produção de minério no País.

Autoridades lembram a importância da atividade mineradora

Vários representantes do poder público local e deputados lembraram a importância que a atividade mineradora tem para Minas Gerais e para a região de Divinópolis. Na abertura do evento, o deputado Domingos Sávio leu uma mensagem enviada pelo presidente da ALMG, deputado Alberto Pinto Coelho. Ele destacou a importância de Divinópolis e dos municípios da região Centro-Oeste na atividade de extração mineral em Minas Gerais.

Na mensagem, Alberto Pinto Coelho lembrou que Divinópolis é a quinta cidade em Minas Gerais com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano, além de ter sido considerada pela revista Exame como um dos 10 melhores municípios mineiros para se investir. Já o deputado Domingos Sávio lembrou a importância da mineração para o Estado. "Essa atividade econômica de grande importância atinge direta ou indiretamente a vida de todos os mineiros", destacou. Para Domingos Sávio, Divinópolis e os municípios da região podem contribuir muito para que se encontrem soluções para o crescimento da atividade mineradora em conjunto com a preservação dos recursos naturais.

O deputado Doutor Rinaldo (PSB) também destacou a importância de que a região leve propostas para a etapa final do Seminário Minas de Minas, que será realizada em Belo Horizonte. Já o deputado Padre João (PT) considerou que a legislação brasileira estabelece que o subsolo e suas riquezas pertencem à União. "Se pertence à União, pertence a todo o povo brasileiro, portanto suas riquezas devem servir para contribuir para a qualidade de vida de toda a população", afirmou. Padre João ainda lembrou a importância de que os prefeitos aproveitem os recursos da mineração para incentivar o desenvolvimento de outras atividades econômicas.

Responsabilidade ambiental - O secretário de Desenvolvimento Econômico de Divinópolis, Élcio Penha, afirmou que é muito importante que o desenvolvimento sustentável seja discutido na região. "A exploração dos nossos recursos tem de ser feita de maneira sustentável", considerou. O presidente da Câmara Municipal de Divinópolis, vereador Marcos Vinícius Alves da Silva, também defendeu que a riqueza e o desenvolvimento econômico gerados pela exploração dos recursos minerais seja acompanhada de responsabilidade ambiental. Na abertura do evento, o consultor técnico da ALMG Júlio Bedê falou sobre a mineração em Minas Gerais.

Grupos discutem propostas e elegem delegados

As principais questões discutidas nos dois grupos de trabalho foram as dificuldades de entendimento entre os órgãos federais e estaduais para aprovação de empreendimentos e a necessidade de inserir as prefeituras nos processo de licenciamento ambiental.

Entre as propostas do grupo 1, destacam-se a criação de um fundo estadual para financiar projetos emergenciais e a recuperação ambiental, especialmente em casos de acidentes ambientais; a inserção das prefeituras nos processos de licenciamento e fiscalização de atividades de menor potencial poluidor, como a extração de areia e argila; e a implantação de um centro de pesquisas ambientais voltado para a mineração em Divinópolis.

O grupo 2 propõe a implantação do zoneamento econômico e ecológico para evitar a instabilidade na decisão do investidor; harmonização da Cfem, com definição clara da base de cálculo e alíquota; e a desoneração tributária para fundições em razão do preço elevado dos insumos.

Os delegados eleitos para a etapa final do seminário são, representando a sociedade civil, Evandro Arantes Soares, Rodrigo Faria Almeida, Francisco de Assis Braga, Dorival Missaria e Joana Santos Costa; representando o poder público, Ralim Dias Mileibo, Vladimir de Faria Azevedo, Amir Otoni de Oliveira e Cristiano Dias Carneiro; e, representando o setor produtivo, Américo de Oliveira Gonçalves, José Luís Monteiro Campos, e Edwaldo Almada de Abreu.

Presenças - Deputados Domingos Sávio (PSDB), Doutor Rinaldo (PSB) e Padre João (PT); e, além dos convidados já citados, o presidente da Fiemg da região Centro-Oeste, Afonso Gonzaga; e o vereador Vladimir Azevedo.

 

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