Preocupação com qualidade da água marca seminário em Poços de Caldas

A preocupação com a necessidade de se preservar as águas e suas nascentes no Estado marcaram a segunda etapa regional...

25/04/2008 - 00:03
 

Preocupação com qualidade da água marca seminário em Poços de Caldas

A preocupação com a necessidade de se preservar as águas e suas nascentes no Estado marcaram a segunda etapa regional do Seminário Legislativo Minas de Minas, realizado nesta sexta-feira (25/4/08) em Poços de Caldas pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

Durante todo o dia, autoridades, ambientalistas e representantes do setor produtivo estiveram reunidos na estância hidromineral do Sul de Minas, discutindo propostas para a elaboração de uma política minerária estadual.

"A água é um mineral de grande valor econômico, mas deve ser sempre encarada como um recurso finito, sujeito à escassez", advertiu o vice-presidente da Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae), Rodopiano Marques Evangelista, que defendeu a criação de áreas de proteção permanente, principalmente na região do Circuito das Águas. "Existem áreas que não podem ser mexidas em hipótese nenhuma", enfatizou.

Rodopiano reivindicou um levantamento das fontes poluidoras e da situação sanitária dos municípios da região, e reconheceu que Poços de Caldas tem grande potencial a ser explorado. "Apesar da existência de um grande e profundo aqüífero, as vazões atuais são baixas. Por isso alguns empreendimentos no Centro da cidade, por exemplo, são temerosos e devem ser muito bem estudados".

Depois de mostrar as conseqüências negativas causadas pela mineração, a representante da Associação Ambiental do Sul de Minas (Asmig), Ângela Marques dos Santos, defendeu, além de uma legislação especifica para os mananciais, políticas públicas de proteção aos aqüíferos e de combate ao desperdício. "O mundo inteiro grita por água. Não sou contra a atividade mineradora, mas temos que trabalhar para que ela garanta o desenvolvimento futuro", completou.

Por falar em futuro, o deputado Antônio Genaro (PSC) mostrou-se preocupado com os jovens, que segundo ele "costumam pensar que tudo é inesgotável e existe em abundância". Ele classificou Poços como uma cidade abençoada pelas riquezas naturais e desejou que os jovens soubessem valorizar a natureza como "uma preciosidade".

O deputado Padre João (PT) defendeu que os lucros da atividade mineradora devem ser socializados e distribuídos na forma de políticas públicas de educação, emprego e saúde. "A lei diz que os bens minerais são da União, mas a riqueza por eles gerada deve chegar a todos".

Indústria extrativista gera empregos

O representante da Associação dos Mineradores do Planalto de Poços de Caldas, Hamilton Wuo, defendeu as empresas instaladas na região e alertou para a grande quantidade de postos de trabalho gerados pelo setor, que responde por 2.500 empregos diretos e outros 10 mil indiretos.

Ele destacou os projetos socioambientais desenvolvidos pelas companhias instaladas na região, como a doação de mudas, a recuperação de matas ciliares, o monitoramento de recursos hídricos e os programas educacionais.

"Qualquer atividade econômica causa impactos ambientais, mas a palavra degradação deve se referir apenas às atividades clandestinas, sem fiscalização. As mineradoras de Poços atuam na recuperação de áreas atingidas até por terceiros", disse Wuo.

Alumínio e bauxita entre as maiores riquezas

Dezoito cidades da região estiveram representadas no seminário de Poços. A cidade, de 150 mil habitantes, além de pólo turístico e hidromineral, é importante produtor de bauxita, alumínio, ferro, rochas ornamentais e fosfato.

As primeiras indústrias de porte instalaram-se nos anos 70, explorando as grandes jazidas de bauxita. A Alcoa, uma das líderes mundiais na produção de alumínio, é hoje a maior empresa do município. A atividade industrial representa 57% da arrecadação municipal, contra 18% do setor primário e 18% do terciário.

Trinta e nove municípios da região arrecadaram em 2007 R$ 3,4 milhões de Cfem, uma espécie de royalty pago pela mineração. Poços ficou com R$ 1,13 milhão, seguido por Pratápolis, com R$ 530 mil.

Grupos de trabalho se reúnem

Na parte da tarde, os grupos de trabalho discutiram a sustentabilidade da mineração, o sistema federativo e a atividade mineradora. Entre as propostas apresentadas pelos grupos, estão a necessidade de intensificação da fiscalização sobre o transporte de minérios e a revisão da legislação para eliminar normas conflitantes. Eles também pediram que se obrigue as mineradoras a resgatar plantas nativas e providenciar mudas para garantir a sua preservação, antes de iniciar o desmatamento para dar lugar às atividades minerárias.

Foram escolhidos 13 delegados e um suplente para representar a região na etapa final do seminário em Belo Horizonte. São eles: Ana Maria Marcondes, Luís Augusto Lima, Isac Ribeiro, Hamilton Wuo, José Cristiano Vilas Boas, Simone Gonçalves, Marisa Barbosa, Bruno del Guerra, Jorge Penha, Rodopiano Evangelista, Maria Tereza Miguel, Antônio Francisco da Silva e Ângela dos Santos.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), que representou o presidente Alberto Pinto Coelho (PP); Antônio Carlos Arantes (PSC), Antônio Genaro (PSC), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) e Padre João (PT).

 

 

 

 

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