Minas não vive epidemia de dengue, segundo representante da SES

"O Estado de Minas Gerais, como um todo, não está vivendo uma epidemia de dengue, mas existem municípios que merecem ...

23/04/2008 - 00:01
 

Minas não vive epidemia de dengue, segundo representante da SES

"O Estado de Minas Gerais, como um todo, não está vivendo uma epidemia de dengue, mas existem municípios que merecem atenção". Essa afirmação foi feita pelo gerente de Vigilância Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Francisco Leopoldo Lemos, em audiência pública da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, na manhã desta quarta-feira (23/4/08), para discutir medidas de prevenção da dengue e combate ao mosquito Aedes Aeghpti. Francisco Lemos apresentou as ações da SES contra a doença e lembrou da importância da mobilização da população nessa luta. Segundo ele, até abril deste ano, foram notificados 21.891 casos de dengue no Estado e a tendência é que o número diminua em relação a 2007, quando foram notificados 44.025 casos. "Devemos fechar o ano de 2008 com cerca de 30 mil casos de dengue", afirmou. Dos números de 2008, já foram confirmadas duas mortes com a doença em Minas.

Os parlamentares presentes à reunião pediram empenho e atenção especial nas ações de combate a dengue para os municípios mineiros que vivem situação de epidemia, como Pedra Azul, no Norte de Minas, que apresentou, somente este ano, 1.800 casos de dengue, segundo o deputado Carlos Pimenta (PDT), um dos autores do requerimento para a reunião. O deputado Délio Malheiros (PV), outro autor do requerimento para a audiência pública, pediu empenho para os municípios de Cataguases, Leopoldina e Além Paraíba, que estão próximos do Rio de Janeiro, Estado que vive atualmente uma epidemia de dengue. "É meu dever acompanhar as ações do Município e do Estado e saber quais providências serão tomadas para uma eventual epidemia", afirmou Malheiros.

Segundo o representante da SES, o Estado está preparado para atender a situação atual e, caso haja uma epidemia, a Defesa Civil está se preparando para entrar em ação. De acordo com ele, o Estado está trabalhando para controlar a dengue e alcançar três metas: reduzir a infestação do Aedes Aeghpti a menos de 1%; diminuir gradativamente os números da doença em 25% por ano; e reduzir, para um caso a cada 100, a letalidade da febre hemorrágica. Destacou ainda a importância de não relaxar nas ações de combate à dengue, principalmente nos 85 municípios considerados prioritários pelo Estado e outras 70 cidades, em menor escala. "Nós não trabalhamos durante o furacão, mas o ano todo, preventivamente", salientou.

Ações e problemas - Como ação da Secretaria de Estado de Saúde, Francisco Lemos lembrou do Plano de Intensificação do Controle da Dengue para a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), criado em 2006, e que foi ampliado para todo o Estado. Destacou ainda o treinamento de profissionais da atenção básica e dos 12 mil agentes permanentes de controle da doença e a confecção de cartilhas e folders orientando a população. "Mais de 90% da população sabe dos focos do mosquito e quais ações deve tomar, mas apenas 50% toma as atitudes de forma permanente", disse o representante da SES.

Como problemas a enfrentar, Francisco Lemos alertou para o número insuficiente de agentes em municípios importantes do Estado e a carga horária de seis horas desses profissionais, que deveria ser revista. Alertou ainda para a necessidade de parceria com os órgãos públicos no combate à doença. "Não existe medida única eficaz, existem medidas concomitantes, que variam de acordo com a situação de cada município", ponderou.

Belo Horizonte vem controlando a doença há dez anos

A gerente de Vigilância à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Celeste de Souza Rodrigues, destacou que a cidade vem controlando a incidência da doença desde 1998, quando a Capital mineira viveu uma epidemia de dengue com 90 mil casos registrados. Em 2007, foram confirmados 5.700 casos, sendo que apenas 90 foram registrados no segundo semestre. Segundo Celeste, essa informação mostra como a concentração da doença é grande nos primeiros meses do ano. Em 2008, já foram confirmados 2.400 casos, dos 6.200 notificados, sem nenhum óbito. "Comparando com o ano passado, temos apresentado os mesmos registros", afirmou Celeste Rodrigues, que informou que 70% dos casos deste ano estão ocorrendo na Regional Nordeste.

De acordo com a representante da Secretaria Municipal de Saúde, o município gasta R$ 1,5 milhão por mês no combate à dengue, sendo que parte dos recursos vem do Ministério da Saúde e o restante é proveniente da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Atualmente, trabalham em campo cerca de 1.000 agentes sanitários. "Fazemos visitas quinzenais a cerca de 850 pontos estratégicos no combate ao mosquito", afirmou. Informou ainda que a secretaria tem capacitado os profissionais da rede primária no atendimento às pessoas com sintoma da doença.

Celeste de Souza Rodrigues disse ainda que a PBH tem feito mutirões em áreas de risco para recolher lixo das casas: "Em Belo Horizonte, 70% dos focos estão nas residências". Por outro lado, ela destacou que a secretaria tem dado atenção especial a outros focos do mosquito, como os pátios de carros apreendidos pelo Detran, os bota-fora às margens do Anel Rodoviário, os imóveis fechados, os pneus velhos, e em especial uma área da Copasa, no Barreiro, onde estão estocados tubos de rede da companhia.

As exposições dos representantes da SES e da PBH foram reforçadas pelo presidente do Colegiado de Secretários Municipais de Saúde (Cosems), Mauro Guimarães Junqueira. "Embora a situação seja grave, principalmente no sentido de mantermos em alerta os municípios com maior incidência, estamos com número menor de casos do que no passado. Isso significa que estamos trabalhando, que a situação está sob controle no Estado", afirmou Mauro Junqueira.

Requerimentos pedem providências quanto à dengue

Durante a reunião, foram aprovados três requerimentos, todos voltados ao combate à dengue. Um, do deputado Carlos Pimenta, pede envio de ofício ao governador Aécio Neves e ao presidente da Copasa, Márcio Augusto Vasconcelos Nunes, solicitando apoio na promoção de programa de limpeza de córregos e rios do município de Pedra Azul, como ação de combate à dengue. Outro requerimento, do deputado Délio Malheiros, pede realização de audiência pública no município de Além Paraíba para conhecer as ações de combate à dengue na região. E por fim, requerimento do deputado Ruy Muniz (DEM), solicita ao diretor Científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), Mário Neto Borges, a criação de programa especial de fomento para os pesquisadores da UFMG, que estão desenvolvendo uma vacina contra a dengue, a partir da mutação do vírus.

O presidente da comissão, deputado Carlos Mosconi (PSDB), mostrou-se preocupado com o lixo domiciliar e perguntou se a água limpa é o principal foco de procriação do mosquito. A pergunta foi respondida pelo gerente de Vigilância Ambiental da SES, ao dizer que a água limpa e parada é o principal criadouro do mosquito. Para o deputado Ruy Muniz, é necessário refletir sobre a gestão da área de saúde e questionou se os agentes de campo estão capacitados para orientar a população. Já o deputado Vanderlei Jangrossi (PP) ressaltou o trabalho de prevenção, no sentido de evitar o acúmulo de água parada.

O deputado Carlos Pimenta lembrou do relatório do Ministério da Saúde que alerta sobre risco de epidemia, em 2009, em 16 estados brasileiros, inclusive Minas Gerais. Pediu ainda auxílio dos governos estadual e federal às prefeituras. "Algumas regiões apresentam quadro epidêmico. Temos que somar esforços porque as prefeituras não têm como agir sozinhas", ponderou. Délio Malheiros pediu atenção especial para o município de Além Paraíba, o que foi aprovado na forma de requerimento, e sugeriu que seja incluída na avaliação do IPTU o padrão de limpeza do imóvel.

Números da doença em Minas - Dados da Secretaria de Estado de Saúde mostram os municípios com maior número de casos notificados em 2008, considerando a incidência por 100 mil habitantes. Lassance lidera estes números, com incidência de 4.430 casos por 100 mil habitantes, seguida de Pedra Azul (3.631), Itabobim (3.564), Mutum (3.227), São João do Oriente (3.032), Dores do Indaiá (2.855), Ipanema (2.661) e Mantena (2.423).

Em 2002, foram notificados 60.078 casos no Estado, baixando para 23.914, em 2003: 20.460 casos em 2004; 20.293 em 2005; e aumentando em 2006 para 41.373 casos e em 2007 com 44.025 notificações.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Carlos Pimenta (PDT), Doutor Rinaldo (PSB), Ruy Muniz (DEM), Délio Malheiros (PV) e Vanderlei Jangrossi (PP). Além dos convidados citados na matéria, participaram da reunião o diretor da Vigilância de Saúde de Uberaba, Marco Túlio Azevedo Cury; e o conselheiro Municipal de Saúde, Sérgio Hirle.

 

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