Crescimento das infrações de trânsito preocupa autoridades

Infrações de trânsito como avanço de sinal e excesso de velocidade registradas em Belo Horizonte, na comparação dos a...

17/04/2008 - 00:01
 

Crescimento das infrações de trânsito preocupa autoridades

Infrações de trânsito como avanço de sinal e excesso de velocidade registradas em Belo Horizonte, na comparação dos anos de 2003 e 2007, apresentaram, respectivamente, crescimento de 40% e 50%. O número de motoristas usando celular no volante teve aumento ainda mais expressivo: se em 2003 houve 20 mil infrações desse tipo, 2007 teve a marca de 42 mil casos, o que corresponde a um aumento de 108%. Os números foram passados pelo comandante da 1ª Cia. Independente de Trânsito da Polícia Militar, coronel Roberto Lemos, em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quinta-feira (17/4/08).

A reunião integrou a série de debates que a comissão tem feito desde o ano passado para buscar sugestões de ações que possam diminuir a violência e os acidentes de trânsito no Estado, como lembrou o presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT). Desta vez, participaram autoridades das forças do poder público, como Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Detran, DER e BHTrans. Na reunião, as autoridades destacaram a necessidade de aumentar a fiscalização, mas foram unânimes em destacar que, para a prevenção desses problemas, a busca da educação e da conscientização de motoristas e pedestres é essencial. Segundo Durval Ângelo, o objetivo é que a comissão adote ações efetivas para contribuir com a questão, seja pressionando por mudanças no Congresso, seja em ações concretas que possam ser feitas no Estado.

Motoristas e pedestres devem mudar postura

Para o comandante da 1ª Cia. Independente de Trânsito, uma mudança depende muito da tomada de consciência, por cada um, da responsabilidade que possui, pois muitos só costumam adotar nova postura depois que acontece uma tragédia com alguém próximo. O número impressionante de casos de avanço de sinal nos cruzamentos mais centrais da Capital, como mencionou, é um exemplo claro de que os condutores não pensam que há riscos concretos ao cometer infrações de trânsito, junto com a sensação de impunidade.

O chefe do Detran-MG, Oliveira Santiago Maciel, lembrou que quando surgem novas normas, como o novo Código de Trânsito ou a proibição de venda de bebida em rodovias, ocorre diminuição no número de acidentes, por causa do reforço na fiscalização e da grande mobilização social. Mas pouco a pouco os acidentes voltam a aumentar, como ele lembrou: "O nosso código é um dos melhores do mundo. Mas enquanto não houver uma mudança de comportamento e se investir em educação, corremos o risco de discutir as mesmas coisas daqui dez anos".

O gerente de Operação de Trânsito do DER-MG, Ivan Godoi, listou algumas dificuldades do setor. Segundo ele, além da necessidade de implementação de ações educativas, há problemas enfrentados diariamente, como os altos custos para recuperação das rodovias (cada km exige gastos de R$ 200 mil), o controle do peso dos veículos e a aplicação da legislação complementar do Código de Trânsito, que é freqüentemente modificada, trazendo problemas para as autoridades da fiscalização e para os próprios condutores.

Para o comandante operacional do Corpo de Bombeiros, Cláudio Teixeira, entre as principais causas de acidentes de trânsito estão a sensação de impunidade dos motoristas, a fiscalização ainda tímida, a imprudência de motoristas e pedestres e as más condições das rodovias. Para ele, são medidas necessárias a vistoria anual da frota circulante, o reforço de blitz, a adoção de novos critérios para obtenção da carteira de motorista e a qualificação do transporte coletivo. "As responsabilidades são de todos, o esforço deve ser concentrado", reforçou o diretor de Ação Regional e Operação da BHTrans, Marcos Fontoura de Oliveira, que falou sobre várias ações que estão sendo feitas como resultado da integração entre os órgãos responsáveis pelo trânsito.

Na reunião, o professor de Educação para o Trânsito Sebastião Alexandre Ramos relatou estudo que realizou e apresentou como sugestão de mudança no Código de Trânsito. Segundo ele, além de ser necessário adotar o uso do tacógrafo para todos os veículos, uma providência importante seria adotar a seguinte regra: sempre que cometer uma infração, o motorista terá uma anotação de advertência no verso de sua carteira. Na terceira vez, ele teria sua carteira recolhida, só a recuperando após fazer curso de educação para o trânsito.

Deputados cobram investimentos

O deputado Luiz Tadeu Leite (PMDB) falou sobre a sensação de impunidade por parte da população e deu como exemplo o caso de muitos pais que permitem que seus filhos menores de 18 anos dirijam, acreditando que nada acontecerá. Ele defende que a Assembléia tome a frente de uma campanha educativa para o trânsito. O deputado João Leite (PSDB) apresentou requerimento, aprovado, pedindo ao Ministério dos Transportes e ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte (Dnit) a instalação e a reativação das balanças nas rodovias federais que passam pelo Estado. Já o deputado Ruy Muniz (DEM) cobrou mais investimentos em educação e no transporte de estudantes, que, para ele, deve ser gratuito e com segurança, e apresentou cinco requerimentos pedindo providências sobre segurança no trânsito.

Esses requerimentos pedem a realização de audiência com a Comissão de Transportes para debater a segurança no transporte de bobinas de aço no Estado; e o envio de ofício ao seguintes órgãos: ao DER-MG e à BHTrans, para instalação de mecanismos de proteção nas passarelas em rodovias estaduais e vias públicas; à Presidência da República e ao Ministério dos Transportes, para liberação de recursos para o término das obras do metrô da Belo Horizonte; à Secretaria de Estado de Saúde e ao Governo do Estado, para melhoria da infra-estrutura dos hospitais para atendimento de acidentes de trânsito; e ao Governo do Estado, para instalação e reativação das balanças localizadas nas rodovias estaduais. Outro requerimento, do deputado João Leite, pede ao Ministério dos Transportes e ao Dnit a instalação e a reativação das balanças nas rodovias federais no Estado.

A comissão também aprovou outros três requerimentos. Dois são do deputado Carlin Moura (PCdoB) e pedem a realização de visita ao assentamento de trabalhadores rurais na Fazenda Córrego dos Coités (município de Capelinha); e a formulação de apelo ao juiz da Vara de Conflitos Agrários do Estado para suspender a ordem de desocupação expedida no processo judicial que trata dessa fazenda. O outro foi do deputado Durval Ângelo, que pede uma audiência pública para discutir a construção de conjunto habitacional no campo do Farroupilha Futebol Clube, em Contagem.

Pinga-fogo - Na segunda parte da reunião, conhecida como "pinga-fogo", várias pessoas usaram a palavra para fazer denúncias e pedir ajuda à comissão. Um morador de Pedro Leopoldo reclamou da falta de infra-estrutura do bairro Manoel Brandão, onde mora, e cobrou que a prefeitura da cidade tome providências. Outra denúncia partiu de uma moradora do bairro Santa Rosa, que relatou suposto abuso de poder por parte de policiais da Rotam, que teriam agredido o filho dela de 15 anos.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Luiz Tadeu Leite (PMDB), vice; João Leite (PSDB) e Ruy Muniz (DEM).

 

 

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