Promotor defende o inventário na proteção de patrimônios do Estado

O promotor especializado na defesa de bens históricos e culturais, Marcos Paulo de Souza Miranda, questionou a prátic...

15/04/2008 - 00:00
 

Promotor defende o inventário na proteção de patrimônios do Estado

O promotor especializado na defesa de bens históricos e culturais, Marcos Paulo de Souza Miranda, questionou a prática excessiva de tombamentos como recurso único para proteção do patrimônio no Estado. Marcos foi um dos convidados da Comissão de Cultura da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, que realizou, nesta terça-feira (15/04/08), uma reunião para tratar do assunto.

Ele lembrou que há outros mecanismos importantes de proteção ao patrimônio que podem ser utilizados, como o inventário, o registro, a vigilância e a lei. "O tombamento não é solução para todos os problemas. É obtuso e restringe muito a propriedade. Existem outros mecanismos eficazes, então, por que não usá-los?", questionou.

O promotor defendeu a maior utilização do inventário, que, segundo ele, é adotado com sucesso em vários países. "É um instrumento perfeitamente válido, que gera menos ônus ao particular e mais segurança jurídica", defendeu Marcus, que é coordenador da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Turístico de Minas Gerais.

O diretor de Promoção do Iepha/MG, Carlos Henrique Rangel, também destacou a importância do inventário, que inclusive ajuda o município na elaboração do plano diretor, mas lembrou que seu alcance é mais restrito. "O Iepha adotou o inventário a partir de 1984 e, inicialmente, não gerou o nível de proteção que gostaríamos. O inventário não garante, por exemplo, o entorno de um imóvel", ponderou.

Rangel defendeu formas de auxílio e subsídios aos donos de imóveis tombados. "O proprietário de um imóvel tombado não tem direito a nada, só despesas. Não é fácil cuidar deste tipo de patrimônio. Uma simples isenção de IPTU não é o bastante. É preciso criar subsídios também nas esferas estadual e federal".

O representante do Iepha criticou o tombamento sem critérios e sem a participação da sociedade. "Não adianta nada tombar se a comunidade não reconhece aquele patrimônio como seu. Tem que haver envolvimento das pessoas. Elas é que vão legitimar o ato". A diretora de Proteção e Memória do Iepha/MG, Maria Marta Martins de Araújo, também defendeu a participação popular na política de proteção aos bens históricos e culturais e esclareceu dúvidas dos deputados sobre o assunto.

Justificativa - "É dever da Comissão de Cultura proteger o patrimônio mineiro, por isso nossa intenção é esclarecer pontos duvidosos sobre o assunto e colher subsídios técnicos para que possamos cumprir nosso trabalho da melhor maneira possível", justificou a deputada Gláucia Brandão (PPS), autora do requerimento que deu origem à reunião.

Ela informou ainda que os convidados podem dar sugestões para aprimorar o Projeto de Lei 1.698/ 07, de sua autoria, que regulamenta o regime jurídico dos bens materiais inventariados como patrimônio cultural no Estado. "O projeto está pronto para a ordem do dia no Plenário, onde pode receber emendas. As contribuições serão bem-vindas", avisou.

O deputado Carlin Moura (PCdoB) advertiu que o patrimônio não pode esperar pela burocracia do Poder Público e defendeu a tese de que a proteção é questão de política de Estado "e não política de governo, que é bem mais suscetível de mudanças". Carlin e Eros Biondini (PHS) elogiaram a iniciativa da Comissão Cultura em realizar a reunião.

Presenças - Deputada Gláucia Brandão (PPS), presidente da Comissão, e deputados Carlin Moura (PCdoB) e Eros Biondini (PHS).

 

 

 

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