Criação da carreira de médico no Estado é defendida em
audiência
Representantes do Sindicato dos Médicos e do
Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM/MG) defendem a
criação da carreira de médico no Estado. O incentivo a políticas de
interiorização e implantação de plano de carreira, cargos e salários
como estímulo para que mais profissionais da medicina se estabeleçam
no interior de Minas Gerais foi o tema debatido na audiência pública
desta terça-feira (15/4/08), solicitada pela deputada Ana Maria
Resende (PSDB), na Comissão de Administração Pública da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais. Além das duas entidades, que deixaram
clara sua opinião sobre o tema, também compareceram representantes
da Secretaria de Estado da Saúde e de Planejamento e Gestão
(Seplag).
"Acompanhando nossas lideranças, verificamos a
dificuldade de manter médicos em pequenas cidades, sobretudo no
Norte de Minas. Precisamos encontrar uma forma de resolver esse
problema", disse Ana Maria Resende. Ela sugeriu que os residentes
terminassem sua prática em cidades do interior, tese que foi
questionada durante a audiência pelos debatedores. Para o presidente
do Sindicato dos Médicos, Cristiano da Matta Machado, a solução do
problema passa pela criação de um vínculo adequado do médico ao
sistema público de saúde. "O médico não quer só salário. É preciso
que seja estudada a possibilidade de criação da carreira de médico
no Estado", argumentou.
Segundo ele, a exemplo da carreira jurídica, a
solução seria dar a possibilidade de progressão na carreira, com o
médico concursado começando seu trabalho em cidades menores. Machado
repassou à deputada uma série de documentos com informações que
poderiam subsidiar a análise da questão, como uma minuta de projeto
que foi entregue à Câmara Municipal de Contagem com sugestão de
plano de carreira para médicos no município. Citou também um estudo
solicitado à Fundação Getúlio Vargas pela Federação Nacional dos
Médicos sobre um plano de diretrizes de carreira.
O secretário do CRM/MG, José Afonso Soares,
concordou com o presidente do sindicato. "Também entendemos que no
interior é preciso ter uma carreira de Estado para médicos. A
municipalização trouxe ganhos, mas também pontos negativos", disse
ele, comentando sobre como as implicações políticas locais podem
afetar o trabalho de médicos que atuam no Programa de Saúde da
Família (PSF). "Em certos casos, se o médico não atua de acordo com
o prefeito, ele sai e outro é contratado no lugar. Achamos que tem
que haver certa independência, assim como ocorre com os promotores",
comentou. Ele destacou que a contratação por meio da Secretaria de
Saúde é uma mudança complicada. "Isso quebraria a lógica da
municipalização, mas temos que pensar nisso." Lembrando que o
senador Cristovam Buarque (PDT/DF) defende a nacionalização da
educação, Ana Maria Resende questionou: "Quem sabe não temos que
quebrar esse paradigma?"
Diagnóstico sobre retenção dos médicos no interior
será divulgado no início de 2009
Criado para discutir o papel do Estado na gestão,
formação e desenvolvimento dos recursos humanos da saúde, o
Observatório de Recursos Humanos em Saúde deve apresentar até o
início de 2009 os resultados finais de um estudo que está sendo
realizado para diagnosticar a atração e retenção dos médicos no
interior do Estado. A informação foi dada pela diretora de Recursos
Humanos da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES/MG),
Juliana Barbosa de Oliveira. Segundo ela, mesmo com bons salários,
há dificuldade de preencher os cargos de médicos no interior.
"Variáveis como solidão, isolamento, falta de estrutura e a relação
com o gestor político contam negativamente", afirmou.
Ao mesmo tempo, segundo ela, a presença do cônjuge
na cidade, a volta à cidade natal, a realização pessoal e a
possibilidade de uma boa formação são alguns pontos fortes e
positivos de atração. O Observatório é uma parceria entre a
Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES/MG), a
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por meio da Faculdade
de Ciências Econômicas (Face) e do Núcleo interdisciplinar sobre
gestão em organizações não-empresariais (Nig.one), ligado ao
Departamento de Ciências Administrativas (CAD) e ao Centro de
Pós-Graduação e Pesquisas em Administração (Cepead) da UFMG.
Presentes à reunião, a diretora da Superintendência
Central de Políticas de Recursos Humanos, Naide Souza Albuquerque
Roquete, e a diretora Central de Carreiras e Remuneração, Luciana
Meireles Ribeiro, ambas da Seplag, enfatizaram que o diagnóstico que
está sendo feito é essencial. "A Fhemig e o Hemominas já têm
carreira e mesmo assim existe a dificuldade de retenção dos
profissionais da saúde", disse Luciana.
Presenças - Deputados
Ademir Lucas (PSDB), vice-presidente; Inácio Franco (PV), Ivair
Nogueira (PMDB), e deputada Ana Maria Resende (PSDB). Além dos
convidados citados, compareceu também o assessor da Secretaria de
Saúde Luiz Carlos dos Santos.
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