Vistoria constata irregularidades no aterro sanitário de Valadares

Localização a menos de 500 metros de núcleo populacional, tratamento inadequado de efluentes e de chorume, proximidad...

14/04/2008 - 00:01
 

Vistoria constata irregularidades no aterro sanitário de Valadares

Localização a menos de 500 metros de núcleo populacional, tratamento inadequado de efluentes e de chorume, proximidade com curso d'água e lixo a céu aberto foram condições encontradas pelo deputado Almir Paraca (PT) e pela deputada Elisa Costa (PT), em vistoria da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais no aterro sanitário de Governador Valadares, nesta segunda-feira (14/4/08). Depois de irem ao aterro, os deputados ouviram queixas da população sobre o problema em audiência pública na Câmara Municipal, que foi acompanhada por moradores, ambientalistas, estudantes, políticos da região e catadores de papel.

"Pudemos confirmar que o local onde antes funcionava o aterro sanitário hoje se transformou novamente num lixão, com grande risco de proliferação de doenças", afirmou a deputada Elisa Costa, autora do requerimento pela audiência. A deputada fez um histórico sobre a situação do local, que antigamente era chamado Lixão de Turmalina e chegou a sofrer uma intervenção em 2001, quando foram adotadas várias medidas para controle ambiental e social. Mas, de acordo com Elisa Costa, há vários anos a situação foi novamente se complicando no aterro. "Uma cidade de 260 mil habitantes não pode conviver com um lixão. É preciso buscar uma alternativa urgente para resolver a gestão dos resíduos sólidos em Governador Valadares", cobrou a deputada.

O promotor Leonardo Castro Maia, da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, confirmou a existência de irregularidades que configuram descumprimento de dois compromissos de ajustamento de conduta firmado entre o Ministério Público e o município em 1999 e 2006. Além da disposição de resíduos em local inadequado, o promotor apontou falta de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, ausência de política de coleta seletiva, denso povoamento no entorno do aterro e falta de licenciamento para operação. Ele informou que, recentemente, foram ajuizadas duas ações na Justiça contra o município, que levaram em conta estudo sobre o aterro apresentado em janeiro deste ano pela Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Supram), que constatou esses problemas.

Após a vistoria da Supram o município foi autuado, como informou o analista ambiental do órgão, Gláucio Barro. "É impossível conceber um aterro funcionando dessa forma. Há grande dificuldade para que o local volte a funcionar como aterro. É preciso uma alternativa para encerrá-lo, construindo uma nova área. A legislação ambiental é bastante clara", disse o analista. O presidente da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Governador Valadares, Jeci Lima dos Santos, apoiado por muitos que acompanharam a reunião, cobrou incentivo do município a esse trabalho.

Secretário diz que problema será resolvido

O secretário municipal de Obras de Governador Valadares, Aloísio Germano da Silveira, reconheceu que a situação do aterro está inadequada, mas afirmou que falta apenas a conclusão de uma pequena parte da obra para que a Supram conceda a licença de operação.

Ele afirmou que houve problemas burocráticos e de liberação de recursos, além do crescimento da população da cidade, que passou de uma produção de lixo de 145 toneladas/dia para 178 toneladas/dia, agravando o problema. "Nossa intenção é concluir o aterro este ano ainda. A vala está pronta para receber o lixo, para que seja devidamente depositado no local", disse o secretário, que informou que existem recursos para o aterro da ordem de R$ 5,4 milhões, do Ministério das Cidades, mais cerca de R$ 500 mil do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).

Ao final da reunião, a deputada Elisa Costa afirmou que, uma vez que existem os recursos, é preciso pensar em um projeto consistente e realmente definitivo para o problema, ouvindo a população. Ela lembrou ainda que é preciso reestruturar o sistema de limpeza urbana da cidade, especialmente no que se refere à coleta seletiva. O promotor Leonardo Castro Maia afirmou que os acordos com o MP não se referem ao local de instalação do aterro, mas ao cumprimento das exigências ambientais. Porém, segundo ele, se for constatada incompatibilidade de funcionamento do aterro naquele local, o MP vai interferir.

Finalizando a reunião, o deputado Almir Paraca afirmou que é preciso definir logo uma solução para o problema, uma vez que ficou claro que a legislação está sendo descumprida, como mostra a proximidade com área residencial, via urbana e fluxo de água. Segundo ele, os órgãos ambientais precisam rever seus procedimentos. "Não vamos continuar investindo recursos em projetos irregulares", cobrou o deputado.

Requerimento - O deputado Almir Paraca leu requerimento que deve ser votado na próxima reunião. Nele, a comissão faz um apelo ao prefeito de Valadares para que cumpra as exigências da Supram Leste para adequação do aterro. O requerimento também vai pedir à prefeitura que cumpra acordos firmados com a associação dos catadores de material recicláveis. O deputado leu também requerimento do deputado Padre João (PT) pedindo audiência pública para debater projeto de implantação de minerodutos no Estado pelas empresas MMX e Samarco.

Presenças - Deputada Elisa Costa (PT) e deputado Almir Paraca (PT). Também participaram da reunião o deputado federal Leonardo Monteiro; a diretora jurídica da Supram Leste, Luciana Sant'anna; e o presidente do Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente, Renato Leite.

 

 

 

 

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