Cadeias de Ubá e Cataguases correm risco de rebeliões

A superlotação carcerária, as precárias condições das instalações físicas e a falta de agentes penitenciários nas cad...

10/04/2008 - 00:01
 

Cadeias de Ubá e Cataguases correm risco de rebeliões

A superlotação carcerária, as precárias condições das instalações físicas e a falta de agentes penitenciários nas cadeias públicas de Ubá e Cataguases, na Zona da Mata, são os principais problemas detectados pela Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, na visita realizada nesta quinta-feira (10/4/04). A principal preocupação apresentada pelas autoridades policiais e judiciárias aos deputados é de uma rebelião que resulte em mortes, como acontecido na cadeia de Ponte Nova em agosto do ano passado, quando morreram queimados 23 detentos.

A visita a Ubá foi solicitada pelo deputado Sargento Rodrigues (PDT), presidente da comissão, e a Cataguases, pela deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM), e foi acompanhada também pelo deputado Délio Malheiros (PV). A comissão já visitou cadeias em Frutal, Muriaé e Leopoldina, além dos presídios de Coronel Fabriciano e Governador Valadares. Em Frutal e Ubá, o Ministério Público ajuizou ações civis públicas solicitando a adequação das instalações ou a interdição dos estabelecimentos.

Em Ubá, foi feita uma exposição da situação carcerária de toda a região, no 21° Batalhão da Polícia Militar, que detém a jurisdição da segurança de mais de 30 cidades. A apresentação foi feita pelo coordenador de Operações e Estatísticas do batalhão, capitão Gibran Conde Guedes. A cadeia de Ubá, com capacidade para 70 presos, abriga 177, a maioria já condenados, sendo 11 mulheres e oito menores. Em Cataguases, a cadeia tem capacidade para 100 presos, mas está com 150, sendo 55 já condenados. Há cinco mulheres. Dos 150, 48 são oriundos da cadeia de Ponte Nova, transferidos em janeiro, depois da rebelião que destruiu suas instalações.

Além da superlotação, as duas cadeias enfrentam problemas de vazamentos, instalações elétricas e hidráulicas precárias, e falta de equipamentos como colchões. Outro problema destacado na unidade de Ubá é sua localização: em pleno centro da cidade, ao lado da Escola Estadual Senador Levindo Coelho e da Secretaria de Saúde. Em março houve duas fugas e três tentativas. "O risco é sempre grande, porque as fugas acontecem sempre pela escola", destacou o capitão Gibran. Nas duas unidades, os presos reclamaram de rigor na vistoria dos familiares nos dias de visita e da qualidade da comida.

Solução é construção de presídio

Na reunião no 21º Batalhão, o juiz da Vara de Execuções Penais, Nilo Marques Martins Júnior, destacou que a solução é a construção de um presídio com 300 vagas, e que o empresariado da cidade está disposto a colaborar. Tanto ele como o comandante do batalhão, tenente-coronel José Carlos Gomes Saraiva, disseram que há um terreno da Fhemig, a cerca de quatro quilômetros da cidade, que poderia ser utilizado se o Estado fizesse a cessão. "Não há outra área dentro das especificações técnicas exigidas pela Secretaria de Estado de Defesa Social na cidade", garantiu o juiz..

Outra sugestão, também apresentada pelo juiz Nilo Marques, é o aproveitamento de 500 presos que já estão em regime de albergue pelos empresários da cidade, no projeto "Recuperar para Ressocializar", criado por ele. Tanto Marques como o promotor André Resende Padilha se declararam angustiados com a situação.

Ajuda - O deputado Sargento Rodrigues destacou o papel da Comissão de Segurança Pública como parceira na solução desses problemas. "Fazemos as visitas, por serem mais produtivas, e apresentamos depois um relatório ao secretário de Defesa Social, Maurício Campos Júnior", disse. Para ele, a situação de Ubá é a pior. "Sabemos que não há como fazer milagres, mas sim estabelecer prioridades, e Ubá, pela sua situação, com certeza é prioridade", enfatizou.

O deputado Délio Malheiros disse que uma solução para agilizar a tramitação dos processos penais é criar a figura do juiz de execução penal regional, para que nas transferências os dados sejam todos aproveitados, diminuindo custos e tempo. Para ele, ainda há muito a ser feito na área prisional do Estado, "apesar do muito que se avançou". Os dois deputados criticaram o desvio de função dos policiais militares, obrigados a fazer a guarda de presos em detrimento do policiamento ostensivo e preventivo das cidades, "função constitucional para a qual foram investidos". A deputada Maria Lúcia Mendonça pediu uma titular para a delegacia de mulheres, "que em Cataguases já está criada, mas não se consegue uma delegada".

A Secretaria de Defesa Social não tem planos de assumir a guarda dos presos das duas cadeias, "diante das precárias condições das instalações", informou o coordenador do Núcleo de Gestão Prisional da Polícia Civil, Mário José Corrêa Filho. A secretaria já destinou cinco agentes penitenciários para cada uma das duas cidades, "mas ainda não há um prazo determinado para que eles assumam", disse.

Presenças - Deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente; e Délio Malheiros (PV) e a deputada Maria Lúcia Mendonça (DEM). Também participaram da visita em Cataguaes o juiz Mauro Lucas da Silva; o comandante da PM local, capitão André Cotrin da Silva, o promotor Sérgio Azevedo Pena Chaves Júnior; o delegado Rodrigo Nogueira Tavares; e o delegado seccional Lúcio de Barros.

 

 

 

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