Deputados sugerem que Estado fiscalize bota-fora em Nova Lima

Deputados da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais querem que o Gov...

07/04/2008 - 00:00
 

Deputados sugerem que Estado fiscalize bota-fora em Nova Lima

Deputados da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais querem que o Governo do Estado assuma a responsabilidade pelo licenciamento de um bota-fora de resíduos de construções, que estaria provocando danos ambientais em Nova Lima. A licença foi concedida pela prefeitura daquele município à Top Empreendimentos e está funcionando no bairro Jardim da Torre, próximo a uma área de proteção ambiental (APA). Na manhã desta segunda-feira (7/4/08), os deputados visitaram o local e, à tarde, realizaram audiência pública na Assembléia para esclarecer a situação. O aterro está sob embargo da prefeitura desde sexta-feira (4), após as denúncias.

A recomendação de que o empreendimento passe a ser fiscalizado pela Supram foi teor de um dos três requerimentos do presidente da comissão, deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), aprovados na reunião. Segundo o parlamentar, essa transferência se justifica porque o empreendimento está em uma área de fronteira entre municípios, localizada em terrenos situados na APA-Sul, e tem como co-responsável a própria prefeitura, pois o aterramento também serve como obra de contenção de uma via pública do bairro, conforme informação do próprio secretário municipal de Meio Ambiente, Antônio Henrique dos Santos, presente na audiência.

Um outro requerimento pede que a prefeitura de Nova Lima encaminhe cópia do processo de licenciamento do bota-fora, termo de embargo com justificativa e a planta da área mostrando a via de acesso que estaria sendo beneficiada. O terceiro requerimento solicita uma audiência pública para discutir a observância das normas ambientais vigentes, em especial a Lei Estadual 12.503, de 1997, que cria o Programa Estadual de Conservação da Água.

Estragos e riscos - Moradores da região próxima ao bota-fora denunciam que os despejos de terra feitos pela Top Empreendimentos já provocaram estragos na área. Segundo Marcos Pires de Vasconcellos, que mora no bairro há 20 anos, a "terra já cobriu muitas árvores, assoreou cursos d´água e coloca em risco nascentes localizadas na região".

O empresário Rodrigo Vilaça, também vizinho do aterro, disse que o material vem de construções vizinhas e opinou que essas empresas que contratam a Top também sejam responsabilizadas pela destinação final dos resíduos.

O secretário de Meio Ambiente de Nova Lima, Antônio Henrique, acabou caindo em contradição em seu depoimento. Primeiro informou que o licenciamento foi para uma "obra de engenharia de contenção de via pública" e, após ser questionado pelo deputado Sávio Souza Cruz, voltou atrás e afirmou que a licença foi concedida para a construção de um aterro. O material, segundo ele, também vai ajudar a estabilizar a Rua Otaviano de Miranda, que fica numa área acidentada e é uma das principais vias do município. Segundo ele, a empresa deixou de cumprir algumas condicionantes ambientais previstas na licença, sem citar quais, e estava trabalhando com o documento vencido.

Sávio Souza Cruz lembrou que, se a obra é reconhecida como pública, ela deve ser de responsabilidade da prefeitura, que em sua opinião precisa ser vista então como "co-empreendedor". "Se o empreiteiro faz uma obra municipal, o empreendedor é a prefeitura", completou. Já o vice-presidente da comissão, deputado Fábio Avelar (PSC), questionou o entendimento de que a rua citada pelo secretário seja importante, pois a área é praticamente desabitada. "Sinceramente não consegui enxergar importância nesta via", afirmou.

O deputado Wander Borges (PSB) reconheceu que o aterramento da área trará mais segurança para a população local, mas sugeriu que a prefeitura desse mais atenção a outras demandas dos moradores, como melhorar outras vias de acesso e cuidar da segurança.

O representante da Top Empreendimentos que participou da reunião, Luiz Roberto Camargo, admitiu que é preciso fazer alguns ajustamentos para atender às exigências da prefeitura, que se resumem à recuperação da área. Ele garantiu que é um aterro controlado e que a empresa só admite depositar na área "terra limpa".

Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Fábio Avelar (PSC); Wander Borges (PSB) e Antônio Carlos Arantes (PSC).

 

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