Deputados cobram nomeação de guardas municipais em Contagem

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais deverá se reunir com a prefeita de Contagem,...

03/04/2008 - 00:01
 

Deputados cobram nomeação de guardas municipais em Contagem

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais deverá se reunir com a prefeita de Contagem, Marília Campos, para esclarecer a denúncia feita por 185 aspirantes a guarda municipal, que, após a aprovação em concurso público e em curso de formação profissional, não teriam sido nomeados pela prefeitura. A cobrança foi feita durante a audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira (3/4/08) com representantes do poder público de Contagem e dos aspirantes aos cargos.

De acordo com Alexandra Gardoni, que representa os aspirantes a guardas municipais, o gestor de Defesa Social de Contagem, Gustavo Tostes, teria assumido o compromisso de efetivar todos os aprovados no concurso, após o curso de formação. Mais que isso, teria publicado informes publicitários da prefeitura em que afirmava estar preparando aproximadamente 200 novos guardas municipais para, no período de 90 dias, assumirem suas funções. Segundo Gardoni, no entanto, ele teria assumido o erro em criar a expectativa de direito.

"Abandonamos empregos e deixamos nossa família de lado para fazer o curso e, agora, não temos mais a garantia da nomeação. Entramos pela porta da frente e queremos apenas o que nos é de direito", cobrou. A também aspirante Dinéia Souza Ferreira lembrou que foram feitos investimentos no concurso pela certeza do emprego estável. "Queremos resgatar nossa dignidade. Há alguns de nós que estão passando necessidade por ter apostado nessa falsa promessa", afirmou.

O ex-comandante da Guarda Municipal de Contagem e professor do curso de formação, major Eide, colocou-se solidário aos aspirantes e disse que, durante o curso, a promessa dos gestores era de que todos seriam nomeados. A prefeitura não enviou representantes para responderem às denúncias.

Para o deputado João Leite (PSDB), autor do requerimento que motivou a audiência, é lamentável que haja violação dos direitos fundamentais de profissionais formados para proteger o cidadão. Ele acredita que é preciso que se faça algo urgente, e para minimizar o problema, negociou com o subsecretário de Estado de Administração Penitenciária, Genílson Zeferino, cerca de 100 vagas temporárias com prioridade para os aspirantes a guarda municipal de Contagem.

Nomeação estaria acontecendo irregularmente

Pedro Alves da Silva Filho, que também representou os aspirantes na mesa, apresentou a listagem das nomeações do concurso, que aponta que candidatos em pior colocação já teriam sido empossados antes de outros melhor colocados, por possuírem curso de formação. Segundo ele, a promessa da prefeitura seria a de efetivar os demais após o curso, o que ainda não teria acontecido. "O 217o colocado está trabalhando desde julho do ano passado, enquanto o terceiro fez o curso e está desempregado", denunciou.

O deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão, considerou o fato uma "cegueira jurídica". De acordo com ele, o direito dos mais bem colocados é líquido e certo, e por isso cabe a impetração de mandado de segurança. "Há uma violação clara dos princípios que norteiam o estado democrático de direito. Espero que a prefeitura de Contagem perceba o absurdo que está sendo feito e corrija essa distorção", disse.

Para o deputado Carlin Moura (PCdoB), a ausência injustificada dos representantes da prefeitura é uma confissão de culpa. "O poder público tem a obrigação de ser transparente. Espero que o Ministério Público exija o cumprimento do edital, assim como a nomeação dos novos guardas municipais.

O pedido de reunião com a prefeita Marília Campos foi motivado por requerimento de autoria dos deputados da comissão, que enviará também as notas taquigráficas da audiência ao Ministério Público da comarca de Contagem.

Requerimentos - Durante a audiência, foram aprovados ainda outros nove requerimentos, sendo dois motivados pela denúncia apresentada durante o "pinga-fogo". A comissão solicita três reuniões conjuntas com a Comissão de Segurança Pública para debater os critérios de movimentação de pessoal das Polícias Militar e Civil e Corpo de Bombeiros; o envolvimento dos três níveis de governo na gestão e financiamento do Sistema Único de Segurança Pública, com conseqüências para o sistema prisional; e os convênios celebrados entre as prefeituras e as Polícias Civil e Militar, que envolvem tanto a cessão de pessoal como a manutenção de edificações, equipamentos e veículos para a prestação de serviços de segurança.

De autoria do deputado Durval Ângelo, foram aprovados requerimentos para a realização de visita às obras do novo Centro Administrativo do Estado para verificar o cumprimento da Norma de Regulamentação no 18, que dispõe sobre as condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção; e para audiência pública com o secretário de Estado de Defesa Social, Maurício Campos Júnior, para tratar de caso de abuso policial em Conselheiro Lafaiete.

O deputado João Leite solicitou o encaminhamento de ofício à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social com pedido de informações sobre a transferência da gestão do Projeto Curumim para os municípios. E o deputado Luiz Tadeu Leite (PMDB) pede a realização de audiência pública para debater questões relativas à concessão de aposentadorias pelo Instituto Nacional do Seguro Social.

Finalmente, motivada por denúncia feita no "pinga-fogo" de abuso de poder da empresa Arcelor Mittal em Capelinha, que teria tomado as terras do produtor rural Antônio de Azevedo, a comissão aprovou dois requerimentos. O primeiro solicita o encaminhamento ao Poder Judiciário das notas taquigráficas do depoimento da família da vítima; e o segundo pede a realização de reunião na Câmara Municipal da cidade, para falar sobre a relação da empresa com a comunidade local.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; João Leite (PSDB); Carlin Moura (PCdoB); e Juninho Araújo (PRTB).

 

 

 

 

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