Policiais denunciam prefeito de Vespasiano por agressões

Denúncias de abuso de autoridade e agressões a policiais e cidadãos que teriam sido praticadas pelo prefeito municipa...

03/04/2008 - 00:03
 

Policiais denunciam prefeito de Vespasiano por agressões

Denúncias de abuso de autoridade e agressões a policiais e cidadãos que teriam sido praticadas pelo prefeito municipal de Vespasiano, Ademar José da Silva, foram debatidas pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta quinta-feira (3/4/08). As denúncias foram apresentadas por representantes dos policiais, entre eles o presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares (Aspra), Luiz Gonzaga Ribeiro. Convidado para participar da reunião, o prefeito de Vespasiano não compareceu e enviou correspondência justificando sua ausência.

Luiz Gonzaga Ribeiro relatou aos parlamentares o caso de agressão de Ademar José da Silva a policiais ocorrido no sábado de carnaval deste ano. Segundo ele, antes da realização da festa do Boi do Manta, o prefeito teria acertado com o Ministério Público, o Corpo de Bombeiros e as Polícias Civil e Militar que o evento seria encerrado até meia-noite. Entretanto, quando a Polícia Militar comunicou que estava dentro do horário previsto para acabar a festa, o prefeito teria incitado as cerca de 10 mil pessoas presentes a vaiar os policiais. De acordo com Luiz Gongaza Ribeiro, o prefeito teria também agredido um soldado que tentava negociar com ele e vários policiais foram feridos por objetos lançados pela população. "Esse é apenas um caso de abuso de autoridade cometido pelo prefeito. É preciso que haja uma intervenção em Vespasiano", considerou.

Na reunião, o deputado Sargento Rodrigues (PDT) ainda fez o relato de outros abusos atribuídos ao prefeito, como abuso de autoridade, agressão e racismo contra um policial durante um jogo da Copa do Mundo, além da agressão a um cidadão, em 2006. Outra denúncia trazida pelo parlamentar foi de que o prefeito estaria influenciando a produção das ocorrências policiais contra ele.

Sargento Rodrigues afirmou que Ademar José da Silva não tem preparo técnico para ocupar o cargo de prefeito. "Se ele tem coragem de agredir um policial, imagina o que ele pode fazer contra um cidadão civil", destacou. Sargento Rodrigues disse que está auxiliando juridicamente os policiais agredidos durante o carnaval e que o prefeito deve ser processado civil e criminalmente. O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo (PT), que solicitou a reunião, também criticou a atuação do prefeito e lembrou que, no caso do carnaval, os policiais estavam cumprindo sua obrigação e foram agredidos por ter tentado realizar seu trabalho e garantir a ordem pública.

Policiais defendem alterações no financiamento da segurança pública

Durante os debates, representantes dos policiais civis e militares defenderam modificações na legislação que trata do financiamento da segurança pública e da transferência dos policiais. Para o presidente da Aspra, Luiz Gongaza Ribeiro, a legislação atual contribui para que os prefeitos interfiram no trabalho das polícias.

Ele explicou que atualmente os municípios transferem recursos diretamente para as polícias. "Em muitos municípios são as prefeituras que pagam, por exemplo, a gasolina das viaturas e o material de limpeza das delegacias", afirmou. De acordo com Luiz Gongaza Ribeiro, essa situação faz com que alguns prefeitos se sintam no direito de interferir no trabalho dos policiais, comprometendo a atuação das polícias. Para ele, a contribuição dos municípios deveria ser repassada para o Estado, que, então, distribuiria os recursos para a segurança pública.

O presidente da Aspra também criticou a legislação que trata da transferência dos policiais. Segundo ele, atualmente os prefeitos podem influenciar na transferência. "Não somos favoráveis à inamovibilidade, mas é preciso modificar a legislação para que as transferências de policiais sejam feitas de maneira justa e sem interferência política", considerou.

O presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol), Antônio Marcos Pereira, também condenou a interferência dos prefeitos no trabalho dos policiais. "Os prefeitos interferem nos inquéritos, e quando não conseguem, atuam no sentido de conseguir a transferência dos policiais", afirmou. Já o diretor do Sindpol, Valério Valente, destacou que com o repasse de recursos dos municípios para a segurança pública, os prefeitos acham que possuem privilégios.

Responsabilidade federal - O deputado João Leite (PSDB) defendeu uma maior participação financeira do Governo Federal na distribuição de recursos para a segurança pública. O deputado Sargento Rodrigues afirmou que levantamentos indicam que cerca de 45% dos presos em Minas Gerais foram condenados em crimes relacionados ao tráfico de drogas. Ele destacou que o combate ao tráfico é de responsabilidade do Governo Federal, já que as drogas e armamentos entram pela fronteiras do País. O vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos, Luiz Tadeu Leite (PMDB), considerou que a maior parte das drogas apreendidas em Minas Gerais é proveniente de outros Estados e do exterior.

Segurança no trabalho - Foi aprovado requerimento dos deputados Durval Ângelo, João Leite e Luiz Tadeu Leite para a realização de audiência pública conjunta com a Comissão de Trabalho, da Previdência e da Ação Social para debater a situação das vítimas de acidente de trabalho. João Leite lembrou que uma audiência pública que debateu a situação desses trabalhadores na construção civil resultou em uma recomendação ao Governo do Estado para que todas as empresas vencedoras de processo de licitação respeitem as regras de segurança no trabalho. Já Durval Ângelo sugeriu que a Comissão de Direitos Humanos faça uma visita à obras do Centro Administrativo para verificar a aplicação dessas regras.

Pinga-fogo - Na fase de "pinga-fogo", os parlamentares ainda receberam denúncias sobre vários assuntos, como agressão cometida por policiais e questionamentos sobre a privatização do Projeto Curumim. Também foi recebida denúncia sobre a atuação dos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que estariam recusando a aposentadoria para contribuintes com graves problemas de saúde. O deputado Luiz Tadeu Leite afirmou que vai apresentar requerimento para debater essa situação.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente da comissão; Luiz Tadeu Leite (PMDB), vice-presidente; João Leite (PSDB) e Sargento Rodrigues (PDT).

 

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