Jovens de Poços de Caldas aprovam redução de idade penal

Quando o mestre-de-cerimônia do Expresso Cidadania, o ator Marcos Frota, pediu que levantasse a mão quem fosse a favo...

27/03/2008 - 00:01
 

Jovens de Poços de Caldas aprovam redução de idade penal

Quando o mestre-de-cerimônia do Expresso Cidadania, o ator Marcos Frota, pediu que levantasse a mão quem fosse a favor da redução da idade penal, houve uma quase unanimidade na platéia. Este foi o posicionamento mais expressivo dos estudantes que participaram da etapa de Poços de Caldas, realizada nesta quinta-feira (27/3/08), desse projeto criado pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais, em parceria com o Tribunal Regional Eleitoral e a Secretaria de Estado de Educação.

Antes de pedir a manifestação, Marcos Frota enfatizou sua esperança na recuperação de jovens infratores através de medidas que não incluíssem o encarceramento. Perguntou se os jovens concordariam que um menino de 15 anos fosse para a cadeia como um adulto de 28 anos pelo mesmo crime. A platéia em peso levantou a mão, demonstrando que o histórico de violência juvenil já é repudiado até mesmo na cidade que tem o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil.

Essa tendência à condenação da criminalidade juvenil já se havia manifestado expressivamente através das urnas eletrônicas, em Pouso Alegre, na última terça-feira. Ali, 227 votos foram registrados a favor da redução da maioridade penal e apenas 27 contrários. Gustavo Henrique, 16 anos, aluno da E.E. David Campista, disse que, com a redução, "vai aumentar o medo da galera de cometer crimes". Gustavo também votou contra a política de cotas para negros nas universidades. "Prefiro uma política de bolsas para alunos carentes. O importante não é ter profissionais negros, mas bons profissionais", opinou.

Técnicas refinadas para atingir o público-alvo

O cientista político Leo Noronha, da Escola do Legislativo, usou de uma técnica de linguagem inteiramente voltada para o público jovem, com o objetivo de passar a mensagem de politização dos cidadãos de 16 e 17 anos. Relatou um escândalo de desvio de dinheiro público ocorrido recentemente em Alagoas para dizer que só a atuação política, que começa com o voto, pode varrer a corrupção do país.

O juiz eleitoral de Poços de Caldas, Antônio Pereira Gatto, também buscou a linguagem adequada para fazer chegar a mensagem de um tema tão sério ao público jovem. Disse que encontrou, no diálogo com seu neto, o melhor tom para se fazer entender: "Aí, moçada, temos que valorizar a política como forma de expressão da cidadania", conclamou.

O grupo de teatro liderado por Cláudia Bento e Luiz Ludovikus recorreu a diversas técnicas para envolver a platéia: a comédia, as canções e a charanga com ritmos bem conhecidos, do frevo ao rap. Ao se levantarem numa "ola" como nos estádios de futebol, os estudantes demonstram que o propósito foi atingido. Cláudia faz o papel de uma professora de História criada na ditadura, sem direito a voto, e com trauma de taróis e marchas militares. Ludovikus reencarna o filósofo Sócrates, o primeiro mártir da democracia. Ele conclui o esquete comemorando com a platéia: "Que alegria! Hoje é possível ter voz e escolha!"

Na etapa interativa do evento, os estudantes foram para as oficinas e vários entraram na fila para votar nas urnas eletrônicas, muitos deles sem mesmo ler os painéis de formação de opinião. Matheus Daniel, de 16 anos, é negro e quer ser músico. Ele disse que acha errada a política de cotas para sua raça, "porque tem que haver direito igual para todo mundo". Também votou pela redução da maioridade final, dizendo que "crime é crime. Cometeu, tem que pagar".

Danielle Garcia Nóbrega, de 16 anos, reteve o ensinamento de que "o voto dos jovens faz diferença. Podemos mudar com consciência, mas não basta votar. Temos que participar, porque na prática o jovem não sabe de nada". Ela é a favor da redução e contra as cotas. Sua colega Thalita Campagnoli, manifestou preocupação com o grande número de casos de corrupção na política. "Temos que escolher bem e cobrar do político. O povo precisa de agir, em vez de ficar só reclamando", opinou.

Mais de 200 demandaram o título

Durante a manhã, participaram 403 estudantes de sete escolas de Poços de Caldas, com destaque para as escolas estaduais David Campista, Francisco Escobar e Profª Cleusa Lovato Caliari. No entanto, por escolha do superintendente regional de Ensino, Marcos Bertozzi, foram incluídos alunos das escolas municipais rurais José Avelino de Melo, Carmélia de Castro e Raphael Sanches. "Esta é a única oportunidade que eles teriam para obter o título de eleitor", justificou. Bertozzi também incluiu alunos do Colégio Municipal Dr. José Vargas de Souza, pela peculiaridade de oferecer também o 2º grau, que é responsabilidade do Estado. O diretor da Escola do Legislativo, Alaôr Marques, disse que esses alunos foram aceitos excepcionalmente, mas frisou que o Expresso Cidadania se destina apenas aos alunos da rede pública estadual.

Foram emitidos 136 títulos de eleitor durante a manhã, mas 82 senhas foram entregues aos alunos que restaram na fila, para não atrasar demais a segunda turma que já aguardava dentro dos ônibus, do lado de fora do ginásio poliesportivo Arthur Mendonça Chaves. Foram feitas também 95 carteiras de identidade. Participaram das oficinas de blog, fotografia e vídeo 200 estudantes.

 

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