Polícia anuncia solução de assassinato durante audiência em Timóteo

A solução do assassinato da estudante Fernanda Tâmara Silva Rosa, de 15 anos, no município de Timóteo, no Vale do Aço...

27/03/2008 - 00:01
 

Polícia anuncia solução de assassinato durante audiência em Timóteo

A solução do assassinato da estudante Fernanda Tâmara Silva Rosa, de 15 anos, no município de Timóteo, no Vale do Aço, foi anunciada pela Polícia Civil durante audiência pública realizada nesta quinta-feira (27/3/08) pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. A reunião aconteceu na Câmara Municipal, a requerimento do deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão. Desde dezembro, a família da adolescente cobrava o resultado da investigação sobre o estupro e assassinato da adolescente. O delegado Francisco Pereira Lemos, que assumiu recentemente as investigações, anunciou que o inquérito foi concluído e pedida a prisão do acusado à Justiça, na segunda-feira (24). O inquérito foi então encaminhado para o Ministério Público, que deverá apresentar seu parecer nos próximos dias, a fim de que a prisão possa ser de fato determinada pelo juiz.

Em função da denúncia do Ministério Público ainda não ter sido feita, o delegado preferiu não revelar o nome do acusado, que é comerciante em Timóteo. Fernanda Rosa foi encontrada morta no dia 12 de dezembro de 2007, à margem do córrego Timotinho, no bairro Novo Tempo. O exame do corpo revelou sinais de violência sexual e morte decorrente de estrangulamento, que teria causado uma fratura na coluna cervical. Após o assassinato, a família da menina procurou a Câmara Municipal em busca de apoio para cobrar uma solução para o crime. Acompanhada pelos vereadores Roberto Poeta Pereira e Willian Salim, a mãe de Fernanda, Maria Aparecida Rosa, de 37 anos, recorreu ainda à Comissão de Direitos Humanos da Assembléia.

Portando uma foto da filha, Maria Aparecida acompanhou a reunião desta quinta-feira como a principal convidada. Ao final do encontro, ela se disse satisfeita com o avanço nas investigações, mas cobrou punição para o culpado. "A imagem que vejo hoje da minha filha não é o rosto bonito dessa foto, só lembro de como ela estava no caixão, toda queimada de cigarro, com o rosto todo deformado, que era tão bonito", afirmou Aparecida, em entrevista à imprensa.

Aparecida, que é diarista, também rejeitou a postura conformista frente à violência. "A dor é minha, mas a luta é de toda a sociedade. Costumam dizer que minha filha está em bom lugar, mas ninguém perguntou se ela queria ir para lá", afirmou.

Delegacia depende de apoio da Prefeitura

O delegado Francisco Lemos, que reassumiu o caso há 12 dias, após afastamento do cargo por motivo de saúde, disse que não há dúvidas sobre a autoria do crime. Na retomada das investigações, testemunhas ouvidas inicialmente pela Polícia confessaram que mentiram em seus primeiros depoimentos, por terem sido pressionadas pelo acusado. "As provas testemunhais eram muito parecidas com o álibi do principal acusado, o que despertou nossa suspeita", afirmou o delegado.

Durante a reunião, o delegado agradeceu o apoio da Prefeitura e da Câmara. "São 28 funcionários da prefeitura na Delegacia de Timóteo. Se não fossem esses funcionários, não teríamos como apurar esse crime. Não temos um escrivão de carreira, e a guarda da cadeia é feita por funcionários municipais", afirmou o delegado. Já a câmara cede à delegacia um veículo e cinco funcionários. Outro veículo é cedido à Polícia Militar.

Para evitar que outros crimes violentos tenham uma apuração tão demorada, Francisco Lemos afirmou que será organizada uma equipe especial para agilizar a investigação de crimes contra a vida. O comandante da Polícia Militar no município, major Edivânio Carneiro, ressaltou que apesar da ocorrência de crimes graves, os índices de violência de Timóteo ainda são inferiores aos dos municípios vizinhos.

O deputado Durval Ângelo, que presidiu a reunião, elogiou a recente atuação da Polícia Civil na investigação do caso, e principalmente a iniciativa de Maria Aparecida e o apoio oferecido pelos vereadores de Timóteo. "A impunidade acirra a violência", salientou. Também elogiou a atuação conjunta dos poderes públicos no apoio aos serviços de segurança locais. "Fiquei impressionado com o número de funcionários municipais na delegacia. Proporcionalmente, com certeza é a que tem a maior parceria com a prefeitura", declarou o parlamentar. Durval ressaltou ainda a importância de projetos como as associações de proteção e assistência aos condenados (Apacs) como uma forma de proteger a própria sociedade. "A reincidência no sistema carcerário é superior a 70%. Esses índices são bem mais baixos em municípios que investiram nas apacs", afirmou.

Os vereadores Willian Salim e Roberto Poeta Pereira agradeceram o apoio da Comissão de Direitos Humanos. O prefeito de Timóteo, Geraldo Nascimento, cobrou uma postura de consciência pública da população, citando o exemplo de Maria Aparecida. "Quando sentimos a perda de uma vida, todos acordamos para essa necessidade", afirmou.

Vítima de assalto pede justiça

Durante a reunião, o comerciante Paolo Peri também queixou-se do resultado de investigação relativa a assalto que ocorreu em seu estabelecimento, em julho de 2007. Dos seis envolvidos, apenas um foi acusado. Um dos requerimentos elaborados, que deverão ser votados posteriormente pela comissão, pede a reabertura do processo relativo ao assalto.

Outros requerimentos elaborados pedem o envio de ofício ao Secretário de Estado de Defesa Social, elogiando a atuação da Polícia Civil no caso de Fernanda Rosa; o envio das notas taquigráficas da reunião ao Ministério Público e Judiciário, a fim de contribuir para a formação de juízo em relação ao acusado; e pedidos de ampliação dos efetivos das Polícias Civil e Militar de Timóteo.

Presenças - Deputado Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão; prefeito de Timóteo, Geraldo Nascimento; prefeito de Coronel Fabriciano, Chico Simões; presidente da Câmara de Timóteo, Keisson Drumond; vereadores Roberto Poeta Pereira, Roberto Paiva, Eduardo Carvalho, Sérgio Mendes, Leanir José de Souza (Zizinho), Willian Salim e Geraldo Ramires (Ramirinho); delegado Francisco Lemos; major Edivânio Carneiro, comandante da Polícia Militar de Timóteo.

 

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