Comunidade de Ipatinga reclama da falta de diálogo com a prefeitura

Com o auditório da Câmara Municipal de Ipatinga lotado, a Comissão de Assuntos Municipais da Assembléia Legislativa d...

27/03/2008 - 00:00
 

Comunidade de Ipatinga reclama da falta de diálogo com a prefeitura

Com o auditório da Câmara Municipal de Ipatinga lotado, a Comissão de Assuntos Municipais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais esteve na cidade, na manhã desta quinta-feira (27/3/08), para tentar encontrar uma solução sobre o impasse entre a prefeitura e as 180 famílias que vivem hoje na região da Vila da Paz. Com os ânimos exaltados, cerca de 150 pessoas compareceram à audiência pública e se mostraram divididos em relação ao projeto do executivo municipal, que pretende acabar com a inundação das casas no período chuvoso, provocada pelo Ribeirão Ipanema. A proposta da Prefeitura de Ipatinga é elevar o terreno e construir uma avenida de acesso para desafogar o trânsito da cidade e um conjunto habitacional com 11 prédios residenciais de 16 apartamentos cada, que serão entregues aos quase 300 moradores da Vila da Paz. A obra está orçada em R$ 33 milhões, sendo R$ 25 milhões obtidos no Ministério das Cidades e os R$ 8 milhões restantes bancados pela prefeitura.

Um dos autores do requerimento para o debate, o deputado Padre João (PT) leu uma carta da Associação dos Moradores de Vila da Paz, criada há 25 anos. De acordo com a carta, uma pesquisa feita na comunidade constatou que 95% dos moradores não querem sair da localidade. Os moradores reclamam que só souberam do projeto por meio da imprensa e sugeriram a criação de uma comissão para debater com a prefeitura. Padre João defendeu a busca de uma solução para o impasse. "É por isso que a Assembléia Legislativa está aqui para ouvir a comunidade e buscar uma solução", afirmou Padre João.

A representante da comunidade Vila da Paz, Terezinha Teodoro Dias, questionou o fato de o prefeito não ter conversado com a população local sobre o projeto. Afirmou que os moradores não querem sair de lá e vão lutar por seus direitos para serem respeitados. O vereador de Ipatinga, Agnaldo Bicalho, também questionou como o processo para execução da obra foi feito, sem ouvir a comunidade. Disse que não é contra melhorias no local, mas que a comunidade quer o diálogo. "Tem quase seis meses que aprovamos na Câmara uma audiência para discutir o assunto e não conseguimos. A abertura do diálogo é o caminho", disse o vereador.

Também autora do requerimento para o debate, a deputada Cecília Ferramenta (PT) salientou que a Assembléia veio à Ipatinga em "missão de paz e para buscar o diálogo com a comunidade, de maneira civilizada, com respeito". "Será que aqueles que estão tumultuando conhecem realmente a Vila da Paz? É um direito da comunidade discutir este projeto", ponderou a parlamentar.

Secretário municipal defende necessidade do projeto

O secretário de Obras de Ipatinga, Ricardo Cadar, salientou que existe uma desinformação das pessoas e para tanto, sugeriu que seja formada uma comissão para solucionar as dúvidas. Explicou que nenhum morador da Vila da Paz será obrigado a nada e que todos serão compensados individualmente, caso a caso. "Não temos espaço suficiente para construir casa para todo mundo. Por isso o projeto foi pensado para que nenhuma pessoa que hoje mora no Vila da Paz saia da comunidade", assegurou o secretário.

Ricardo Cadar ressaltou que o objetivo da proposta é dar maior dignidade às famílias que hoje vivem em situações de risco, como de alagamento, e com rede de esgoto inadequada. Explicou que desde 2006 foi feito um cadastramento das famílias que lá vivem e que, em 90% das casas, os valores são inferiores ao valor do apartamento que será entregue. Lembrou que o local é uma área pública e que os moradores contarão com benfeitorias do projeto e receberão documento de propriedade, ao final da obra.

Já o secretário municipal de Assistência Social, Paulo Sérgio Julião, explicou que a prefeitura tem trabalhado há três anos no projeto. Informou que, na ocasião, o primeiro passo foi retirar o nome da prefeitura do Serasa e em seguida pagar uma dívida de R$ 100 milhões. "Aí sim, em um terceiro momento, nós conseguimos o empréstimo", explicou. Rebateu ainda as críticas ao dizer que o presidente da Associação dos Moradores de Vila da Paz, em momento algum, procurou a prefeitura para discutir a obra e que o projeto é um sonho para a comunidade.

Para o presidente da Comissão de Assuntos Municipais, deputado Weliton Prado (PT), o assunto é polêmico e o objetivo da ALMG é tratá-lo da maneira mais imparcial possível. A deputada Rosângela Reis (PV) quis saber qual é a segurança dos moradores que serão encaminhados para o aluguel. Em resposta, o secretário Ricardo Cadar afirmou que o aluguel será pago pela prefeitura, que também vai arcar com a mudança dessas famílias. Informou ainda que todos os prédios serão concluídos em 14 meses. Rosângela Reis salientou que as 180 famílias não podem continuar nesta insegurança, sem conhecimento do projeto, que é preciso discutir com a comunidade.

Presenças - Deputados estaduais Weliton Prado (PT), presidente; e Padre João (PT) e as deputadas Cecília Ferramenta (PT) e Rosângela Reis (PV); os deputados federais Leonardo Quintão e Carlos William. Além das autoridades citadas, participaram da reunião diversos vereadores e a representante da comunidade Santa Luzia, Maria Rodrigues dos Santos Souza.

 

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