Emigração leva deputados a Governador Valadares na sexta
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Quais as alternativas de desenvolvimento para
reduzir os efeitos do fluxo migratório de trabalhadores do Vale do
Rio Doce para o exterior? A pergunta motiva debate que será
promovido nesta sexta-feira (28/3/08) pela Comissão do Trabalho, da
Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa de Minas
Gerais. A reunião será realizada em Governador Valadares, a
requerimento da deputada Elisa Costa (PT), e dela poderão sair
propostas para solucionar o problema. Marcada para as 9 horas, a
reunião será na Câmara Municipal (Rua Marechal Floriano, 905 -
Centro).
Para a deputada, o desafio é encontrar caminhos que
fixem o trabalhador na cidade e no campo, criando oportunidades para
as famílias e, principalmente, para os jovens. "É preciso implantar
programas que criem condições para que o jovem tenha um projeto de
vida local. Não é pensar em cessar a migração, mas criar opções para
ele ficar na cidade", destaca. Ela defende a inclusão do Vale do Rio
Doce no projeto do Governo Federal Territórios da Cidadania, que
envolve diversos ministérios em ações para o desenvolvimento
regional. O programa já atinge os Vales do Mucuri e do
Jequitinhonha.
Em setembro de 2007, quando a comissão discutiu
esse mesmo assunto em Belo Horizonte, a emigração já apontava
esvaziamento populacional em diversos municípios do Rio Doce -
alguns com perda superior a 50% da população. Para a deputada, há
tendência de surgimento do fenômeno da "cidade fantasma", uma vez
que, entre 1960 e 1991, a população da região foi reduzida em 1,5
milhão de pessoas. Os países mais procurados seriam Estados Unidos,
Canadá e Portugal. Para se ter idéia do problema, em setembro de
2007 cerca de 54% das famílias de Governador Valadares tinham algum
parente no exterior, segundo pesquisa da professora Sueli Siqueira,
da Univale. Perguntados sobre o desejo de retornar ao Brasil, 89%
teriam se manifestado contrariamente.
Convidados - Estão
confirmadas as presenças do presidente da Câmara Municipal e da
Associação dos Parentes e Amigos dos Emigrantes de Minas, vereador
Paulo Costa; do coordenador-geral do Conselho Nacional de Imigração,
Paulo Sérgio Almeida; do coordenador-geral de Monitoramento e
Avaliação do Ministério de Desenvolvimento Agrário, Márcio Hirata;
do professor Haruf Salmen Spíndola, pesquisador do Núcleo de Estudos
Multidisciplinar sobre Desenvolvimento Regional da Univale; e do
coordenador do Centro de Informação, Apoio e Amparo à Família e ao
Trabalhador no Exterior (Ciatt), Antônio Carlos Linhares Borges.
Foram também convidados a participar o secretário de Estado de
Desenvolvimento Econômico, Márcio Lacerda; e o professor Weber
Soares, pesquisador do Instituto de Geociências da UFMG.
Trabalho do Ciatt foi apresentado em
setembro
Em setembro de 2007, quando o assunto foi discutido
na Capital, o coordenador do Centro de Informação, Apoio e Amparo à
Família e ao Trabalhador no Exterior (Ciatt), Antônio Carlos
Linhares Borges, apresentou as ações da entidade, que desenvolve
projetos com o objetivo de intervir e melhorar a realidade social e
econômica de Governador Valadares. Esses projetos já estão sendo
estendidos a outros oito municípios, como incubadoras de
cooperativas, projetos de identidade cultural, e apoio ao
empreendedorismo.
O diagnóstico que deu base ao trabalho do Ciatt foi
apresentado pela pesquisadora do Núcleo de Estudos Multidisciplinar
sobre Desenvolvimento Regional da Univale, Sueli Siqueira. Segundo
os dados, 54% das famílias visitadas têm parentes no exterior. Cerca
de 67% dos responsáveis pelo domicílio eram do sexo feminino e 65%
tinham escolaridade até o ensino fundamental. "Um dado novo, ou
seja, que nunca apareceu em pesquisas sobre o tema, é que muitos
emigrantes voltam doentes. Também apareceu o problema do
endividamento da família para custear a viagem, o que faz com que
ela seja praticamente refém dos credores", informou.
O professor Weber Soares, pesquisador do Instituto
de Geociências da UFMG, apresentou estudo sobre aspectos econômicos
da emigração. Os dados indicam que raramente os recursos financeiros
enviados ao Brasil são utilizados com propósitos produtivos.
"Estima-se que os emigrantes enviam de U$ 1,2 bilhão a U$ 4,1
bilhões ao Brasil, sendo 76% desse valor para a família", informou
ele.
A audiência de setembro foi dedicada aos familiares
do mineiro assassinato em Londres, Jean Charles de Menezes, que
estavam presentes.
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