Expansão de mineradora preocupa população de Paracatu

Os planos de expansão da RPM mineradora estão deixando preocupada parte da população de Paracatu e revoltados ambient...

14/03/2008 - 00:01
 

Expansão de mineradora preocupa população de Paracatu

Os planos de expansão da RPM mineradora estão deixando preocupada parte da população de Paracatu e revoltados ambientalistas e integrantes de organizações não-governamentais, que temem por um desastre ecológico na região. Para avaliar a atuação da empresa, a Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais realizou, nesta sexta-feira (14/03/08), uma audiência pública com a participação de autoridades locais, especialistas e Ministério Público (MP).

A Rio Paracatu Mineração S/A está investindo US$ 540 milhões num projeto que elevará a capacidade de produção da Mina do Ouro de cinco para 15 toneladas do metal por ano. A expansão, aprovada em 2006 pelos acionistas, inclui nova estrutura de beneficiamento e ampliação da planta já existente. Com isso, a mineradora poderá atuar por mais 30 anos na região.

Os ambientalistas, entretanto, alegam que a expansão prejudicará o meio ambiente, causando degradação irrecuperável, e também a saúde da população, principalmente pela contaminação de rios, inalação de poeira e arsênio.

"Por aqui há riqueza para fazer de Paracatu uma das cidades mais desenvolvidas do País, mas vai tudo para os cofres internacionais. A empresa está há 20 anos no município, que não se desenvolveu, apenas cresceu de maneira desordenada", disse o médico e presidente da Fundação Acangaú, que atua na área ambiental, Sérgio Ulhoa Dani.

O presidente do Instituto Serrano Neves, ligado a questões ecológicas, Paulo Maurício Serrano Neves, também criticou a ação da companhia. "Os danos à natureza são visíveis, assim como as doenças. A mineração nos matará de sede e de fome, ainda que agora ofereça empregos e dinheiro. O ouro levado para o estrangeiro não voltará para acudir o sofrimento dos paracatuenses, e os benefícios sociais acabarão. Aí será tarde para perguntar se valeu a pena", afirmou.

Defesa - A RPM, por sua vez, alega que a expansão da capacidade produtiva vai beneficiar toda a população da região. Haverá aumento do número de empregos diretos e terceirizados, passando de 1.165 atuais para 1.480, após a expansão.

Além disso, de acordo com a companhia, a arrecadação de impostos para o município praticamente duplicará. Somados o ICMS, CFEM e ISS, o montante sairá de R$ 6,9 milhões para R$ 13,6 milhões por mês.

O gerente-geral da RPM, Vítor Hugo Belo, apresentou as ações da companhia na área ambiental e estudos mostrando que a mineradora cumpre todas as exigências legais que lhe são impostas. "Os níveis de arsênio e poeira, por exemplo, estão bem abaixo dos limites da lei. Assumimos o compromisso de reabilitar o Córrego Rico, antigo desejo da população local, e investimos nas questões sociais. Nossa atividade traz aumento da renda regional, da receita fiscal e de empregos", argumentou

O promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto informou que o MP abriu inquérito civil público logo que tomou conhecimento dos planos de expansão da empresa, ainda em 1996, para investigar os possíveis danos ambientais e as compensações oferecidas pela RPM.

"O assunto é complexo, e o primeiro inquérito se desdobrou em três. Se quiséssemos já poderíamos ter entrado com uma ação civil pública e passado o problema para o Judiciário. Mas não estamos jogando para a platéia. Estamos investigando em respeito à população e à empresa", afirmou.

O promotor informou que está trabalhando com uma equipe técnica multidisciplinar e isenta de interesses políticos ou econômicos para avaliar a situação.

Futuro - O deputado Almir Paraca (PT) lembrou que o assunto é muito importante para a cidade e que deve ser pensado a longo prazo. "Temos que pensar no fim das atividades da RPM daqui 30 anos. O que restará ao município além de prejuízo ao meio ambiente e um vazio na economia local? Por isso está na hora de considerarmos formas de desenvolver outras atividades econômicas. Isso é desenvolvimento sustentável", opinou.

O deputado Elmiro Nascimento (DEM), autor do requerimento que deu origem à audiência, também enfatizou a importância do assunto e disse que a ALMG vai acompanhar de perto a questão. "Há interesses econômicos e ambientais envolvidos, por isso achei que deveria trazer ao conhecimento da Assembléia". Já o deputado Inácio Franco (PV) pediu a conciliação dos que são contra e a favor da expansão e ainda a agilidade do MP nos estudos técnicos sobre as conseqüências da mineração.

Presenças - Deputados Fábio Avelar (PSC), presidente; Almir Paraca (PT), Inácio Franco (PV) e Elmiro Nascimento (DEM).

 

 

 

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