Exploração de crianças no futebol será discutida em Comissão

Foi aprovado pela Comissão de Participação Popular da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quinta-feira (13/...

13/03/2008 - 00:00
 

Exploração de crianças no futebol será discutida em Comissão

Foi aprovado pela Comissão de Participação Popular da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quinta-feira (13/3/08), requerimento para realização de uma audiência pública para discutir a exploração de crianças e adolescentes no futebol. O requerimento, de autoria dos deputados André Quintão (PT), Carlin Moura (PCdoB) e João Leite (PSDB), foi apresentado a partir de denúncias feitas pela coordenadora do Fórum Estadual de Combate ao Trabalho Infantil e Proteção do Adolescente, Elvira Cosendey. A coordenadora foi uma das participantes de audiência pública realizada nesta quinta-feira para fazer um balanço das atividades da Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente em 2007, e para definir uma agenda de trabalhos para 2008.

A reunião para discutir a situação dos jogadores de futebol adolescentes, segundo o requerimento, será conjunta entre as comissões de Participação Popular e a de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática. De acordo com Elvira Cosendey, muitas famílias estão sendo enganadas em Minas, pagando R$ 350 mensais ou até somas mais altas para pessoas que prometem oportunidades para seus filhos treinarem em grandes clubes de futebol. Esses adolescentes acabam abrigados de forma precária, longe de suas cidades de origem, e são explorados pelos agenciadores. A coordenadora afirmou que, para combater a prática, algumas entidades já preparam sugestões de mudanças na Lei Pelé, que garantam direitos mínimos a esses adolescentes, e que a partir de 16 anos de idade o contrato profissional seja obrigatório.

Além da audiência sobre o futebol, diversas outras providências e diretrizes foram definidas para as atividades da Comissão de Participação Popular e da Frente Parlamentar da Criança e Adolescente em 2008. Entre elas estão a realização de um seminário para discutir o papel dos conselhos tutelares, sugerida pelo deputado Carlin Moura (PCdoB), e já aprovada anteriormente. Outras sugestões que deverão ser transformadas em requerimentos parlamentares são o envio de um ofício ao Governo do Estado para cobrar a criação do conselho encarregado de fiscalizar a aplicação dos recursos do Fundeb; a realização de uma audiência pública no final do 1º semestre para analisar a execução orçamentária dirigida à criança e adolescente; organização de eventos e debates sobre os 18 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, em julho; e fortalecimento do movimento em favor da ampliação do acesso ao Sistema Integrado de Administração Financeira de Minas Gerais (Siafi-MG).

Emendas garantem mais R$ 8,5 mi para crianças em 2008

Além de discutir uma agenda para 2008, a Comissão de Participação Popular fez um balanço das emendas apresentadas ao Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) 2008-11. De acordo com o deputado André Quintão, presidente da Comissão, as emendas aprovadas em 2007 irão ampliar em R$ 8,5 milhões o orçamento destinado a ações voltadas para a criança e o adolescente em 2008. Entre as emendas estão a que destina mais R$ 1 milhão para o acompanhamento social nas escolas públicas e outra que aumenta em R$ 900 mil a dotação orçamentária para a implantação dos centros de atenção psicossocial para atendimento às crianças e adolescentes.

Quintão também destacou o papel da Frente Parlamentar de Defesa da Criança e do Adolescente no acompanhamento da execução orçamentária do Estado para o setor. Em 2007, 97,86% das ações voltadas exclusivamente para a criança e adolescente foram executadas em Minas. Diversas representantes de entidades do setor elogiaram e agradeceram o trabalho da Frente em "traduzir" o orçamento e disponibilizar as informações. "Espero uma intensificação dessa parceria, que tem sido extremamente profícua", afirmou a secretária da Frente de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Minas Gerais, Maria Alice da Silva. Partiu de Maria Alice a sugestão de uma audiência semestral para discutir a execução. Ela também cobrou um esforço para multiplicar e qualificar as frentes parlamentares municipais que apóiam a criança e adolescente.

Estado terá novo plano contra trabalho infantil

A coordenadora especial da Política Pró-Criança e Adolescência da Secretaria de Estado de Defesa Social, Fernanda Martins, afirmou que o governo pretende priorizar dez municípios do semi-árido mineiro para implantação, em 2008, de um plano de erradicação do trabalho infantil. A presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Regina Cunha, ressaltou que o pontapé inicial para a criação do plano foi dado na Assembléia, com a aprovação de emendas para o setor.

O subsecretário de Direitos Humanos da Secretaria de Estado de Defesa Social, João Batista de Oliveira, afirmou que a prioridade da pasta, em 2008, será a organização dos conselhos tutelares nos municípios, com o treinamento de conselheiros e entrega de veículos para que eles atuem nas estradas mais atingidas pela exploração sexual de menores, principalmente no Nordeste de Minas. No mesmo sentido, Fernanda Martins afirmou que o governo pretende iniciar, até maio, um programa de profissionalização de jovens envolvidas com a exploração sexual na região do Jequitinhonha.

O deputado Carlin Moura cobrou a ampliação do orçamento estadual destinado à criança e ao adolescente. Segundo ele, foram R$ 32 milhões em 2007, cerca de 0,1% do orçamento total. Já o governo federal, em 2008, estaria prevendo, ainda de acordo com o parlamentar, 5% do orçamento para programas direcionados aos menores de idade.

Minas é o 11º Estado com maior mortalidade infantil

A coordenadora mineira do Unicef, órgão das Nações Unidas para a criança e o adolescente, Ana Penido, também participou da reunião da Comissão de Participação Popular e apresentou diversos dados sobre a situação em Minas. Ela afirmou que o Estado está em 11º lugar no ranking de mortalidade até cinco anos de idade, ou seja, há dez Unidades da Federação com índices melhores que Minas. "Minas, em geral, está sempre atrás dos estados do Sul, outros estados do Sudeste, e às vezes atrás de estados do Centro-Oeste, como Mato Grosso do Sul e até Goiás", afirmou Ana.

Ela afirmou que o Unicef criou o Índice de Desenvolvimento Infantil, que contabiliza dados relativos à mortalidade infantil, realização do pré-natal, escolaridade das mães e disponibilidade da pré-escola. Desde 1999, Minas caiu quatro posições nesse ranking. "É sinal que o Estado não vem avançando tanto quanto outros", afirmou.

Apesar dos dados negativos para Minas, Ana Penido afirmou que a situação vem melhorando no Brasil. Entre 1990 e 2006, houve uma queda de 50% na taxa de mortalidade dos menores de cinco anos, que passou de 59,9 para 29,9 por mil nascidos vivos. "De qualquer forma, ainda são 202 crianças morrendo por dia" ressaltou. O coordenador do Programa Selo Unicef, Luiz Gomes, falou ainda sobre esse programa, que prestigia os municípios que reduzem os índices de mortalidade infantil.

Presenças - Deputados André Quintão (PT), presidente da Comissão; Carlin Moura (PCdoB) e João Leite (PSDB); deputada Elisa Costa (PT); e além das personalidades citadas na matéria, a representante do Fórum Mineiro de Educação Infantil, Dinéia Domingues.

 

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