FFO, governo e OAB querem aprimorar projeto sobre precatórios

O Legislativo, a Fazenda Estadual e a Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Minas Gerais vão aprofundar a discussão p...

12/03/2008 - 00:02
 

FFO, governo e OAB querem aprimorar projeto sobre precatórios

O Legislativo, a Fazenda Estadual e a Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Minas Gerais vão aprofundar a discussão para aprimorar o Projeto de Lei (PL) 392/07, do deputado Antônio Júlio (PMDB), que tramita na Assembléia Legislativa de Minas Gerais e trata da quitação de créditos tributários do Estado com precatórios judiciais. Em reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da ALMG, nesta quarta-feira (12/3/08), o presidente da Comissão de Precatórios da OAB/MG, José Alfredo Baracho Júnior, defendeu a aprovação da medida e apresentou uma sugestão concreta para aperfeiçoá-la, que é a exigência de que a cessão de direitos para compensação de precatórios a terceiros, também prevista no projeto, seja homologada nos próprios autos, e não apenas em cartório.

"O precatório resulta de um processo judicial e, para dar maior segurança a essas operações, a cessão de crédito poderia ser homologada no próprio processo", explicou ele. Baracho Júnior informou que medida semelhante à contida no PL 392 já foi proposta pela OAB/MG ao governo do Estado em 2006, junto com outras sugestões. Ele lembrou que o problema dos precatórios aflige não só os credores, como o próprio Estado, pois é uma dívida que se renova a cada ano.

A reunião desta quarta (12) foi requerida pelo relator do projeto da FFO, deputado Sebastião Helvécio (PDT), para fundamentar seu parecer, com a participação de convidados. Presente ao debate, o assessor especial da Secretaria de Estado da Fazenda, Osmar Teixeira de Abreu, explicou que o governo, por cautela, entendeu ser melhor aguardar a evolução da tramitação, no Congresso, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 12/06, que busca soluções para o pagamento de precatórios em todo o País. Ao final dos debates, depois de deputados e OAB se manifestaram sobre a necessidade de resolver a questão, Abreu sinalizou a possibilidade de a SEF agilizar o assunto em Minas, dispondo-se a contribuir para aprimorar o projeto original, incorporando conteúdos da PEC.

Por sugestão do deputado Sebastião Helvécio (PDT), ficou definido que haverá um novo debate no dia 2 de abril, às 10h30, com o convite também à Advocacia-Geral do Estado e a José Otávio de Viana Vaz, autor de livro sobre pagamento de tributos por precatórios. Segundo Helvécio, o objetivo é construir um substitutivo consensuado. O Estado tem cerca de R$ 3,5 bilhões de precatórios a pagar e R$ 30 bilhões de créditos inscritos em dívida ativa. Segundo a SEF, entidades da administração indireta com precatórios atrasados são o Ipsemg, o IPSM, a Imprensa Oficial e o DER, órgão que tem os títulos vencidos há mais tempo (desde 2001).

Autor do projeto defende mudança

O não pagamento dos precatórios é um dos maiores absurdos jurídicos do País, na opinião do autor do PL 392, deputado Antônio Júlio, que defendeu a aprovação de sua proposta. Segundo ele, das outras vezes que apresentou projeto semelhante, sempre lhe foram feitas críticas, como desequilíbrio de contas do Estado e risco de aumentar a inadimplência de impostos, sem que haja disposição por parte do governo de analisar o mérito e aprimorá-lo, se necessário.

Ele lembrou que, inclusive, já foi aprovada a Lei 14.699, de 2003, que permite a compensação de créditos tributários, mas que, por excesso de burocracia, acabaria sem surtir o efeito esperado. "Falta visão pública de arrecadação - não financeira, mas contábil. O meu projeto é simples e precisa de pouca regulamentação. Basta que a Advocacia-Geral do Estado produza documento hábil para que haja a cessão do crédito obrigatório", avaliou.

Em entrevista após a reunião, o deputado Sebastião Helvécio disse estar otimista, uma vez que a iniciativa do deputado Antônio Júlio é perfeitamente factível para se tornar um projeto de lei. Segundo ele, além da sugestão de acrescentar que a legitimação do cedente e do comprador do direito seja feita em juízo, o debate levantou outra mudança que será necessária: limitar a quitação do precatório apenas para dívida já inscrita em dívida ativa.

O presidente da FFO, deputado Zé Maia (PSDB), defendeu um amplo entendimento entre Assembléia e Secretaria da Fazenda, com o objetivo de resolver o problema de pessoas que estão penando há décadas na fila dos precatórios. Afirmou que essa solução será um marco; "um gesto de inteligência, raciocínio e boa-vontade, sem envolver gastos"; e elogiou como um todo o trabalho feito pela secretaria. Já o deputado Getúlio Neiva (PMDB) cobrou do governo do Estado vontade política para resolver o problema da falta de pagamento dos precatórios, que, segundo ele, tem se configurado uma situação cruel e desumana, principalmente com os mais necessitados.

Presenças - Deputados Zé Maia (PSDB), presidente; Jayro Lessa (DEM), vice; Agostinho Patrús Filho (PV); Antônio Júlio (PMDB); Lafayette de Andrada (PSDB); Sebastião Helvécio (PDT); Irani Barbosa (PSDB); Délio Malheiros (PV) e Getúlio Neiva (PMDB).

 

 

 

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