Lotação da cadeia de Frutal está quatro vezes acima da capacidade

Com capacidade para abrigar 32 detentos, a cadeia pública de Frutal, no Triângulo Mineiro, tem hoje 156 presos distri...

12/03/2008 - 00:03
 

Lotação da cadeia de Frutal está quatro vezes acima da capacidade

Com capacidade para abrigar 32 detentos, a cadeia pública de Frutal, no Triângulo Mineiro, tem hoje 156 presos distribuídos em seis celas, numa média de 25 para cada espaço de 4mx4m. A superlotação, que obriga os prisioneiros a se revezarem para dormir, foi constatada nesta quarta-feira (12/3/08) pelo presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerias, deputado Sargento Rodrigues (PDT), que foi conferir as condições denunciadas pelos próprios policiais. A cadeia pública tem ainda uma cela com 11 mulheres e outra com quatro adolescentes.

A visita da comissão foi acompanhada pelo delegado regional da Polícia Civil, Hélio Lisse Júnior, pela juíza Andreia de Oliveira Dias Souza, pelos promotores Vinícius de Souza Chaves, Carolina Andrade e Alan José, pelo representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), John Kennedy Mendonça, e pelo diretor da cadeia, Dimer de Toledo Ribeiro. A unidade conta com dois policiais civis e oito militares, todos em desvio de função para a guarda de presos.

Para o deputado Sargento Rodrigues, o quadro resulta em três situações preocupantes: "Primeiro, a apreensão da sociedade, com a perspectiva de rebeliões; segundo, a situação irregular de presos já sentenciados que deveriam estar em uma penitenciária; e em terceiro lugar, as condições desumanas de trabalho dos policiais". O deputado afirmou que vai fazer um relatório ao secretário de Defesa Social, Maurício Campos Júnior, e pedir a transferência de prisioneiros já condenados. "De imediato, nossa visita já resultou no pedido do delegado regional à Secretaria de Defesa Social para o envio de colchões. E depois, a presença do coordenador do Núcleo de Gestão Prisional da Polícia Civil, delegado Mário José Correa Santos", destacou.

Segundo o delegado Hélio Lisse, já foram feitos diversos pedidos à secretaria para a remoção dos presos condenados, inclusive gestões da juíza e da OAB-MG, mas não há respostas. Diante disso, o promotor Vinícius de Souza Chaves ajuizou ação civil pública pedindo a interdição da cadeia. Hélio Lisse disse que não há previsão de transferência de presos. Acompanhando a visita das grades, os presos reclamaram da falta de colchões, de banho de sol e de visitas íntimas.

Medidas - Depois da visita, foi feita uma reunião na delegacia local, que acertou algumas providências imediatas, de acordo com o deputado Sargento Rodrigues: um levantamento pelo promotor Vinícius Chaves da situação de cada preso, inclusive os de outros Estados (12 presos no momento); expedição, pela juíza Andreia Dias Sousa, das cartas de guia, instrumento que permite ao preso ser transferido para outro lugar (desde que condenado); e cobrança da vinda de agentes penitenciários para substituir os policiais na guarda prisional.

Apac deve ser solução

Tanto a juíza Andreia Dias Sousa quanto o delegado Hélio Lisse acreditam que a construção da Associação de Assistência e Proteção ao Condenado (Apac) será a solução do problema da superlotação. A associação já foi criada e deve assinar um convênio com a Secretaria de Defesa Social nesta sexta-feira (14), no valor de R$ 960 mil. A previsão é de que até outubro a obra esteja pronta e em dezembro tenha condições de receber 130 presos condenados, que é sua capacidade total. "Mas até lá temos que encontrar outras soluções", lembrou o delegado

O representante da OAB-MG, John Kennedy Mendonça, declarou que as condições de trabalho são desumanas: "São mais de 300 processos por mês recebidos na comarca, para apenas dois juízes. Temos 10 mil processos nas duas varas, ninguém quer trabalhar na cidade". Outro problema foi lembrado pelo promotor Vinícius Chaves: "Frutal é uma comarca fronteiriça e por isso enfrentamos problemas com os presos de outros Estados, principalmente de São Paulo. Bandidos mineiros presos lá são imediatamente recambiados, e os de lá detidos aqui têm que aguardar vaga no sistema prisional. Eles não aceitam os detidos de forma alguma", lamenta o promotor.

O coordenador do Núcleo de Gestão Prisional, Mário Correia Santos, afirmou que acompanhou a visita da comissão para ver a situação de perto, já que os dados já estavam sendo passados há mais tempo pelo delegado regional. "O problema em Frutral é a superlotação, pois de infra-estrutura a cadeia não está muito ruim", disse.

 

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