Comissão visita penitenciária em Fabriciano e cadeia em Valadares

Dois presídios da Secretaria de Estado Defesa Social foram visitados nesta quarta-feira (27/2/08) pela Comissão de Se...

27/02/2008 - 00:01
 

Comissão visita penitenciária em Fabriciano e cadeia em Valadares

Dois presídios da Secretaria de Estado Defesa Social foram visitados nesta quarta-feira (27/2/08) pela Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Durante a manhã, o presidente, deputado Sargento Rodrigues (PDT), e as deputadas Elisa Costa (PT) e Rosângela Reis (PV) foram conhecer o novo presídio de Coronel Fabriciano, inaugurado no dia 19 de fevereiro. À tarde estiveram no presídio de Governador Valadares, em companhia de um promotor de Justiça e de vereadores da cidade.

Em Coronel Fabriciano, acompanhou os deputados o prefeito Chico Simões, que doou o terreno para a construção do presídio há três anos. As obras foram iniciadas em 2006 e concluídas recentemente, a um custo de R$ 5,6 milhões. É uma instalação com capacidade para 196 presos, e está agora próxima da lotação máxima, com 190 detentos, sendo 18 mulheres.

O presídio tem 23 celas para oito presos cada, sendo duas na ala feminina e uma preparada para receber deficientes físicos. Todos os presos vestem uniformes vermelhos fornecidos pela Subsecretaria de Estado de Administração Penitenciária.

O diretor Alfredo Calixto conta com 60 agentes penitenciários uniformizados de preto e fortemente armados para manter a ordem na instalação, sendo seis agentes femininos. Há salas de revista de visitantes separadas por sexo e um parlatório com sete cabines para que os presos possam falar com seus advogados. Segundo ele, Coronel Fabriciano está na média estadual de 65% a 70% dos presos condenados por tráfico de drogas. Se incluídos os crimes de furto, assalto e homicídio ligados ao tráfico, o percentual sobe para 82%.

Situação carcerária tem melhorado

Depois de falar com os presos e recolher algumas queixas e reivindicações, os deputados deram entrevista à imprensa que aguardava diante do portão. Sargento Rodrigues disse que as condições do novo presídio são completamente adequadas à sua função, e que não se podem comparar às da antiga cadeia, que inspecionou há três anos. "Recolhi algumas queixas pontuais a respeito de cumprimento de pena e da má qualidade da comida, mas fui informado de que uma nova empresa venceu a licitação para fornecer as marmitas a partir de março", declarou o parlamentar.

A deputada Rosângela Reis questionou o diretor sobre os casos de presos doentes que estariam trancafiados sem assistência médica. O diretor Calixto admitiu que realmente havia presos em quarentena para diagnóstico, mas assegurou que estavam recebendo a devida assistência. A deputada quis saber também sobre as condições das presas grávidas, que reclamaram da assistência pré-natal.

Elisa Costa, por sua vez, recolheu queixas de presos que pedem transferência para instituições penais de suas cidades e também reclamações quanto à comida. O prefeito Chico Simões pediu ajuda aos deputados para pressionar o governo quanto ao destino da velha cadeia. Segundo ele, o prédio está aberto, em péssimas condições de higiene, e é necessário queimar os pertences dos presos que as famílias não recolheram após a mudança, por causa do risco à saúde pública.

Calixto respondeu que há prazos legais para que as famílias recolham o que for útil, e depois podem ser descartados os restos. Ele também concorda que o imóvel deva ser municipalizado para que a prefeitura dê o destino que julgar melhor.

Situação em Governador Valadares é de superlotação

Em Governador Valadares, os deputados se depararam com uma situação bem diversa. O presídio, segundo o deputado Sargento Rodrigues, "é um cadeião construído há muitas décadas", e está superlotado, com 590 presos disputando um espaço onde caberiam apenas 248. Poucos deles dispõem de uniformes e faltam até colchões. Comprimem-se 13 a 15 homens em celas concebidas para apenas seis.

Dos 590 presos, 77 são condenados no regime fechado, 114 no semi-aberto e os restantes são presos provisórios. Das 33 detentas, 14 estão no fechado e 12 no semi-aberto. Segundo o diretor João Menezes de Souza, não há menores no presídio. Menezes admitiu que falta água e que o Serviço de Águas do município faz abastecimento suplementar com caminhões-pipa. A conta de água apresentada para os últimos dois meses é superior a R$ 7 mil. Durante a visita dos deputados, os presos estavam enfileirados no pátio para receber vacinação contra febre amarela e hepatite B.

O promotor Edson Lima Paula, membro de um grupo do Ministério Público que se dedica ao controle externo da atividade policial e Curadoria de Direitos Humanos, disse que visita mensalmente o presídio, recolhendo queixas. Para ele, o problema maior é o da superlotação. Se fosse possível transferir os presos condenados para penitenciárias, já haveria um alívio. "Mas a situação aqui é de gerenciamento do caos. Não acho que seria recomendável transferir o caos para outra cidade", disse ele.

Sobre o direito a benefícios e à liberdade, que muitos presos se queixaram aos deputados, Paula Lima assegura que 80% das queixas não procedem, já que os advogados que atendem o presídio trabalham "muito bem". Ele disse que o risco de pânico e incêndio ali detectado pelo Corpo de Bombeiros deveria receber atenção das autoridades em primeiro lugar, juntamente com a transferência dos sentenciados.

Ação da Defensoria pode reduzir ansiedade e tensão

A deputada Elisa Costa, autora do requerimento da visita a Governador Valadares, apresentou também queixas de maus-tratos físicos aos presos. O promotor disse que essas denúncias precisam ser circunstanciadas, com data, hora, nomes dos autores e testemunhas, para que possam ser acolhidas pela Justiça. O diretor Menezes afirmou que encaminha todos os casos de denúncias de violência à Corregedoria, e que dois de seus agentes teriam sido exonerados recentemente.

Ao final da visita, o deputado Sargento Rodrigues endossou sugestão do promotor, de que os colchões a serem comprados pela Secretaria de Defesa Social sejam todos do tipo antichama, um pouco mais caros, mas que evitariam tragédias no caso de rebeliões. Ele quer também a presença permanente de um defensor público no presídio, para aliviar a ansiedade e a tensão dos presos que acreditam ter cumprido sua pena. Para as visitas de familiares, sugeriu que parte do pátio seja coberta. Por fim, anunciou que recebeu a informação da Secretaria de Defesa Social de que o Estado vai oferecer 4 mil novas vagas no sistema carcerário este ano.

Presenças - Deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente; deputadas Elisa Costa (PT) e Rosângela Reis (PV).

 

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