Atuação das polícias em Ouro Preto e Mariana é tema de audiência

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais estará em Ouro Preto nesta quarta-feira (20/...

15/02/2008 - 00:00
 

Atuação das polícias em Ouro Preto e Mariana é tema de audiência

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais estará em Ouro Preto nesta quarta-feira (20/2/08) para saber mais sobre a atuação das polícias Militar e Civil e dos delegados nos municípios de Mariana e Ouro Preto. Solicitada pelo deputado Padre João (PT), a audiência da comissão será no Plenário da Câmara, às 9 horas (Praça Tiradentes, 91). Entre os convidados, estão representantes das duas corporações, do Executivo e do Legislativo das duas cidades, além do Ministério Público.

Segundo informações do gabinete do deputado Padre João, são recorrentes as denúncias de cidadãos de Mariana e Ouro Preto, que se queixam de agressões e maus tratos de policiais civis e militares. Os dois municípios pertencem à 8ª Companhia Independente da PM. Na opinião do parlamentar, a reunião desta quarta será o momento de cobrar esclarecimentos dos envolvidos e de colaborar com a segurança pública daquela região.

A audiência poderá contribuir ainda para apurar denúncia feita à comissão no final do ano passado. Em 13/12/07, os deputados receberam o jovem J.H.P, de Mariana, menor de idade, que relatou tortura sofrida durante sua detenção por policiais militares, no dia 2.

Segundo a mãe do jovem, Rosilene da Costa, o rapaz foi apreendido por engano pela polícia, ocasião em que teria sofrido os maus tratos. A agressão foi classificada como "flagrante caso de tortura" pelo deputado Padre João (PT), autor do requerimento para que o caso fosse relatado na comissão. Exibindo ferimentos nas pernas, costas e braços, J.H.P. disse ainda que foi humilhado por causa de sua cor negra, ouvindo diversas referências jocosas a esse respeito, além de outros constrangimentos. Foram aprovados requerimentos a diversos órgãos para que tomem providências sobre o caso.

Na reunião do dia 13 de dezembro, o deputado João Leite lembrou que a tortura é classificada como crime hediondo, com penas mais severas, e que os policiais militares de Mariana, que pertencem ao batalhão de Ouro Preto, já haviam sido acusados em outros casos na comissão.

Convidados - São convidados o prefeito e o presidente da Câmara de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo e Maurílio Zacarias Gomes; o prefeito e o presidente da Câmara de Mariana, Celso Cota e Marcelo Monteiro Macedo; o corregedor-geral da PM, coronel Cezar Romero Machado Santos; o promotor de Justiça Edivaldo Costa Pereira Júnior, da comarca de Ouro Preto; o comandante da 8ª Companhia Independente da PM, major Marco Antônio Janeiro; e os delegados de Ouro Preto, Antônio Eduardo Lacerda (28ª Delegacia Seccional de Polícia Civil), e de Mariana, Cleide de Oliveira Fiorillo (12ª Delegacia Seccional da Polícia Civil).

Visita - No ano passado, a comissão esteve em Ouro Preto e Mariana. Em 3/9/07, os deputados visitaram as cadeias das duas cidades, acusadas de serem "caldeirões" de violência prestes a explodir. Naquela época, o prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo, que acompanhou a visita, informou aos deputados que havia assinado a ordem de serviço para iniciar a reforma da cadeia, que custaria R$ 150 mil ao Estado e R$ 50 mil à Prefeitura. A obra incluiria as instalações anexas do Prolae (Programa de Liberdade Assistida ao Encarcerado), com projetos de recuperação e trabalho remunerado para os detentos.

Os deputados também foram informados, pela Subsecretaria de Administração Penitenciária, de que seria feita a transferência de presos com condenação definitiva e daqueles que têm direito à progressão para semi-aberto.

Em Ouro Preto, em setembro, havia 174 presos em um espaço onde a lotação máxima deveria ser de 80 pessoas, sendo 64 já condenados. Apenas dois homens faziam a guarda, quando o necessário seriam 30 agentes penitenciários. Em Mariana, havia 106 presos, incluindo os 40 albergados, num espaço onde 50 presos seriam o número adequado. Nessa cidade, os deputados se depararam ainda com as celas apelidadas de "corró": dois espaços de 8 m2, sem ventilação, expostos ao sol forte da tarde, onde sofriam 13 presos.

A comissão foi informada, na época da visita, que os prefeitos de Ouro Preto, Mariana e Itabirito estariam cogitando de construir uma unidade da Associação de Proteção e Amparo ao Condenado (Apac) para atender as três cidades.

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715