Cidade na Grande BH quer compensação por danos ambientais

Moradores de Mário Campos, Região Metropolitana de Belo Horizonte, principalmente dos bairros Bom Jardim, Bela Vista,...

19/12/2007 - 00:00
 

Cidade na Grande BH quer compensação por danos ambientais

Moradores de Mário Campos, Região Metropolitana de Belo Horizonte, principalmente dos bairros Bom Jardim, Bela Vista, Tangará, demonstraram insatisfação com a "arrogância" da empresa Mineral do Brasil, que atua na região, e reclamaram dos danos ambientais causados pela exploração de minério de ferro. Em audiência pública realizada pela Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (19/12/07), representantes desses bairros pediram compensações ambientais e respeito com a população. A reunião foi pedida pelo deputado Dinis Pinheiro (PSDB), 1ª secretário da ALMG, atendendo solicitação da Câmara Municipal e da prefeitura daquela cidade.

Diante das denúncias generalizadas dos danos ambientais, como rachaduras em casas dos três bairros, tráfego intenso de carretas, poluição atmosférica e possível irregularidade no licenciamento ambiental da empresa, o Ministério Público, representado pela promotora de Ibirité, Janaine Brandão Silveira, sugeriu nova audiência. Nessa reunião seria apresentado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) à empresa, cujo texto incluiria como uma das prioridades, o aproveitamento de mão-de-obra de Mário Campos.

Outro resultado foi a aprovação de requerimento do deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente da comissão, solicitando que a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) investigue o processo de licenciamento da empresa, acusada pelo prefeito de Mário Campos, Anderson Ferreira Alves, de não possuir alvará para funcionamento. E que o mesmo órgão fiscalize as atividades da Mineral do Brasil; e que em caso de constatação de alguma irregularidade, que tome as providências devidas. A nova reunião deverá ser agendada com o MP após o recebimento dessas informações.

Maior reclamação foi sobre descaso da empresa

Sintetizando os depoimentos de moradores, produtores de hortaliças, vereadores e prefeito, o deputado Dinis Pinheiro disse que além do problema ambiental, as relações da empresa com a população estão sendo desrespeitosas. Segundo depoimentos diversos, a empresa não recebe as autoridades de Mário Campos e nem os moradores. Pinheiro sugeriu uma parceria maior e que a Mineral do Brasil participe mais da vida da comunidade, "ajudando nos problemas locais, como recuperação de vias e construção de posto de saúde. Precisamos construir o bom caminho", disse o deputado.

Para Sávio Souza Cruz é preciso verificar a situação legal do empreendimento: se está licenciado, como foi concedido este licenciamento. Suas colocações foram conseqüência da divergência de informações entre o prefeito Anderson Alves e a representante da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Renováveis, Isabel Cristina Cardoso de Meneses. O prefeito garantiu que não há alvará da prefeitura. Isabel Cristina disse que o licenciamento da empresa está correto e que um dos requisitos de fornecimento da licença de exploração é exatamente a concordância da prefeitura.

O deputado Fábio Avelar (PSC) destacou que o mais urgente é a solução do impacto do tráfego pesado das carretas nos bairros mais próximos. Ele acatou a idéia do TAC como melhor solução. A promotora Janaine Silveira disse que o Ministério Público não tinha conhecimento da gravidade da situação. Ela explicou aos moradores a legislação ambiental e sugeriu compensações pela Mineral do Brasil, como a construção de um parque ecológico.

Desenvolvimento versus preservação

Muitos depoimentos abordaram a relação entre desenvolvimento e preservação, como a do presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Mário Campos, Cláudio Cardoso. Pequeno produtor de hortaliças do bairro Bela Vista, Cardoso disse que a dor maior dos cerca de 70 produtores dos três bairros é a falta de água. "Além da falta de água provocada pela longa estiagem, nossa região convive com a poluição atmosférica e com a possibilidade de contaminação do lençol freático". Isabel Cristina, representante da Semad, garantiu que não há comprometimento do lençol.

A Mineral do Brasil é uma empresa de médio porte, criada em 1936, em Sarzedo, explora minério de ferro no Pico Três Irmãos, integrante da Serra do Rola Moça, na divisa dos municípios de Mário Campos, Brumadinho e Sarzedo. Sua produção é de 80 mil toneladas/mês de ferro, vendidos para a Vale (75% da produção), segundo informações do gerente administrativo, Bruno Junqueira. Segundo ele, a empresa tem 82 funcionários, 12 dos quais de Mário Campos. O gerente disse que a Mineral não se furta ao contato com a população da cidade, e que participa da administração, inclusive recuperando vias como a Três Irmãos, citada pelos vereadores e moradores como a mais prejudicada pela atividade mineradora.

Ele destacou como um dos benefícios mais atuais, o aumento da arrecadação de impostos pela prefeitura. Dinis Pinheiro lembrou que a prefeitura ficará com somente R$ 50 ou R$ 70 mil por mês e pediu que a empresa declarasse à Secretaria de Estado da Fazenda tudo o que explorou até agora, "para que Mário Campos pudesse receber tudo o que perdeu antes".

Requerimentos - Além do requerimento de Sávio Souza Cruz, a comissão aprovou outro do deputado Almir Paraca (PT), solicitando à Agência Nacional do Petróleo (ANP) a adoção das medidas necessárias para que todos os blocos de exploração de gás arrematados pela Empresa Geobrás, na 7ª rodada de licitações, e hoje abandonados, sejam ofertados a outras empresas interessadas.

Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Fábio Avelar (PSC), vice; Almir Paraca (PT), Hely Tarqüínio (PV), Inácio Franco (PV), Dinis Pinheiro (PSDB) e Wander Borges (PSB).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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