Cipe discute causas da proliferação de bactéria no São
Francisco
Na primeira reunião dos deputados mineiros que
compõem a Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos sobre o Rio
São Francisco (Cipe São Francisco), o principal tema discutido foram
as causas da presença excessiva da chamada cianobactéria no Velho
Chico, especialmente no Norte do Estado. O problema afeta milhares
de pessoas e tem causado grandes prejuízos para a região. A
audiência pública, realizada nesta quarta-feira (12/12/07) na
Assembléia Legislativa de Minas Gerais, contou com a participação de
convidados representando diversos órgãos que tratam da questão
ambiental em Minas.
De acordo com o deputado Fábio Avelar (PSC), as
informações técnicas trazidas pelos representantes das entidades
mostraram que a proliferação da cianobactéria no São Francisco não é
causada somente pelo esgoto proveniente de Belo Horizonte e lançado
no Rio das Velhas, conforme sustentava o deputado Paulo Guedes
(PT).
O petista concordou que a reunião foi bastante
esclarecedora e reforçou o apelo que vem fazendo há meses aos
governos federal, estadual e municipais no sentido de resolver esse
problema, uma vez que os técnicos presentes à reunião informaram que
a alta contaminação por cianobactérias na água pode se repetir nos
próximos anos.
O esgoto residencial jogado in natura no Rio
São Francisco colabora para a proliferação da bactéria, mas não é o
único fator responsável por isso. Segundo a química do Instituto
Mineiro de Gestão das Águas (Igam) Wanderlene Ferreira Nacif, o lixo
industrial, os agroquímicos e a seca na região também foram
importantes para a ocorrência do problema.
Ela informou ainda que um dos principais nutrientes
da cianobactéria é o fósforo, e que a concentração desse elemento no
Rio das Velhas tem caído ano a ano. Estudos feitos pelo projeto
Manuelzão, citados pelo representante da Copasa, Ronaldo Matias,
confirmam a melhoria da qualidade da água do rio na última
década.
Copasa trata 55% do esgoto de Belo
Horizonte
Quanto ao tratamento de esgoto na Grande Belo
Horizonte, Ronaldo Matias afirmou que a região produz 3.939 litros
de esgoto por segundo, e que 55% desse total é tratado. A empresa
detém a concessão para tratamento sanitário em 81 dos 238 municípios
que compõem a Bacia do São Francisco, mas opera em apenas 48.
Segundo o deputado Fábio Avelar, até 2010 a companhia deverá
investir R$ 2 bilhões em obras e ações de tratamento de esgoto nas
cidades sob sua concessão.
Para o presidente da Associação Brasileira de
Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), Márcio Pedrosa, dentro de
dois ou três anos a quantidade de esgoto tratado em Minas Gerais
será duplicada. Isso, porém, não será suficiente para conter a
proliferação da cianobactéria, alertou. As ações da Emater para
disseminar a educação ambiental junto às populações rurais da Bacia
do São Francisco foram apresentadas pelo diretor técnico da empresa,
José Ricardo Ramos Roseno.
O deputado Fábio Avelar informou que as reuniões
regionais da Cipe São Francisco serão realizadas quinzenalmente a
partir do próximo ano. O objetivo é fazer um diagnóstico detalhado
sobre a qualidade da água dos rios que compõem a bacia. Ele fez um
apelo a uma série de entidades que trabalham com a questão ambiental
em Minas para que elas forneçam dados estatísticos e outras
informações que ajudem a tornar esse diagnóstico o mais completo
possível. O deputado inclusive apresentou na reunião um requerimento
nesse sentido, que deverá ser colocado em votação na próxima reunião
da Cipe, no dia 20 de fevereiro.
Presenças - Deputados Gil
Pereira (PP), coordenador da Cipe São Francisco em Minas Gerais;
Fábio Avelar (PSC) e Paulo Guedes (PT). Além das personalidades
citadas na matéria, participaram o assessor da Fundação Estadual do
Meio Ambiente, Guilherme Silvino, a secretária-executiva da
Assessoria Jurídica da Associação dos Municípios da Área Mineira da
Sudene, Beatriz Morais de Sá, e o presidente da Associação dos
Municípios do Médio São Francisco, Marco Antônio Massuqui.
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