Seplag promete estudar empréstimo habitacional para militar

A Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) comprometeu-se a estudar a possibilidade de não condicionar ...

12/12/2007 - 00:01
 

Seplag promete estudar empréstimo habitacional para militar

A Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) comprometeu-se a estudar a possibilidade de não condicionar a concessão de empréstimos habitacionais para servidores da segurança pública à comprovação de ficha limpa no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC)/Serasa. A informação foi dada à Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (12/12/07) pela representante do programa Lares Geraes da Segurança Pública, Maria Carmen Gomes Ferreira, que é da Seplag.

Ela foi uma das convidadas do debate promovido pela reunião, a fim de avaliar a expansão do programa e averiguar as dificuldades de sua execução. Caso seja desconsiderado esse critério de restrição cadastral, o financiamento seria garantido pelo débito consignado na folha de pessoal - forma preferencial de pagamento dos empréstimos do programa, que tem como gestora a Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais (Cohab). Participaram da reunião representantes da companhia, dos servidores, da Polícia Militar, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal (CEF). A ausência do Corpo de Bombeiros Militar foi duramente criticada pelos deputados Sargento Rodrigues e Paulo Cesar, ambos do PDT, presidente e vice da comissão.

Balanço - Para Rodrigues, autor do requerimento da reunião, a garantia de que o governo vai estudar o assunto foi um resultado importante do debate. Segundo ele, muitos servidores não puderam obter o financiamento por restrições cadastrais. Rodrigues cobrou, por outro lado, mais recursos para o Lares Geraes da Segurança Pública. Em 2006, foram destinados ao programa R$ 26 milhões e, em 2007, R$ 22 milhões. No ano passado, dos 19.330 inscritos, apenas 2.616 foram convocados para entrevista. Desse total, 1.134 não compareceram, 341 foram reprovados e 880 servidores (entre bombeiros, policiais civis e militares e agentes penitenciários) tiveram as inscrições aprovadas. Dos 880, 439 apresentaram a documentação necessária e 370 foram contemplados com o empréstimo (84%). Os números são da própria Cohab.

O reduzido número de servidores atendidos é um ponto forte de crítica. Na avaliação do deputado e também do presidente da Associação dos Praças, Policiais e Bombeiros Militares (Aspra), subtenente Luiz Gonzaga Ribeiro, é preciso mais dinheiro para o Lares Geraes da Segurança Pública. O deputado reivindica que o Orçamento do Estado para 2008 seja alterado, a fim de que o programa receba mais recursos. Na avaliação dele, o ideal será a destinação de R$ 80 milhões para atender cerca de 5 mil servidores. "A habitação é um direito social, e o governo precisa de uma política habitacional compensatória para a área da segurança pública, pois seus servidores têm a vida em permanente risco", avaliou Sargento Rodrigues, que cobrou de forma veemente "boa vontade e compromisso" do governador Aécio Neves. "É preciso ação de governo", resumiu.

Grupo coordenador apresenta reivindicações; Cohab responde convidados

A Seplag e a Cohab receberam sugestões para aperfeiçoar o programa. O diretor de Recursos Humanos da Polícia Civil, delegado Vagner Vidal, que participa do grupo coordenador, apresentou duas sugestões: que os recursos não utilizados num ano sejam automaticamente realocados no programa no ano seguinte; e que, caso se resolva o problema da restrição cadastral, os servidores preteridos por estarem com o nome no SPC/Serasa possam ser priorizados. De acordo com a Aspra, R$ 10 milhões não teriam sido executados em 2006.

Fundo - O presidente da Aspra, que integra o grupo coordenador, solicitou a reabertura de inscrições no Lares Geraes da Segurança Pública, tendo em vista o ingresso de novos servidores na corporação militar. Luiz Gonzaga Ribeiro reivindicou também que seja retirada a regra de correção pela Taxa Referencial (TR) e que se avance na discussão, com a previsão, em lei, de um fundo habitacional para a segurança pública. O objetivo é garantir que os recursos não utilizados num ano possam ser usados nos exercícios seguintes. "Queremos a garantia de continuidade do programa habitacional", enfatizou. Ele cobrou, ainda, uma norma que preveja o direito à proteção do policial ameaçado em função de sua atividade.

O deputado Sargento Rodrigues reivindicou da Cohab mais informação para quem está no interior, além da dilatação do prazo para escolha do imóvel a ser financiado. O vice-presidente da Cohab, Valter Silva Teixeira, concordou que é preciso divulgar mais o programa, mas disse que a companhia tem escritórios regionais para atender os servidores. Sobre a crítica de que o prazo para encontrar um imóvel seria reduzido, o gerente comercial, Ronaldo Soares do Carmo, informou que a regra já foi alterada, com a ampliação do prazo de 30 para 60 dias.

Ao avaliar as dificuldades de acesso aos recursos do Lares Geraes, Valter Teixeira ponderou que há que se levar em conta também o aquecimento do mercado imobiliário, com conseqüente elevação dos preços, e a informalidade do setor, com casos de imóveis sem a documentação necessária. O valor máximo do empréstimo é de R$ 75 mil e o prazo para pagamento é de 30 anos. A média dos financiamentos é de R$ 65 mil, com juros de 4,3%. A maioria dos atendidos são cabos e soldados, com renda média de até R$ 1,7 mil, segundo a Cohab.

Bancos respondem indagações sobre empréstimos consignados

A Comissão de Segurança Pública ouviu, ainda, representantes da CEF, que tem atuação destacada no setor de empréstimo habitacional, e do Banco do Brasil, que assumiu recentemente a folha de pagamento do funcionalismo público em Minas. As instituições não oferecem empréstimos habitacionais com consignação em folha para os servidores. O gerente regional de Negócios da Caixa, Marivaldo Araújo Ribeiro, informou que a CEF oferece linhas subsidiadas para os policiais militares, com recursos do FGTS, além de, entre outras, opções de financiamento com recursos da poupança. A restrição cadastral foi considerada um aspecto "relevante" na concessão dos empréstimos, pois, segundo Ribeiro, o Banco Central penaliza as instituições nesses casos. Isto porque estas ficam obrigadas a provisionar 100% do crédito relativo a devedores duvidosos.

O chefe do Centro de Promoção Social da PM, tenente-coronel Aloísio Fagundes de Andrade, enfatizou, no entanto, que o risco para as instituições financeiras é inexistente quando se fala em empréstimo com débito consignado em folha. De acordo com ele, a CEF não teria se interessado em se cadastrar na Seplag para fins de empréstimo habitacional, tendo em visita alegada inadimplência já constatada em outros estados. O deputado Délio Malheiros (PV) engrossou as críticas. Segundo ele, o Banco Central não impede que instituições financeiras como, por exemplo, Banco do Brasil e CEF, abram financiamento, mesmo que o servidor em questão esteja com o nome no SPC. O que o Banco Central exige é que os bancos assumam o risco dessa operação.

Euber Vieira, do Banco do Brasil, lembrou que o financiamento imobiliário não é o principal negócio do banco, mas apresentou as estratégias de atuação do banco focadas nos servidores.

O que diz a lei e o decreto - Com relação à consignação em folha, Luiz Gonzaga Ribeiro lembrou que a Lei 15.025, de 2004, determina que as consignações facultativas relativas a empréstimo ou à venda de produtos somente poderão ser canceladas pelo servidor com a concordância do consignatário. Essa lei dispõe sobre consignação em folha de pagamento dos servidores. Na avaliação do subtenente, a lei não especificou que a regra vale também para o empréstimo habitacional, mas o decreto que instituiu o Lares Geraes da Segurança Pública teria corrigido essa lacuna.

Deputado indaga sobre Programa de Arrendamento Residencial (PAR)

O deputado Délio Malheiros fez várias críticas ao Programa de Arrendamento Residencial (PAR) da Caixa, apresentado na reunião. Por meio dele, a CEF adquire casas ou apartamentos no valor de cerca de R$ 34 mil e os aluga a um arrendatário por cerca de 15 anos. Ao final desse período, a pessoa pode se tornar proprietária do imóvel. Segundo Marivaldo Ribeiro, o aluguel de um apartamento de dois quartos, com vaga de garagem, em condomínio fechado, seria de R$ 300,00. O programa é destinado à população de baixa renda e também tem atendido militares via convênios com prefeituras.

Em resposta, Malheiros disse que vários são os conjuntos habitacionais com problemas, inclusive com unidades já condenadas pela Defesa Social. Ele também informou que várias são as reclamações contra a administradora Exata, encarregada da cobrança de alguns condomínios. Para Ribeiro, a questão é "pontual", e a CEF tem exigido cada vez mais garantias das empresas envolvidas no PAR, sejam construtoras ou encarregadas da administração.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente; Paulo Cesar (PDT), vice; e Délio Malheiros (PV), além dos convidados citados.

 

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