Projeto de recuperação de nascentes na bacia do Rio Doce é
recebido
Deputados da Comissão de Meio Ambiente e Recursos
Naturais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais receberam, nesta
terça-feira (11/12/07), exemplar do Projeto Olhos D'água, que visa
recuperar nascentes de rios do município de Rio Espera e de todo o
Alto Rio Doce. O documento foi entregue durante a audiência pública
realizada nessa cidade da Zona da Mata por representantes do
Movimento Ecológico e Cultural Piranga (Equipiranga). Também
participaram da reunião prefeitos, vereadores e outras autoridades
de diversos municípios da região, além de representantes de
entidades e órgãos ambientais, estudantes e outros cidadãos.
O presidente do Equipiranga, Marcílio Oliveira
Silva, informou que o projeto Olhos D'água prevê a recuperação de,
pelo menos, 10 nascentes de cada cidade banhada pelo Rio Piranga,
afluente do Rio Doce na região. O trabalho envolve todos os
municípios por onde o Piranga passa, desde Ressaquinha, onde nasce,
até Piranga, onde deságua no Rio Doce. Silva disse que a entidade
busca melhorar a qualidade de vida da população, por meio de ações
voluntárias, ressalvando que são necessários mais recursos para
bancar o projeto.
IDH - Marcelo Fonseca, do
Projeto Recriar, afirmou que a ONG, que tem como objetivo promover o
desenvolvimento sócio-ambiental da região, surgiu da constatação, a
seu ver, inconcebível, de que o Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) de Rio Espera e de municípios próximos é comparável ao do
Norte de Minas. Ele lembrou que, quando foi criada, em 2001, a ONG
diagnosticou que o grande problema era o lixo. Desde então, o
projeto desenvolve trabalho educativo de coleta seletiva nas
escolas. O dinheiro obtido com a venda desses materiais, segundo
Fonseca, é devolvido às escolas, que adquirem bens de que
necessitam. Atualmente, a entidade atua também no levantamento
sócio-ambiental da região.
Poluição de rios e desmatamento são principais
problemas
O promotor de Defesa do Meio Ambiente, Glauco
Peregrino, diagnosticou que os dois principais problemas ambientais
da região são a poluição dos rios e o desmatamento ilegal. "Temos
pouquíssimos municípios com tratamento correto; somente Conselheiro
Lafayette, Santana dos Montes e, em breve, Rio Espera". Ele lembrou
que o Estado já criou uma política para o tratamento dos resíduos,
que já apresenta resultados. "Agora, o Ministério Público, junto com
Feam, vai traçar uma ação conjunta para o tratamento de esgoto pelos
municípios", anunciou. Quanto ao desmatamento, ele lamentou a
existência de uma forte pressão do setor siderúrgico, que fomenta o
desmatamento e carregamentos ilegais constantes. "Temos outro
desafio, de desenvolver o aproveitamento alternativo da propriedade,
sem desmatamento", concluiu.
Jadir Silva de Oliveira, representante da
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
na Zona da Mata, defendeu uma forma de premiar os produtores de
água. "Temos o consumidor de água, que paga por ela; e o poluidor,
que, muitas vezes, não é punido. Falta um programa de incentivo para
os produtores rurais, que cuidam sozinhos de um bem que é público -
a água". O analista ambiental do IEF, Jorge Djalma Rodrigues, apoiou
a idéia.
Copasa - Respondendo à
crítica de Padre João de que a Copasa seria omissa por não tratar
dos esgotos, o engenheiro do Distrito Operacional da Estrada Real da
Copasa, Luiz Carlos de Almeida, reclamou que a empresa é sempre
posta como vilã, quando é esse o assunto. "O homem está jogando uma
carga orgânica 50, 60 vezes maior do que aquela que o rio poderia
suportar. O preço são rios fedorentos, com algas, que já provocam
danos à saúde da população", defendeu-se.
Projetos vão pedir recursos para a região no PPAG
Como resultado da reunião, os deputados presentes
apresentaram um requerimento, a ser aprovado na próxima reunião da
comissão. Endereçado aos relatores do Plano Plurianual de Ação
Governamental (PPAG) e do Orçamento, o requerimento solicita a
destinação de recursos para a recuperação de nascentes da bacia do
Rio Doce, especialmente as da sub-bacia do Rio Piranga.
O autor do requerimento pela reunião e
vice-presidente da comissão, deputado Fábio Avelar (PSC), destacou
que foi procurado por entidades ambientais da região, que
denunciaram a degradação de rios da bacia do Rio Doce, especialmente
o Piranga. Ele avaliou que a preocupação com a recuperação da bacia
se dá somente a partir do Médio e do Baixo Rio Doce, informando que,
na região do Alto Rio Doce, há cerca de 110 nascentes do Rio
Piranga.
Cipe - Presidente da Cipe Rio Doce e
2o vice-presidente da
ALMG, o deputado Luiz Henrique (PMDB) destacou que mais de 200
municípios de Minas Gerais e Espírito Santo integram a Bacia do Rio
Doce. Depois de valorizar o projeto "Rio Doce Limpo", que fez o
diagnóstico do rio, evidenciando o problema do esgotamento
sanitário, José Henrique enfatizou que o passo mais importante foi
dado este ano, quando os governadores dos dois Estados assinaram, em
Aimorés, os convênios do Plano Diretor do Rio Doce. Mas o
parlamentar reforçou a necessidade de os municípios apresentarem
projetos viáveis para obterem recursos do poder público.
O deputado Padre João (PT) concordou com Fábio
Avelar quanto ao tratamento dado à região pela Cipe Rio Doce.
"Sempre reclamei que a Cipe começava no Espírito Santo e depois
vinha para cá. Para mim, o problema do rio tem que ser discutido
daqui, do Alto Rio Doce, para lá", disse. Sobre o problema da
poluição dos rios pelos esgotos, o deputado afirmou que um grande
desafio é fazer com que a Copasa realize esse trabalho nos
municípios. "A Copasa foi criada não só para o abastecimento de
água, mas também para tratar do esgoto. Precisamos assegurar que o
convênio dos municípios com a Copasa seja para essas duas
finalidades".
Já o deputado Lafayette de Andrada (PSDB) realçou
que Minas concentra nascentes das principais bacias brasileiras e
que deve dar atenção especial a elas. Dirigindo-se aos membros do
projeto Olhos D'água, ele salientou a existência do Fundo de
Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias
Hidrográficas (Fhidro). "O fundo tem mais de R$ 60 milhões, mas só
metade foi usada, por falta de projetos. As verbas vão sendo
liberadas à medida que o plano vai sendo executado. É preciso que a
sociedade participe e apresente projetos", completou.
O presidente da comissão, deputado Sávio Souza Cruz
(PMDB), valorizou a presença da ALMG no interior, afirmando que essa
ação traz a possibilidade de uma maior participação das comunidades
na formulação de leis e políticas públicas para o meio
ambiente.
Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB),
presidente da comissão; Fábio Avelar (PSC), vice; José Henrique
(PMDB), 2o
vice-presidente da Assembléia e presidente da Cipe Rio Doce; Padre
João (PT) e Lafayette de Andrada (PSDB). Além dos citados na
matéria, participaram da reunião o prefeito de Rio Espera, Luiz
Moreira; e o presidente da Câmara Municipal, José Pereira de Souza.
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