Professora destaca importância dos movimentos sociais

A atuação dos movimentos sociais é fundamental para se garantir o respeito aos direitos humanos, na opinião da profes...

10/12/2007 - 00:03
 

Professora destaca importância dos movimentos sociais

A atuação dos movimentos sociais é fundamental para se garantir o respeito aos direitos humanos, na opinião da professora do Departamento de Estudos pela Paz da Universidade de Bradford (Inglaterra), Fiona Macaulay. Ela participou nesta segunda-feira (10/12/07) do último painel do debate público da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa que comemorou os 59 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Para Fiona, não há nenhum avanço na conquista de novos direitos sem a atuação dos movimentos organizados da sociedade.

"O Estado é imprescindível, pois é ele que garante os direitos humanos. Mas sem a sociedade civil organizada, não há avanços", comentou. Para Fiona, a atuação dos movimentos sociais é importante para a extensão dos direitos humanos a novas minorias (como os deficientes e homossexuais), para levar o Estado a elaborar novas leis e para monitorar os governos de modo a garantir o cumprimento desses direitos.

Ela destacou a importância do Brasil para os direitos humanos. O País contribuiu para a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) e para a elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Durante o regime militar, diplomatas brasileiros atuaram ativamente em convenções internacionais que estabeleceram novos direitos sociais, mas isso não impediu as violações de direitos dos presos políticos. "A cada seis meses equipes da ONU vêm inspecionar o País, mas nada muda", comentou a professora. O Brasil tem leis, conselhos estaduais e uma secretaria nacional para cuidar dos direitos humanos, mas, segundo ela, apenas a pressão da sociedade é capaz de garantir o efetivo cumprimento da legislação garantidora desses direitos.

Vítimas da omissão do Estado

O presidente do Conselho Estadual de Participação e Integração da Comunidade Negra, Williman Estefany da Silva, que teve a filha de 16 anos assassinada com dois tiros na cabeça, fez um desabafo de sua situação pessoal. "Sou uma vítima do Estado, que não tem responsabilidade com os cidadãos, no que tange à segurança e à vida, que são direitos constitucionais", afirmou. Segundo Williman, o crime ainda não foi esclarecido passados quatro anos, e essa situação de desrespeito à vida aflige cotidianamente os moradores das periferias das grandes cidades. "Os presos têm direito à educação, assistência médica e jurídica. Minha esposa não tem direito a acompanhamento psicológico", criticou.

Para a presidente da Associação dos Travestis e Transexuais de Minas Gerais, Walkíria Laroche, os homossexuais são o grupo mais marginalizado da sociedade brasileira. De acordo com ela, os gays são duplamente discriminados: pela família e pelo Estado, que lhes nega 32 direitos, como a pensão por morte, a parceria civil e a adoção de crianças. Ela acusa o novo foco de violência que vem surgindo no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde são cada vez mais comuns as agressões contra homossexuais por parte de jovens de classe média. "A gente vê a sociedade reclamando da prostituição nas vias públicas, mas não vê protestos contra a violência praticada contra travestis", reclama Laroche.

Presenças - Deputados João Leite (PSDB), que coordenou o debate; e Durval Ângelo (PT). Também participaram da mesa a presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, Emely Vieira Salazar; a presidente da Associação das Profissionais do Sexo, Maria dos Anjos Pereira Brandão; o representante do Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva, Hélcio Pacheco; e o representante do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, Maurício Peçanha.

 

 

 

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