Jejum do Bispo Cappio leva grupo de deputados a
Sobradinho
Um grupo de deputados da Assembléia Legislativa de
Minas Gerais (ALMG) se desloca até Sobradinho (BA), neste domingo
(9/12/07), para visitar o bispo de Barra, Dom Luiz Flávio Cappio,
que iniciou há 13 dias nova greve de fome contra a obra de
transposição do Rio São Francisco. São deputados da Comissão de
Direitos Humanos, da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais e
deputados ribeirinhos que integram a Cipe São Francisco.
Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de
Direitos Humanos, disse que a visita se destina a "prestar apoio e
solidariedade ao bispo Dom Cappio, por seu gesto extremo na luta
contra a transposição. Temos que ir lá manifestar a posição do
Legislativo Mineiro, pois o Estado onde nasce o rio São Francisco
não pode se omitir em relação às agressões que o rio está sofrendo",
afirmou.
Gil Pereira (PP), coordenador da Cipe, considera
justo o motivo pelo qual o religioso está jejuando, mas teme por sua
vida, pois há notícias de que a fragilidade da saúde de Dom Cappio é
crescente. "Nossa visita tem o objetivo de sensibilizar o Governo
Federal a retomar o diálogo com os defensores do rio e a considerar
os interesses das populações ribeirinhas. Se o rio hoje está
poluído, infestado de algas e suas águas não podem ser consumidas
nem pela população às suas margens, como podem pretender enviar essa
água para o Nordeste?", indaga o deputado.
Também o deputado João Leite (PSDB) se deslocará
para Sobradinho. "Temos que reconhecer o esforço tenaz que Dom
Cappio está realizado pela preservação do rio São Francisco. Nossa
visita é uma homenagem mineira a quem tem demonstrado grande amor
pelo rio que todos nós amamos tanto", declarou o parlamentar.
O que é o projeto de transposição
A obra de transposição do São Francisco está sendo
iniciada pelo Exército Brasileiro em Cabrobó (PE), apesar dos
embargos judiciais e do não-cumprimento das 35 condicionantes
ambientais impostas pelo Ibama. A obra, que pretende bombear do rio
até 127 metros cúbicos por segundo, está orçada em R$ 5 bilhões e se
divide em dois eixos. O eixo Leste se destina a abastecer
comunidades com deficiência de abastecimento em Pernambuco, Paraíba
e Rio Grande do Norte, como as cidades de Caruaru e Campina Grande.
Na prática, ninguém se opõe a esse eixo.
O eixo Norte é o ponto polêmico do projeto, pois
atravessará grandes extensões desertas para lançar água nos açudes
do Ceará, controlados pelos chamados "coronéis da seca".
Ambientalistas, hidrólogos e ribeirinhos argumentam que, se for para
fazer agricultura irrigada, a prioridade tem que ser para as terras
baixas do próprio Vale do São Francisco. Existe ainda a convicção de
que o Nordeste tem água suficiente para seu abastecimento, mas essa
água não é distribuída para quem precisa.
|