Policiais militares pedem mudanças em critérios de promoções

O diretor de Recursos Humanos da Polícia Militar, coronel Dâmocles Freire Júnior, comprometeu-se, nesta quarta-feira ...

05/12/2007 - 00:00
 

Policiais militares pedem mudanças em critérios de promoções

O diretor de Recursos Humanos da Polícia Militar, coronel Dâmocles Freire Júnior, comprometeu-se, nesta quarta-feira (5/12/07), a levar ao Alto-Comando reivindicações de mudanças nos critérios de promoção de praças e oficiais. Elas foram apresentadas à PM e ao Corpo de Bombeiros Militar em reunião da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Entre as reivindicações, destacam-se: reduzir o tempo para conceder as promoções; ampliar o número de beneficiados; e rever a extinção do critério de antigüidade para promoção de 1º-sargento a subtenente (praças) e de major a tenente-coronel (oficiais). De acordo com o deputado Sargento Rodrigues (PDT), presidente da comissão e autor do requerimento que gerou a reunião, em 2006 o número de promoções de 1º-sargento a subtenente foi de 102, contra apenas 23 em 2007.

Os novos critérios para promoção estão na Lei Complementar 95, de 2007, que alterou o Estatuto do Pessoal da Polícia Militar, de 1969. Com efeitos a partir de abril, a lei orientou as promoções aplicadas em agosto e será parâmetro para as promoções a serem dadas em 25 de dezembro. A partir de agora, haverá promoção uma vez ao ano. Na avaliação de Rodrigues, as sugestões de mudança não precisam de um novo projeto ou de autorização legislativa. Essa delegação de poderes às corporações militares estaria prevista na própria lei complementar, quando esta determina que, na hipótese de haver necessidade, o Alto-Comando poderá alterar o período e as frações de militares a serem promovidos por turma, a fim de adequar o efetivo existente ao previsto em lei. O Alto-Comando é o órgão colegiado formado por oficiais do último posto da ativa.

Ao avaliar a reunião, o deputado Sargento Rodrigues considerou o debate propositivo e proveitoso. "Apelamos à Polícia Militar e ao Corpo de Bombeiros Militar que levem a questão ao Alto-Comando e que este fique atento às necessidades da tropa", destacou, reivindicando que as mudanças passem a vigorar ainda este ano. O deputado Leonardo Moreira (DEM) criticou a retirada do critério de antigüidade nos casos de promoção para subtenente e para tenente-coronel, afirmando que este é um requisito justo. Para ele, o critério de merecimento pode dar margem a uma avaliação subjetiva, passível de questionamentos.

Praças e oficiais apresentam reivindicações e corporações respondem questionamentos

O presidente da Associação dos Praças, Policiais e Bombeiros Militares (Aspra), subtenente Luiz Gonzaga Ribeiro, apresentou proposta mais profunda de mudança. Para a entidade, o modelo de carreira instituído pela Lei Complementar 95 deve ser revisto, pois poderá provocar conflitos internos e afetar o clima organizacional. Ele questionou, entre outros pontos, o posicionamento dos militares por ano-base de formação, para fins de promoção. Por esse novo critério, disse, um militar poderá ser promovido por merecimento mesmo com pontuação menor que outro com mais tempo de corporação que foi preterido por causa das frações, previstas na lei, de militares que podem ser promovidos por turma. Antes da lei complementar, segundo ele, todos os aptos eram promovidos, seja por antigüidade ou por merecimento, sendo que o mais antigo tinha precedência garantida.

O sargento Héder Martins de Oliveira, também da Aspra, ressaltou que, com as novas regras, poderá haver casos, por exemplo, de um 2º-sargento da turma de 1990 sendo comandado por um 1º-sargento da turma de 1993. "É uma situação grave", reforçou Gonzaga, que também questionou a ruptura da tradição histórica de valorizar o critério de antigüidade. As graduações da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros são as seguintes: soldado, cabo, 3º, 2º e 1º-sargento, subtenente (último nível dos praças); aspirante; e 2º e 1º-tenente, capitão, major, tenente-coronel e coronel (oficiais).

Resposta - O coronel Dâmocles Freire Júnior afirmou que a nova lei foi construída com a participação de todos e que ela quebrou paradigmas e provocou a revisão de aspectos culturais. "A lógica foi invertida. Não existe mais o discurso de que, na reserva, todos seremos coronéis. A lógica agora é a do merecimento. Queremos que os melhores e os mais comprometidos tenham acesso à carreira e sabemos que eles são a maioria da corporação", disse. Ele mostrou alguns números para comprovar os avanços que a nova lei trouxe e informou que serão abertas mais 250 vagas, no início de 2008, para o Curso Especial de Formação de Sargento (Cefs). O chefe da Adjuntoria de Promoção da Diretoria de Recursos Humanos do Corpo de Bombeiros Militar, major Tadeu do Espírito Santo, acentuou que ajustes podem ser pensados na legislação - que ainda está "engatinhando", destacou.

O presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, major Zoé Ferreira Santos, acentuou que a promoção não é algo fácil de aplicar, pois pode ser permeada por interesses e valores individuais. Apesar de ele próprio não concordar com o critério da antigüidade para fins de promoção (que permanece na nova lei ), o major alerta que o critério de merecimento não pode ser contaminado por questões políticas ou por avaliações pessoais e subjetivas. Na visão de Zoé, essa fase de transição de um modelo de carreira para outro deveria ter regras específicas. Em resposta à alegação do coronel Dâmocles de que a nova lei foi debatida no interior da corporação e também pela Assembléia de Minas, o major Zoé lembrou que houve sugestões da tropa não acatadas.

O major Zoé também levantou um ponto que classificou como "aberração jurídica" da nova lei: a de que dirigentes de entidades de classe só podem ter promoção por antigüidade, ao passo que este critério não pode ser aplicado à promoção de major a tenente-coronel.

Defesa da lei - Tanto o deputado Sargento Rodrigues quanto os demais convidados defenderam os recentes avanços legislativos relacionados aos militares. O parlamentar destacou que a Lei Complementar 95 trouxe muitos benefícios para a corporação, entre eles a promoção automática do soldado a cabo, ao completar 10 anos na graduação; a abertura de inúmeras vagas para os cabos, que antes aguardavam cerca de 20 anos na fila de espera para fazerem curso de formação; a redução do período que o 3º-sargento levava para ser promovido a 2º-sargento, antes cerca de 13 anos; e a possibilidade de que policiais lesionados possam fazer curso e serem promovidos. O deputado enfatizou, no entanto, que ainda é preciso aperfeiçoar os pontos elencados na reunião desta quarta.

Presenças - Deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente; Paulo Cesar (PDT), vice; Luiz Tadeu Leite (PMDB), Leonardo Moreira (DEM), Ademir Lucas (PSDB) e Délio Malheiros (PV, além dos convidados citados na matéria.Boa parte da reunião foi acompanhada por 28 alunos do Curso de Habilitação de Oficiais do Corpo de Bombeiros Militar, provenientes de Minas, Bahia, Mato Grosso do Sul e Roraima. Eles conheceram a Assembléia por meio do programa de visitas orientadas da Escola do Legislativo.

 

 

 

 

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