Comissão discute política externa de Direitos Humanos

Qualquer cidadão que se sentir lesado por ação ou omissão do Estado Brasileiro, com relação à violação dos direitos h...

26/11/2007 - 00:00
 

Comissão discute política externa de Direitos Humanos

Qualquer cidadão que se sentir lesado por ação ou omissão do Estado Brasileiro, com relação à violação dos direitos humanos, poderá fazer uma denúncia perante a Organização dos Estados Americanos (OEA). A informação foi prestada durante reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta segunda-feira (26/11/07), que discutiu as políticas externas de direitos humanos para o Brasil e a diplomacia parlamentar. A reunião foi solicitada pelo deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão.

A secretária nacional adjunta para Assuntos Externos da Comunidade Bahai Brasil, Mary Caetana Aune, explicou que as denúncias podem ser feitas preenchendo-se formulário na internet, pelo endereço www.cidh.oas.org/comissao.htm. Se o Estado não cumprir o que foi determinado pela OEA, poderá ser encaminhado à Corte Interamericana e submetido à julgamento. O deputado Durval Ângelo lembrou a chacina de Felisburgo, ocorrida em novembro de 2004, quando cinco trabalhadores foram assassinados e 13 ficaram feridos. Ele disse que, se o caso não for resolvido até o primeiro trimestre do próximo ano, ele acionará a OEA.

A secretária disse também que, na Organização das Nações Unidas (ONU), o Comitê de Direitos Humanos tem o objetivo de monitorar a implementação do Pacto pelos estados-membros, criado em 1966 e ratificado pelo Brasil em 1992. O comitê possui 18 peritos, é sediado em Genebra, na Suíça, e possui dois métodos para o monitoramento: receber e comentar os relatórios dos estados integrantes, e também considerar as queixas de um estado-membro para outro. Em sua exposição, Mary contou a história da ONU, criada em 1945, após a 2ª guerra mundial, com o objetivo de manter a paz "através de medidas coletivas que garantissem os direitos humanos".

A pesquisadora do Instituto de Direito do Comércio Internacional e Desenvolvimento, Elaini Cristina Gonzaga e Silva, afirmou que a política externa brasileira é conduzida pelo Ministério das Relações Exteriores. Ela destacou a atuação da Organização Mundial do Comércio (OMC), criada para reconstruir o cenário econômico após a segunda guerra. O terceiro órgão citado por ela foi a União das Nações Sul-americanas, que reúne as duas organizações de livre comércio, Mercosul e Comunidade Andina das Nações. Ela destacou ainda que a atuação parlamentar nessa área ainda é pequena, restringindo-se à solicitação de informações quanto ao processo de condução de política externa.

Debates - Na fase de debates, os convidados enfatizaram a atuação de organismos internacionais de defesa dos direitos humanos no Brasil, por meio de parcerias ou convênios. O deputado Durval Ângelo salientou que a causa dos direitos humanos é universal, e que, por isso, a negação desses direitos sufoca toda a humanidade.

Mary Caetano lembrou que o século XX foi de grandes realizações nessa área, sobretudo considerando o curto tempo histórico de defesa dos direitos do homem. Na visão da secretária da Comunidade Bahai, a rápida circulação de informações também contribui para a causa dos direitos humanos. "A notícia de uma jovem presa em uma cela com homens rodou o mundo. Isso causa, pelo menos, constrangimento ao Estado que viola o direito", exemplificou, referindo-se ao episódio ocorrido recentemente no Pará.

Também o trabalho infantil foi debatido, a partir da atuação de organismos internacionais. Elaini Cristina lembrou que existem na OMC discussões sobre a criação de mecanismos de restrição comercial que não sejam puramente comerciais. Assim, segundo ela, um país poderia restringir a entrada de produtos brasileiros por dumping social, tendo em vista o uso de mão-de-obra infantil e mal remunerada. Porém, de acordo com a pesquisadora, ainda não foram registrados casos assim e a questão está reservada à Organização Internacional do Trabalho.

Durval Ângelo argumentou, porém, que os direitos humanos são naturais e históricos, existindo antes da lei. "Indiferentemente de tratados, há uma consciência que repugna o trabalho infantil", afirmou. O parlamentar citou ainda que a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, apurou que Minas foi o Estado brasileiro com maior crescimento em mão-de-obra de cinco a 15 anos. Na visão dos convidados, toda a questão dos direitos humanos passa pela mobilização da sociedade e da opinião pública. A consultora do Instituto Universitas, Leonora dos Santos Guarda, também participou da reunião.

Presença - Deputado Durval Ângelo (PT), presidente.

 

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