Desenvolvimento sustentável é desafio para preservação do S. Francisco

O assunto que mais ocupou as palestras da parte da tarde do Ciclo de Debates O Rio São Francisco e o desenvolvimento ...

22/11/2007 - 00:00
 

Desenvolvimento sustentável é desafio para preservação do S. Francisco

O assunto que mais ocupou as palestras da parte da tarde do Ciclo de Debates O Rio São Francisco e o desenvolvimento sustentável do semi-árido foi o programa mineiro de biomonitoramento do Rio das Velhas, um dos mais importantes afluentes do São Francisco. Dois biólogos do Projeto Manuelzão explicaram o trabalho e apresentaram dados de melhoria das águas, após a implantação das estações de tratamento de esgoto dos ribeirões Arrudas e do Onça, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

Para acompanhar a qualidade da água, conforme disse o coordenador do programa, Carlos Bernardo Mascarenhas, são coletadas amostras de 37 pontos do rio. Os técnicos avaliam não só as condições da água, mas também a presença de seres vivos, que são indicadores de sua qualidade. De acordo com o biólogo, os levantamentos já mostraram que os afluentes do Velhas estão em melhor estado de conservação que a calha principal do rio. Em 75% deles, a fauna está preservada.

O mesmo ocorre com as lagoas marginais, que são formadas a partir de inundações do próprio rio. Mascarenhas explicou que elas são fundamentais para o desenvolvimento das espécies, que passam ali a fase de crescimento para retornar ao rio na etapa adulta. Foram encontradas 51 espécies nas lagoas.

Segundo o biólogo, após a implantação das estações de tratamento de esgoto em Belo Horizonte, passaram a ser encontradas mais espécies de peixes nas águas que recebem os efluentes da RMBH. Diante dos dados, ele se mostrou otimista em relação à despoluição do Rio das Velhas, que se refletirá na melhoria do São Francisco. Ponderou, no entanto, que é preciso acelerar as ações para recuperar o afluente.

Bioindicadores - Outros bioindicadores que apontam para uma lenta, porém gradual recuperação do Rio das Velhas são os micro e macro-invertebrados - como larvas de insetos e organismos que servem de alimento para os peixes e outros animais que dependem do rio.

O biólogo do Projeto Manuelzão Pablo Moreno afirmou que a presença desses seres indica a qualidade da água. Se a poluição for grande serão encontradas apenas espécies muito resistentes; do contrário haverá presença de organismos mais sensíveis, indicando que a qualidade está melhor.

O tratamento parcial dos esgotos de Belo Horizonte já apresenta resultados positivos. Em 2003, foram encontrados apenas nove tipos desses organismos nas águas do rio que margeia a Capital; em 2007 o número subiu para 15 espécies, incluindo algumas sensíveis aos dejetos.

Exemplo baiano - O diretor-adjunto da Superintendência de Recursos Hídricos da Bahia, Vítor Luiz Curvelo Sarno, relatou algumas atividades que o governo daquele Estado está desenvolvendo com vistas à revitalização do São Francisco.

Ele lamentou que há dez anos a Bahia não elabora um plano de recursos hídricos, e que neste período, nada foi feito de efetivo para melhorar os rios do Estado. Atualmente está em andamento o Programa Monitora, que está fazendo um levantamento qualitativo e quantitativo das águas, para saber quais são e onde estão os problemas. Uma das ações é o apoio financeiro para a implantação dos comitês de bacias. Dois já foram criados, três estão com diretorias provisórias e os outros dois que ainda faltam devem ser implantados em 2008.

Segundo Sarno, o governador da Bahia é favorável à transposição, mas entende que a revitalização do São Francisco independe dessa discussão. "A recuperação deve continuar e é preciso, inclusive, discutir um modelo de desenvolvimento da bacia", defendeu.

Revitalização começa pelo Rio das Velhas

O secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, afirmou que a revitalização da Bacia do São Francisco começará em Minas Gerais pelo tratamento do Rio das Velhas, que está sendo realizado pelo Projeto Manuelzão. Esse projeto foi incorporado ao projeto do governo, e os recursos utilizados são provenientes da Copasa e das prefeituras de Belo Horizonte e Contagem. Para o secretário, a revitalização só será possível com o fim de três problemas básicos: o lançamento de esgoto in natura no rio, o uso inadequado da terra que provoca erosão, e o desmatamento das remanescentes florestais nativas. Para José Carlos Carvalho, a solução para a Bacia do São Francisco só será encontrada através da parceria dos órgãos governamentais e da sociedade civil.

O gerente de Empreendimentos Sócio-Ambientais da Codevasf, Athadeu Ferreira da Silva, informou que está previsto o investimento de cerca de R$ 1,5 bilhão para revitalização de toda a bacia do São Francisco. Minas Gerais é o Estado que vai receber mais recursos: R$ 448 milhões. Os recursos, liberados pelo Ministério da Integração Nacional através do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), serão investidos no tratamento de resíduos sólidos, no esgotamento sanitário e na eliminação da poluição difusa (provocada pelo deslizamento de terra e minério).

Deputados reiteram importância da revitalização

Para o deputado Fábio Avelar (PSC), um dos autores do requerimento que solicitou o ciclo de debates, "o evento foi muito importante e mostrou claramente a necessidade da revitalização do Rio São Francisco". O parlamentar, que é integrante da Cipe São Francisco, disse que a comissão vai se reunir de 15 em 15 dias para discutir os problemas do rio, fazer um diagnóstico e buscar soluções.

Já o coordenador da Cipe São Francisco em Minas Gerais e também autor do requerimento do ciclo de debates, deputado Gil Pereira (PP), disse que se todos trabalharem juntos pela revitalização do rio, o pacto vai se concretizar.

O deputado Paulo Guedes (PT) defendeu a realização de uma audiência pública com o secretário de Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, o governador Aécio Neves e o presidente da Copasa para discutir os problemas .Ele lamentou que os debates deixaram de abordar questões sobre a revitalização para tratar da transposição.

Além dos palestrantes também participaram da mesa o secretário executivo do Plano de Desenvolvimento do Semi-Árido, João Mendes da Rocha Neto; o deputado estadual Antônio Passos (PFL-SE); a diretora-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Cleide Izabel Pedrosa de Melo; e o superintendente de Serviços e Tratamento de Efluentes da Copasa, Ronaldo Matias de Souza.

 

 

 

 

 

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