Gasmig descarta aumento exorbitante do preço do gás e falta do produto

A Gasmig, distribuidora de gás do Estado, garantiu à Assembléia Legislativa de Minas Gerais que não há ameaça de falt...

22/11/2007 - 00:00
 

Gasmig descarta aumento exorbitante do preço do gás e falta do produto

A Gasmig, distribuidora de gás do Estado, garantiu à Assembléia Legislativa de Minas Gerais que não há ameaça de falta do produto e que os preços estão estáveis, devendo subir em janeiro de 2008 segundo regras contratuais firmadas com a Petrobras. A tentativa de tranqüilizar deputados, empresas, proprietários de postos de combustível e taxistas, entre outros, partiu do diretor financeiro da Gasmig, João Luiz Senra de Vilhena, que falou na manhã desta quinta-feira (22/11/07) à Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte. O presidente da comissão, deputado Délio Malheiros (PV), solicitou o debate para tentar apurar o porquê da elevação do preço do gás natural veicular (GNV) no Estado. Segundo ele, o GNV teria tido um aumento de 25% em apenas um mês.

Após a reunião, em entrevista, Malheiros lembrou que as garantias de que não faltará gás nem haverá cobrança exorbitante dependem das negociações do governo brasileiro com o boliviano e da relação da Petrobras com consumidores em potencial, especialmente as termelétricas. "Continuamos absolutamente inseguros com relação ao gás. Tenho certeza de que, lamentavelmente, quem vai pagar a conta é o consumidor, como sempre acontece no Brasil", disse ele, que não descartou a hipótese de que a companhia tenha que responder judicialmente, caso seja questionada por descumprir o Código de Defesa do Consumidor - que, em seu artigo 30, diz que aquilo que foi anunciado em propaganda deve ser oferecido. Na avaliação do deputado Carlos Pimenta (PDT), vice-presidente, a questão do gás é "uma bomba que tem hora para explodir". Por solicitação da comissão, o conteúdo dos contratos firmados entre Gasmig e Petrobras será informado à ALMG.

As garantias da Gasmig foram reafirmadas por Vilhena depois de o deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) ter cobrado do representante da companhia esclarecimentos sobre o assunto. O deputado citou matéria do jornal Estado de Minas desta quinta que aponta risco de desabastecimento, a partir de janeiro de 2008. O desabastecimento poderá ocorrer, destaca o jornal, por conta da estiagem e do acionamento de usinas térmicas do Sudeste e do Centro-Oeste, caso a capacidade dos reservatórios das hidrelétricas dessas regiões não aumente até 1º de janeiro. Segundo o deputado, notícias como essas contribuem para desestimular ainda mais a cadeia produtiva e o consumo do gás e, por isso, é preciso esclarecer a opinião pública. "Falta pulso da Gasmig e do governo de Minas", opinou ele, que cobrou, com o deputado Célio Moreira (PSDB), a redução do ICMS sobre o GNV dos atuais 18% para 12%, como ocorre para o gás destinado à indústria.

Gasmig apresenta números e diz que situação de Minas é peculiar

Já o diretor da Gasmig disse, em entrevista após a reunião, que "estamos partindo para o imponderável", ao se falar da possibilidade de uso do gás para acionar termelétricas. De acordo com ele, os preços devem subir de acordo com as regras contratuais, que prevêem flutuação para cima ou para baixo a cada três meses, em função do preço do petróleo e de óleos cotados em mercados internacionais. "Como sabemos que o preço do petróleo está subindo, antevemos um aumento, mas não o índice de 20% a 30% divulgado pelos jornais", avaliou. Ele completou que Minas encontra-se em uma situação peculiar, se comparada com outros estados. Isto porque possui contratos firmados com a Petrobras para fornecimento de gás até 2026. Segundo Vilhena, em outras unidades da federação as distribuidoras tiram acima do contratado e, para estas, a Petrobras aplicou um corte há cerca de três semanas, a fim de que se adequassem ao volume contratado.

No caso da Gasmig, um dos contratos com a Petrobras prevê o fornecimento de 1,9 milhão m3/dia (hoje a companhia usa 1,7 milhão m3/dia). Outro contrato, do qual a companhia ainda não está fazendo uso, prevê o fornecimento de 5 milhões m3/dia, à medida em que o mercado crescer. João Luiz de Vilhena informou que a Gasmig tem contrato também para fornecer 1,6 milhão m3/dia para duas usinas térmicas em Minas, separado daquele que atende aos demais segmentos.

Margem de lucro - Hoje, a Gasmig tem no segmento da indústria seu principal mercado (80,7%), seguido do GNV (17,4%) e de outros (1,9%). Da receita bruta da companhia, 53% é usada para a compra de gás, 1% para encargos, 22% para o pagamento de tributos e 24% configuram a margem de lucro. Quanto ao segmento veicular, esses índices variam e a margem de lucro é de 14%, informou Vilhena à comissão. A receita bruta da companhia este ano foi de R$ 500 milhões, e o lucro deverá ser de mais de R$ 70 milhões.

Postos, indústria de reparação de veículos e acessórios e taxistas fazem críticas

Na reunião, representantes de postos e da indústria de reparação de veículos e acessórios fizeram críticas à Gasmig, e os taxistas cobraram a implantação de uma política diferenciada para o GNV em Minas Gerais. O diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo no Estado de Minas Gerais (MinasPetro), Ciro Augusto Piçarro, afirmou que os postos estão passando por dificuldades financeiras, com perda da margem de lucro e do volume de vendas. "Muitos postos bandeirados não têm viabilidade econômica e já temos casos de estabelecimentos fechados", disse ele, que cobrou a criação de uma agência reguladora estadual para o setor, a fim de dar mais segurança aos investidores e também ao consumidor. Piçarro afirmou que hoje a grande preocupação é com a capacidade de solvência dos revendedores.

O representante do MinasPetro trouxe vários dados para a comissão, entre eles o relacionado à elevação do preço de custo e de venda do gás. O preço de custo teria variado, de outubro de 2005 até agora, 23,73%, enquanto o preço final teria variado 14%. A evolução do preço do GNV ao consumidor foi de 103% entre 2001 e 2006, segundo o MinasPetro, passando de R$ 0,74 o litro para R$ 1,503. No Rio de Janeiro, que responde pelo consumo de 41% de GNV no Brasil, a variação teria sido de 50,80%, passando de R$ 0,752, em 2001, para R$ 1,133, em 2006. De acordo com Ciro Piçarro, mesmo reconhecendo a redução do consumo de GNV em Minas, a Gasmig estimulou a abertura de postos - que hoje chegam a 85 no Estado.

As críticas foram reforçadas pelo coordenador da Câmara Setorial do GNV do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado, Pedro Enrique Zwaal, que questionou a Gasmig sobre o porquê de o preço do gás não ter tido influência da baixa crescente da cotação do dólar, desde 2002. Segundo ele, há dois anos havia 85 empresas convertedoras em Minas. Hoje, seriam 14. O número de postos também foi elevado de 50, em 2003, para mais de 80 atualmente. "A oferta do produto aumentou, mas ninguém se preocupou em aumentar a demanda", criticou ele.

O diretor-presidente do Sindicato Intermunicipal dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários, Taxistas e Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens em Minas, Dirceu Efigênio Reis, afirmou que as políticas existentes hoje sobre o gás desestimulam a conversão pelo taxista. "Para se ter uma idéia da burocracia e das dificuldades, perdem-se hoje três dias de trabalho para fazer a conversão, e nós vivemos do quilômetro rodado e da hora parada", desabafou. Reis cobrou a instituição de uma política diferenciada para o gás em Minas e revelou um dado que explicita o desestímulo existente na categoria dos taxistas: o número de carros convertidos em Belo Horizonte caiu de 5 mil veículos (78% da frota), em 2002, para 1,4 mil veículos (23%), em 2007.

Alexandre Werneck, representante do Procon Assembléia, trouxe à reunião pesquisa feita em 35 postos esta semana, na RMBH. A variação entre o menor e o maior valor cobrado pelo GNV foi de pouco mais de 8%, enquanto a de álcool foi de 54% e a de gasolina, de 23%.

Gasoduto - A Gasmig informou aos deputados, na reunião, que estará investindo R$ 500 milhões em 2008 e 2009 para fazer novos gasodutos para atender ao mercado mineiro. O montante inclui o gasoduto do Vale do Aço, que promete dobrar o volume distribuído hoje pela companhia, e do Sul de Minas, além de outros para atender mercados específicos. "Esta é uma prova mais do que patente de que acreditamos no mercado e no fornecimento de gás", destacou em entrevista o diretor financeiro. O gasoduto do Vale do Aço deverá ser concluído em 2009. Restam 280 km para sua conclusão, de Ouro Branco a Belo Oriente.

Denúncia de venda casada pelo Banco do Brasil será discutida

A comissão promoverá audiência para discutir a prática de venda casada, pelo Banco do Brasil, no ato de transferência da folha de pagamento dos servidores estaduais. O requerimento é dos deputados Célio Moreira, Carlos Pimenta e Délio Malheiros. Recentemente o governo de Minas assinou contrato com a instituição, transferindo a folha de pagamento dos servidores do Itaú para o Banco do Brasil. A venda casada é uma prática condenada pelo Código de Defesa do Contribuinte e considerada crime pela Lei 8.137, de 1990, que define os crimes contra a ordem tributária e econômica e as relações de consumo. Foram convidados a participar do debate representantes do Banco do Brasil, Banco Central, Secretarias de Estado da Fazenda e do Planejamento, Associação dos Servidores Públicos, Ministério Público e Procon Assembléia.

Segundo os autores do requerimento, além das gigantescas filas e da demora do atendimento, servidores acusam o Banco do Brasil de fazer venda casada no ato de abertura das contas. Os funcionários são obrigados a aceitar serviços como cheque especial, cartões de crédito e até crédito consignado. "Se há recusa, o servidor não consegue abrir a conta para receber o próximo salário", dizem os parlamentares no requerimento. Os deputados lembram, no entanto, que o contrato assinado pelo governo do Estado não prevê a obrigação de aquisição de serviços extras e que o divulgado é que os servidores não teriam qualquer custo para a transferência de contas.

Projetos - A comissão também aprovou parecer favorável, na forma do vencido em 1º turno, sobre o PL 684/07, do deputado Weliton Prado (PT), que dispõe sobre o atendimento ao consumidor no estabelecimento do fornecedor. O relator foi o deputado Célio Moreira.

Outros requerimentos aprovados - A comissão aprovou outros requerimentos: do deputado Irani Barbosa (PSDB), para realização de audiência para debater questões do conjunto Minas Caixa II; do deputado Célio Moreira, que solicita estudo à Consultoria a fim de promover o levantamento de todos os custos, nos últimos 12 meses, de matéria-prima e mão-de-obra usadas nas indústrias de cimento; do deputado Carlos Pimenta, para realização de audiência para debater questões referentes à BHTrans quanto à implantação de câmara de monitoramento do tráfego para aplicação de multas; do deputado Dinis Pinheiro (PSDB), para realização de audiência para discutir o tema criança e consumismo; da realização de reunião com as comissões de Política Agropecuária e Agroindustrial e de Saúde, a fim de promover visita ao laboratório Lanagro, em Pedro Leopoldo, a fim de conhecer as instalações e o trabalho de controle da qualidade de alimentos e, em especial, dos produtos lácteos; do deputado Délio Malheiros, para realização de audiência com a Comissão de Segurança Pública, para discutir a efetiva regulamentação e fiscalização do cumprimento da Lei 11.547, de 1994, que proíbe a venda de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes situados às margens das rodovias estaduais.

Presenças - Deputados Délio Malheiros (PV), presidente; Carlos Pimenta (PDT), vice; Célio Moreira (PSDB) e Alencar da Silveira Jr. (PDT).

 

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