Sistema de barramentos pretende acabar com enchentes no Sul de
Minas
A construção de um sistema de barramentos no Sul de
Minas vai acabar com o problema das enchentes do Rio Sapucaí, que
atingem os municípios de Itajubá, Santa Rita do Sapucaí e Pouso
Alegre. Essa informação foi prestada pelo diretor-presidente da
Copasa, Márcio Augusto Vasconcelos Nunes, que participou de duas
audiências públicas da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa
de Minas Gerais realizadas nesta quinta-feira (22/11/07) em Itajubá
e Pouso Alegre.
Márcio Augusto Vasconcelos Nunes afirmou que, após
a enchente ocorrida no início deste ano, o governador Aécio Neves
solicitou que a empresa apresentasse uma solução para o problema.
Segundo ele, os técnicos da Copasa analisaram os projetos que já
foram feitos desde a década de 60 e apresentaram o sistema de
contenção de enchentes do Sul de Minas.
Segundo ele, o projeto está orçado em R$ 310
milhões e prevê a construção de três barragens no Rio Sapucaí, que
ficarão secas durante todo o ano, e somente devem encher no período
de chuvas. "A nossa expectativa é que até dezembro de 2010 as obras
estejam concluídas", afirmou. Márcio Vasconcelos Nunes afirmou que
os barramentos vão evitar as enchentes nos municípios de Itajubá,
Santa Rita do Sapucaí e Pouso Alegre.
Zona rural - Márcio
Vasconcelos Nunes disse ainda que, com o projeto, as enchentes, que
são inevitáveis, vão atingir a zona rural e não mais as cidades. "Ou
construímos os barramentos e inundamos a zona rural ou não
construímos, deixando que a enchente atinja as cidades", afirmou.
Segundo ele, o projeto prevê a retirada de 850 famílias. "Em
compensação estaremos evitando que 70 mil pessoas fiquem
desabrigadas a cada enchente", ressaltou.
O diretor-presidente da Copasa também explicou que
em Itajubá as enchentes ocorrem em média a cada seis anos, a partir
da vazão do rio de 150 mil litros por segundo. Para ele, com a
construção do sistema de contenção serão evitados os prejuízos
econômicos e sociais para a região. "A solução não causa
praticamente nenhum impacto em comparação com os danos causados com
as enchentes nos municípios", afirmou
População de Itajubá dividida sobre a realização da
obra
Líderes comunitários e a população de Itajubá
apresentaram opiniões distintas sobre a construção da barragem.
Alguns manifestaram preocupação com os prejuízos ambientais e com a
remoção de famílias, enquanto outros defenderam as obras, diante dos
danos que são causados nos municípios durante as enchentes.
Por exemplo, o professor Alexandre Augusto
questionou se a construção das barragens seria a única alternativa
para a solução do problema. Ele também lembrou que, enquanto as
barragens vão beneficiar toda a região, o impacto ambiental será
apenas em Itajubá. O ex-deputado federal Rosemburgo Romano defendeu
a construção de barragens menores, que não impliquem na
desapropriação de terras. "Essa desapropriação poderá levar ao
surgimento de favelas", destacou.
Márcio Vasconcelos Nunes afirmou que antes de
apresentar o projeto já foram feitos vários estudos e também foram
analisados 30 locais para a construção das barragens. "Os locais
escolhidos vão causar o menor impacto possível", ressaltou. Márcio
Vasconcelos Nunes também foi questionado por moradores sobre a
demora no pagamento dos valores de desapropriação. Ele explicou que
não haverá demora e que as famílias vão receber o dinheiro no
momento em que for feita a desapropriação.
Já a líder comunitária Valdene dos Santos defendeu
a realização das obras e ressaltou as dificuldades que as enchentes
causam para as famílias que têm suas casas inundadas. "São 70 mil
pessoas que perdem tudo quando as enchentes acontecem", afirmou.
Solução pontual - A
vereadora Leandra Machado, de Itajubá, disse que a construção do
sistema de contenção representa apenas uma solução pontual para o
problema das enchentes. Ela defendeu que a Copasa e o governo também
incluam no projeto a previsão de orçamento para reforma do sistema
de drenagem do município. Segundo Leandra Machado, o orçamento do
município não permite a realização dessa reforma, que é essencial
para o fim das enchentes em Itajubá.
Questionamentos também em Pouso Alegre
Em Pouso Alegre, o vereador Oliveira Altair Amaral
questionou se os três barramentos serão suficientes para resolver o
problema das enchentes no município. Já a vereadora Virgília Rosa
considerou que o projeto vai trazer benefícios para a população, mas
lembrou que é necessário resolver integralmente o problema das
enchentes na cidade.
Márcio Vasconcelos Nunes explicou que os estudos
indicam que o projeto vai resolver 80% dos casos de enchente em
Pouso Alegre. "É claro que temos o objetivo de resolver
integralmente o problema, mas é importante realizar primeiro essa
etapa de construção dos três barramentos", considerou.
Já o representante comunitário José Carlos Maculan
sugeriu que fosse construída uma barragem com capacidade maior, para
que seja também aproveitada para a geração de energia elétrica.
Márcio Vasconcelos Nunes considerou que a construção de uma barragem
para uma hidrelétrica geraria um impacto ambiental e social muito
maior.
Pequenas enchentes - O
prefeito de Pouso Alegre, Geraldo Cunha, lembrou da parceria que
está sendo firmada entre a prefeitura e a Copasa para a construção
de galerias pluviais que vão resolver o problema das enchentes no
centro da cidade causadas por pequenas chuvas. "Essas enchentes
acontecem mais de 20 vezes ao ano e me causam grande preocupação
porque a água muitas vezes está contaminada pelo esgoto", destacou.
Deputados destacam importância de participação
da comunidade
Autores do requerimento para a realização da
reunião, os deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente da comissão,
e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) destacaram a importância da realização
da audiência pública que permitiu à população conhecer o projeto e
apresentar sugestões. "Era muito importante ouvir a comunidade para
que o governo e a Copasa possam levar adiante esse projeto em favor
de nossa região", afirmou Dalmo Ribeiro Silva.
O deputado Carlos Mosconi também lembrou que a
visita do governador Aécio Neves durante as enchentes ocorridas no
início deste ano foi fundamental para dar início às obras. "Na
ocasião, ele constatou a necessidade de se resolver o problema",
considerou. Ele afirmou que é necessário colocar o projeto em
prática para acabar com as perdas sofridas pela população durante as
enchentes.
Já o deputado federal Bilac Pinto destacou que as
enchentes são um problema que aflige a população da região. "Foi
importante receber da Copasa os esclarecimentos e ouvir da
comunidade as opiniões para que possamos contribuir para a melhoria
do projeto", disse.
Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB),
presidente da comissão; e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB). Também
participaram da reunião em Itajubá o prefeito Benedito Pereira dos
Santos; o presidente da Câmara Municipal de Itajubá, vereador João
Vitor da Costa; o ex-prefeito de Itajubá, Francisco Marques; e a
prefeita de Piranguçu, Silvania Carvalho. Em Pouso Alegre, também
participaram o presidente da Câmara Municipal, Nelson Pereira Rosa;
e o vereador Walter Modesto.
|