Comissão quer investigar bactérias que invadem o São
Francisco
A Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos
sobre o Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Rio São Francisco
(Cipe São Francisco) pretende se rearticular neste fim de ano para
cumprir uma extensa programação de trabalhos em 2008. No próximo dia
6 de dezembro, haverá reunião em Aracaju (SE), na qual se espera que
os cinco Estados (Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Bahia e Minas
Gerais) que compõem a bacia já tenham definido suas bancadas para
participar da Comissão. A bancada mineira, já designada pelo
presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, deputado
Alberto Pinto Coelho (PP), decidiu iniciar uma investigação de
caráter técnico e ambiental sobre as cianobactérias que constituem a
nova ameaça de poluição surgida no rio São Francisco.
Estes foram os principais resultados da reunião
preparatória da Cipe São Francisco, realizada na tarde desta
quarta-feira (21/11/07), com a participação de cinco deputados
mineiros e do deputado sergipano Antônio Passos (DEM), o último
presidente da Cipe, que veio a Belo Horizonte para participar do
Ciclo de Debates "O Rio São Francisco e o Desenvolvimento
Sustentável do Semi-Árido".
Passos acredita que o tema da revitalização do São
Francisco seria capaz de unir os deputados dos cinco Estados da
bacia, depois da polarização ocorrida durante o debate da
transposição. O deputado Gil Pereira (PP) afirmou que é preciso
reorganizar a Cipe e agir com energia para conseguir o apoio dos
governadores na mobilização em favor da salvação do São Francisco,
sem enfoque político. Pereira lembrou que as divergências acerca do
projeto de transposição desmobilizaram a Cipe. Alagoas, Sergipe e
Bahia se posicionaram rigorosamente contra, Pernambuco se dividiu a
respeito dos benefícios da obra e dos prejuízos socioambientais e
Minas preferiu o discurso da revitalização precedendo qualquer nova
sangria no rio.
Transposição ainda é tema apaixonante
O tema da transposição, no entanto, dominou grande
parte da reunião. O parlamentar sergipano apresentou argumentos
contra o projeto e disse que o Nordeste tem água suficiente. "Já
tivemos uma seca em que o governo teve que contratar 16 mil
caminhões-pipa. Depois que Sergipe construiu 287 km de adutoras,
houve uma seca forte em que precisamos contratar apenas mil
caminhões", exemplificou. Passos informou ainda que o Departamento
Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) construiu 90 mil açudes em
quase cem anos, vinte deles de grande porte, e defendeu que as águas
do São Francisco irrigue terras em seu próprio vale, que são de
qualidade superior às do Ceará.
O deputado Paulo Guedes (PT), que foi diretor do
Dnocs, defendeu a transposição afirmando que só o Projeto Jaíba
consome 80 mil metros cúbicos por segundo, três vezes mais do que se
pretende desviar para o Nordeste. No entanto, disse que é capaz de
enfrentar até o Governo Federal, que é do seu partido, para combater
pela despoluição do rio. Guedes está alarmado com as bactérias azuis
que se proliferam no trecho navegável do São Francisco, prejudicando
o consumo humano em sua região. Acusou a Região Metropolitana de
Belo Horizonte, a Copasa e as indústrias ribeirinhas de
responsabilidade pelo fenômeno.
Em defesa da concessionária, o deputado Fábio
Avelar (PSC) disse que não há prova técnica de que a causa é esta.
Para ele, a seca prolongada e o sol que atravessa a superfície do
rio nas épocas em que está límpido podem favorecer esse tipo de alga
ou cianobactéria. Almir Paraca (PT) defendeu a revitalização,
aceitou parte das queixas contra o projeto de transposição e falou
sobre o conceito novo de convivência com o semi-árido, que é
defendido pelos ambientalistas.
Os deputados designados para recompor a Cipe são
Gil Pereira (PP), indicado como coordenador; Fábio Avelar (PSC),
Almir Paraca (PT), Ruy Muniz (DEM) e Antônio Carlos Arantes (PSC).
Os suplentes são Ana Maria Resende (PSDB), Doutor Viana (DEM), Paulo
Guedes (PT), Tiago Ulisses (PV) e Wander Borges (PSB).
Presenças - Deputado
Antônio Passos (DEM-SE), Gil Pereira (PP), Fábio Avelar (PSC), Almir
Paraca (PT), Paulo Guedes (PT) e Antônio Carlos Arantes (PSC).
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