Peritos e direção do Fórum Lafayette enfrentam impasse

O impasse entre os médicos peritos e a direção do Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, em função das condições precári...

21/11/2007 - 00:00
 

Peritos e direção do Fórum Lafayette enfrentam impasse

O impasse entre os médicos peritos e a direção do Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, em função das condições precárias da Central de Perícias Médicas foi verificado pelos deputados da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, que visitaram o local nesta quarta-feira (21/11/07) a pedido do deputado Doutor Rinaldo (PSB). Os peritos denunciam que o espaço é inadequado para os atendimentos ginecológicos e urológicos e que a central não possui inscrição no Conselho Regional de Medicina (CRM), além de não atender às exigências da Vigilância Sanitária. O juiz diretor do Foro da Capital, André Leite Praça, disse que reconhece que as reivindicações dos médicos são justas, mas que por enquanto não há como atendê-las. Ao final da visita, o autor do requerimento avaliou que é preciso que cada parte ceda um pouco para que se chegue a uma solução.

Segundo o diretor do fórum, a falta de espaço é comum no Judiciário. Vários juízes trabalham em salas sem janela, há revezamento de gabinetes e, em alguns setores, seis servidores dividem uma mesma mesa. Para o juiz, a solução pode vir com a transferência de algumas varas para outro prédio. Há a expectativa, segundo ele, de que se formalize um contrato entre o Tribunal de Justiça e o proprietário de um edifício na avenida Afonso Pena, para transferência de algumas varas, mas ainda não há nada certo. O juiz acrescentou que a central de perícias sempre funcionou no mesmo lugar e que, depois da realização do concurso público, em 2006, os novos servidores não aceitaram as condições de trabalho. Hoje, são 15 médicos trabalhando na perícia e há uma sala para exame clínico e uma para exame psiquiátrico, além de outras salas de apoio.

O juiz também informou que foi estabelecida escala de trabalho, mas que os peritos não seguem os horários determinados. "A produtividade do setor é muito baixa. Já propusemos ao desembargador a extinção do serviço", afirmou o juiz ao informar que cada médico trabalha quatro horas por dia e realiza duas perícias por semana. "Precisamos admitir que não temos capacidade técnica para administrar o atendimento médico", continuou. Por outro lado, os peritos afirmam que, desde a posse dos concursados, em junho de 2006, foram realizadas mais de 5 mil perícias e que o agendamento de novos atendimentos já está sendo feito para o mês de novembro de 2008, em razão da alta demanda.

Quanto às autuações da Vigilância Sanitária, o juiz informou que elas se referem ao uso de álcool inadequado - que já teria sido trocado -, e à inscrição no CRM. "Já entregamos todos os documentos ao diretor clínico eleito pelos próprios peritos, mas ele não fez a inscrição no conselho", explicou. Diante do impasse, o deputado Hely Tarqüínio (PV) sugeriu que o CRM fizesse o papel de mediador entre os envolvidos. O deputado Carlos Mosconi (PSDB) perguntou ao juiz se haveria independência suficiente dos peritos para emitirem seus laudos, trabalhando dentro do fórum. O juiz esclareceu que o fato de serem servidores dá a eles essa autonomia.

Peritos denunciam retaliações

Os peritos também denunciaram que, após terem ficado seis meses sem realizarem novas perícias, sofreram retaliações. Nesse período, eles não deixaram de comparecer ao fórum e finalizaram os laudos iniciados, mas não fizeram novos atendimentos. Os médicos afirmam estar respondendo por processos administrativos e dizem que receberam notas entre 48 e 50,3 (em um total de 100) nas avaliações de desempenho. "Não houve retaliação, houve conseqüência", afirmou o juiz, que disse discordar da forma como as reivindicações foram feitas.

O diretor administrativo do fórum, Marcos Marinho, também afirmou que sempre esteve atento às reivindicações dos médicos e que algumas modificações no espaço físico foram feitas com a anuência dos peritos. Os deputados, acompanhados por diretores do fórum e pelo presidente do CRM, Hermann Tiesenhausen, visitaram as dependências do fórum e da central de perícias para verificar o problema da carência de espaço. Tanto os deputados como o presidente do conselho defenderam o diálogo para a solução do problema.

Entendimento - O deputado Doutor Rinaldo defendeu a tolerância dos peritos até que seja possível a transferência do serviço para um local mais adequado e o arquivamento dos processos administrativos contra eles. Os deputados também querem agendar outra reunião com a direção do fórum, representantes dos peritos e do CRM para buscar o entendimento entre as partes a fim de garantir a permanência do serviço que atende a pessoas carentes. Os deputados Carlos Mosconi e Hely Tarqüínio também acreditam que o caminho é o diálogo e a restauração do ambiente de trabalho.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Hely Tarqüínio (PV), vice; e Doutor Rinaldo (PSB). Além dos citados da matéria, também acompanhou a visita o apoio da Corregedoria do Fórum Lafayette, Robson Fonseca Pinto.

 

 

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